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24/01/2006
-
19h50
da BBC Brasil, em Jerusalém
Muitos palestinos em Jerusalém Oriental dizem que não vão votar nas eleições parlamentares desta quarta feira. Muitos temem perder seus direitos como residentes da cidade, enquanto outros preferem se abster porque não confiam nos políticos palestinos.
Dos 105 mil eleitores palestinos em Jerusalém apenas 49 mil se registraram para votar.
Segundo o acordo entre Israel e a Autoridade Palestina, apenas 5 mil desses eleitores poderão votar dentro da cidade, enquanto a maioria terá que se deslocar para urnas nos vilarejos da periferia.
A votação dentro da zona municipal de Jerusalém será realizada em seis agências do correio israelense.
A questão da votação dos palestinos de Jerusalém Oriental quase provocou o cancelamento das eleições. O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, tinha ameaçado cancelar o pleito se o governo israelense não autorizasse a participação dos residentes da cidade.
Depois da ameaça e de pressão do governo americano, as autoridades israelenses acabaram concordando em permitir a votação segundo o modelo adotado nas eleições palestinas anteriores, possibilitando a participação de um número simbólico de eleitores.
Abstenção
Porém, segundo as previsões, nem mesmo esse número simbólico comparecerá às urnas.
Quando perguntados se vão votar, muitos palestinos nas ruas se esquivam, parte deles diz que não tem confiança em nenhum candidato, "pois todos são corruptos", e vários admitem que não vão votar pois têm medo de possíveis represálias por parte das autoridades israelenses.
Os palestinos de Jerusalém temem que a votação para o parlamento palestino seja interpretada como um sinal de "deslealdade" com Israel, de opção pela identidade palestina.
O motorista de táxi Mahmoud tem medo de perder sua fonte de sustento, pois dirige um carro de placa amarela, a placa israelense, que lhe permite circular livremente pelo país (os palestinos da Cisjordânia dirigem carros com placas brancas e verdes, que os diferenciam dos motoristas israelenses e restringem muito sua liberdade de movimento).
"Eu não faria nada que colocasse em risco o sustento da minha família", disse Mahmoud, "e tenho medo que, se os israelenses souberem que votei, minha ficha fique manchada".
Israel ocupou Jerusalém Oriental na guerra de 1967 e logo depois da ocupação anexou a cidade, impondo a lei israelense na parte ocupada.
Os moradores palestinos desta região receberam o status de residentes da cidade, com carteira de identidade israelense, porém sem a cidadania israelense.
'Privilegiados'
O status de residência confere aos palestinos de Jerusalém vários "privilégios" que os palestinos da Cisjordânia não têm, principalmente o direito de circular livremente no território israelense e de trabalhar.
Nessas circunstâncias a situação econômica dos palestinos de Jerusalém Oriental é bem melhor do que a situação daqueles que moram na Cisjordânia, onde o índice de desemprego é alto e existem muitas restrições à liberdade de movimento impostas pelas tropas israelenses.
O principal posto de votação em Jerusalém Oriental será na maior agência do correio, na rua Salah Adin, perto do portão de Damasco da cidade velha.
Um funcionário do correio disse à BBC Brasil que nesta agência estão registrados 3.550 eleitores. Mais 1,5 mil deverão votar em cinco agências menores.
A policia de Jerusalém está preparando um forte esquema de segurança para garantir a ordem durante a votação.
De acordo com o comandante da polícia israelense na cidade, Ilan Franco, existe o risco de que grupos palestinos que se opõem à realização das eleições, principalmente o Jihad Islâmico, tentem cometer atentados para sabotar a votação.
Cerca de 2 mil policiais israelenses serão posicionados nas proximidades dos postos de votação, que serão abertos às 7h e fecharão às 19h. Logo depois, as urnas de Jerusalém Oriental serão levadas para a Comissão Central Eleitoral da Autoridade Palestina, em Ramallah.
A agência do correio na rua Salah Adin fica ao lado da maior delegacia israelense em Jerusalém Oriental e o local está cheio de viaturas policiais e barreiras.
Um dos policiais no local disse que a polícia recebeu ordens de não entrar na agência do correio e não interferir nas eleições.
Segundo porta-vozes palestinos, a votação em Jerusalém tem uma grande importância simbólica.
Embora os números indiquem que a votação na cidade não deverá ter um impacto significativo nos resultados, para a Autoridade Palestina a implementação do direito de voto na cidade é uma questão de princípio.
Os palestinos reinvidicam a parte oriental de Jerusalém como a futura capital do Estado Palestino e rejeitam a posição de Israel, que define a cidade como sua capital "indivisível e eterna".
Especial
Leia cobertura completa sobre as eleições palestinas
Leia o que já foi publicado sobre as eleições palestinas
Eleição palestina em Jerusalém deve ter alta abstenção
GUILA FLINTda BBC Brasil, em Jerusalém
Muitos palestinos em Jerusalém Oriental dizem que não vão votar nas eleições parlamentares desta quarta feira. Muitos temem perder seus direitos como residentes da cidade, enquanto outros preferem se abster porque não confiam nos políticos palestinos.
Dos 105 mil eleitores palestinos em Jerusalém apenas 49 mil se registraram para votar.
Segundo o acordo entre Israel e a Autoridade Palestina, apenas 5 mil desses eleitores poderão votar dentro da cidade, enquanto a maioria terá que se deslocar para urnas nos vilarejos da periferia.
A votação dentro da zona municipal de Jerusalém será realizada em seis agências do correio israelense.
A questão da votação dos palestinos de Jerusalém Oriental quase provocou o cancelamento das eleições. O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, tinha ameaçado cancelar o pleito se o governo israelense não autorizasse a participação dos residentes da cidade.
Depois da ameaça e de pressão do governo americano, as autoridades israelenses acabaram concordando em permitir a votação segundo o modelo adotado nas eleições palestinas anteriores, possibilitando a participação de um número simbólico de eleitores.
Abstenção
Porém, segundo as previsões, nem mesmo esse número simbólico comparecerá às urnas.
Quando perguntados se vão votar, muitos palestinos nas ruas se esquivam, parte deles diz que não tem confiança em nenhum candidato, "pois todos são corruptos", e vários admitem que não vão votar pois têm medo de possíveis represálias por parte das autoridades israelenses.
Os palestinos de Jerusalém temem que a votação para o parlamento palestino seja interpretada como um sinal de "deslealdade" com Israel, de opção pela identidade palestina.
O motorista de táxi Mahmoud tem medo de perder sua fonte de sustento, pois dirige um carro de placa amarela, a placa israelense, que lhe permite circular livremente pelo país (os palestinos da Cisjordânia dirigem carros com placas brancas e verdes, que os diferenciam dos motoristas israelenses e restringem muito sua liberdade de movimento).
"Eu não faria nada que colocasse em risco o sustento da minha família", disse Mahmoud, "e tenho medo que, se os israelenses souberem que votei, minha ficha fique manchada".
Israel ocupou Jerusalém Oriental na guerra de 1967 e logo depois da ocupação anexou a cidade, impondo a lei israelense na parte ocupada.
Os moradores palestinos desta região receberam o status de residentes da cidade, com carteira de identidade israelense, porém sem a cidadania israelense.
'Privilegiados'
O status de residência confere aos palestinos de Jerusalém vários "privilégios" que os palestinos da Cisjordânia não têm, principalmente o direito de circular livremente no território israelense e de trabalhar.
Nessas circunstâncias a situação econômica dos palestinos de Jerusalém Oriental é bem melhor do que a situação daqueles que moram na Cisjordânia, onde o índice de desemprego é alto e existem muitas restrições à liberdade de movimento impostas pelas tropas israelenses.
O principal posto de votação em Jerusalém Oriental será na maior agência do correio, na rua Salah Adin, perto do portão de Damasco da cidade velha.
Um funcionário do correio disse à BBC Brasil que nesta agência estão registrados 3.550 eleitores. Mais 1,5 mil deverão votar em cinco agências menores.
A policia de Jerusalém está preparando um forte esquema de segurança para garantir a ordem durante a votação.
De acordo com o comandante da polícia israelense na cidade, Ilan Franco, existe o risco de que grupos palestinos que se opõem à realização das eleições, principalmente o Jihad Islâmico, tentem cometer atentados para sabotar a votação.
Cerca de 2 mil policiais israelenses serão posicionados nas proximidades dos postos de votação, que serão abertos às 7h e fecharão às 19h. Logo depois, as urnas de Jerusalém Oriental serão levadas para a Comissão Central Eleitoral da Autoridade Palestina, em Ramallah.
A agência do correio na rua Salah Adin fica ao lado da maior delegacia israelense em Jerusalém Oriental e o local está cheio de viaturas policiais e barreiras.
Um dos policiais no local disse que a polícia recebeu ordens de não entrar na agência do correio e não interferir nas eleições.
Segundo porta-vozes palestinos, a votação em Jerusalém tem uma grande importância simbólica.
Embora os números indiquem que a votação na cidade não deverá ter um impacto significativo nos resultados, para a Autoridade Palestina a implementação do direito de voto na cidade é uma questão de princípio.
Os palestinos reinvidicam a parte oriental de Jerusalém como a futura capital do Estado Palestino e rejeitam a posição de Israel, que define a cidade como sua capital "indivisível e eterna".
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