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24/01/2006 - 23h02

Secretário da OEA diz que Haiti está pronto para eleições

DENIZE BACOCCINA
da BBC Brasil, em Washington

O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, diz que está tudo pronto para as eleições no Haiti no dia 7 de fevereiro. Esta já é a quinta data para o primeiro turno da eleição presidencial, depois de quatro adiamentos desde novembro do ano passado.

“Não existe nenhuma razão técnica para justificar o adiamento da eleição”, afirmou. Ele reconhece que a violência ainda é um problema grave em algumas partes da capital, Porto Príncipe, mas acredita que as forças da ONU serão capazes de controlá-la e os haitianos conseguirão ter segurança para ir às urnas escolher o novo presidente.

A OEA está organizando o processo eleitoral, que começou com o registro de 3,5 milhões de eleitores. “Foi um grande êxito”, avalia.

No dia da eleição, a OEA vai supervisionar o processo de votação e coordenar a apuração dos votos, e planeja divulgar o resultado no mesmo dia. Mas o secretário-geral da organização prevê que este é apenas o início de um processo e que o Haiti ainda vai continuar precisando do apoio da comunidade internacional para. “O novo governo vai ter enfrentar, como o atual, grandes problemas do ponto de vista econômico, social, segurança etc”, diz Insulza.

Leia a seguir os principais trechos da entrevista de Insulza.

BBC Brasil - Está mesmo certo que as eleições vão acontecer no dia 7 de fevereiro?

Jose Miguel Insulza - Não existe nenhuma razão técnica que possa justificar o adiamento da eleição. Estão prontos os locais de votação, as cédulas, as candidaturas inscritas, as 3,5 milhões de pessoas inscritas. 80% já retiraram os documentos eleitorais e os outros podem votar com o comprovante de inscrição e retirar a carteira depois. Não existe nenhuma razão técnica para que não haja eleição no dia 7 de fevereiro.

BBC Brasil - Mas a violência continua, principalmente na capital, Porto Príncipe.

Insulza - A violência continua em alguns lugares de Porto Príncipe. Uma violência muito concentrada, e nós esperamos que as forças das Nações Unidas terão condições de controlá-la o tempo todo e especialmente no dia da eleição. Estamos seguros de que não há uma possibilidade de que o foco de violência se espalhe para outros lugares do país. Pelo contrário, achamos que pode ser controlado no dia da eleição.

BBC Brasil - Hoje o jornal The Washington Post diz que os Estados Unidos negaram cinco helicópteros que teriam sido solicitados para transportar as cédulas eleitorais no dia da eleição. Existe uma colaboração menor do que se esperava por parte dos Estados Unidos?

Insulza - Não, acho que sobre a questão dos helicópteros, que se falava de dez, não de cinco, tem que ser feita uma avaliação política. Acho que eles temiam que o transporte de todas as cédulas eleitorais através de helicópteros americanos poderia significar - assim como vem a acusação de que não colaboraram - a acusação de que houve uma intromissão. Eu espero que este problema seja solucionado, seria bom se fosse solucionado para o dia da eleição, mas creio que haverá uma consideração numa via política, conjuntural, para (o governo americano) não parecer tão envolvido no processo eleitoral. Não acho que seja negar cooperação, que os Estados Unidos deram bastante, mas uma avaliação política.

BBC Brasil - Na sua avaliação, há condições para que se realizeme leições democráticas e que o vencedor possa realmente governar de maneira democrática?

Insulza - Eu creio que há condições, primeiro porque há muito gente entusiasmada, muitos candidatos, muita mobilização, muita vontade. Mas quem for eleito vai ter uma quantidade enorme de problemas. O novo governo vai ter enfrentar, como o atual, grandes problemas do ponto de vista econômico, social, segurança etc. E eu acho que deveria continuar contando com apoio internacional.

BBC Brasil - Isso quer dizer que as forças precisam ficar no país talvez por alguns anos?

Insulza - Elas ficam até o fim deste mandato e espero que fiquem depois, mas esta é uma decisão que tem ser tomada primeiro pelo novo governo democrático do Haiti, depois da ONU e depois pelos governos que fornecem as forças.
 

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