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17/02/2006 - 14h08

Análise: Destino de Aristide é desafio-chave para Préval no Haiti

NICK CAISTOR
da BBC Brasil

Com a confirmação de sua vitória nas eleições presidenciais do Haiti, René Préval tem pela frente sérios desafios. Um dos maiores será decidir o que fazer com seu antecessor e ex-aliado, Jean-Bertrand Aristide.

Derrubado de forma polêmica há dois anos, Aristide pediu um boicote para as últimas eleições, mas isso parece ter tido pouco efeito, já que os eleitores compareceram em número recorde.

Porém muitos dos eleitores parecem ter apoiado Préval porque o vêem como um seguidor fiel de Aristide.

Préval foi primeiro-ministro durante os primeiros meses da primeira Presidência de Aristide, em 1991. Quando Préval o sucedeu, em 1996, muitos haitianos viam seu governo como a continuação do governo de Aristide.

Na campanha eleitoral desta vez, Préval criou seu próprio movimento, L’Espwa (Esperança, no idioma crioulo), separado do movimento Lavalas de Aristide. Mas ele agora sofre uma grande pressão para permitir a volta de Aristide de seu exílio na África do Sul.

O novo líder haitiano, porém, não deve ter pressa para fazer isso.

A presença de Aristide no Haiti tornaria difícil para ele governar efetivamente: o ex-presidente é uma figura que divide os haitianos, e o que seu sucessor mais precisa neste momento é uma chance de curar as feridas que tornaram quase impossível nos últimos anos o progresso político e econômico neste que é o país mais pobre do hemisfério ocidental.

Para ter sucesso, Préval precisa o apoio e a bênção de seu antecessor, mas não sua interferência.

Oposição

Para evitar sofrer com os mesmos problemas que levaram à derrubada de Aristide, em 2004, Préval terá que garantir que a oposição aceite sua vitória e não boicote a vida política do Haiti, como vinha fazendo desde 2001. Os boicotes levaram à paralisia política que terminou em violência e na deposição de Aristide.

Além de estabelecer um diálogo com a oposição fragmentada, o presidente-eleito precisa também garantir que uma atmosfera de calma e segurança retorne ao país. Para isso ele precisará do apoio do efetivo de 9,5 mil homens das forças de paz das Nações Unidas e da polícia.

O fato de que a missão da ONU acaba de ganhar mais seis meses de mandato no Haiti deveria dar a ele um espaço de manobra, apesar de que isso provavelmente não será suficiente para restaurar a fé na força policial do Haiti, que se provou incapaz de lidar com a crescente violência há dois anos, é mal equipada e mal treinada e muito escassa em algumas áreas.

Ao mesmo tempo, o presidente-eleito deverá tentar convencer a comunidade internacional, e principalmente os Estados Unidos, de que é o líder legitimamente eleito do Haiti e que, como tal, merece seu apoio.

Agências internacionais de financiamento suspenderam sua cooperação com o presidente Aristide após as eleições contestadas de 2001, mas o Haiti precisa desesperadamente da ajuda de instituições como o FMI, o Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento.

O país também precisa que os mais de US$ 1 bilhão prometidos por doadores internacionais sejam prontamente liberados para que Préval consiga cumprir sua promessa de restaurar a cambaleante economia haitiana, incrementar as exportações e criar novos postos de trabalho.

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