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17/02/2006 - 16h36

Entidade alerta para o isolamento da cidade de Belém

GUILA FLINT
da BBC Brasil, em Belém

A cidade de Belém, na Cisjordânia, berço do Cristianismo e patrimônio da humanidade, está morrendo. Essa é a opinião da entidade "Open Bethlehem", que alerta para os efeitos da construção por Israel de uma barreira em torno da cidade.

"É preciso que a comunidade internacional saiba que corre o risco de perder Belém, pois a cidade está morrendo", disse a diretora da "Open Bethlehem", Carol Dabdoub, à BBC Brasil.

O projeto da ONG é romper o isolamento de Belém, que está sendo cercada pela barreira israelense na Cisjordânia.

A parte norte da cidade já está completamente fechada por um muro de concreto de 8 metros de altura, que faz parte do chamado "envelope de Jerusalém".

De acordo com as autoridades israelenses, o objetivo da barreira é impedir que militantes palestinos entrem no país e cometam atentados. A construção foi decidida depois que centenas de civis israelenses foram vítimas de ataques suicidas nos últimos cinco anos.

Quem vai de Jerusalém em direção a Belém já não consegue mais ver a cidade onde, segundo a crença cristã, nasceu Jesus Cristo. A paisagem urbana está totalmente obstruída por uma muralha cinzenta.

Para entrar na cidade deve-se passar por um ponto de checagem israelense, instalado em um dos portões do muro.

De acordo com Dabdoub, o nome da ONG em inglês tem um duplo significado: tanto "Abram Belém" como "Belém aberta".

"'Belem aberta' para lembrar o mundo de que esta cidade sempre recebeu bem todas as pessoas, respeitou a diversidade e a inclusão de todos. E 'Abram Belém' significa um chamado à comunidade internacional, para que não se esqueça de sua responsabilidade para com a cidade, de mantê-la aberta."

Passaporte

A organização lançou um passaporte de Belém, simbolizando a cidadania honorária que será outorgada às pessoas que contribuírem para romper o isolamento da cidade.

O primeiro passaporte foi entregue pelo presidente palestino, Mahmoud Abbas, ao papa Bento 16, em sua visita ao Vaticano, em dezembro do ano passado.

De acordo com Carol Dabdoub, a situação politica na região está levando muitos habitantes de Belém a deixar a Cisjordânia, a economia está "estrangulada", e grande parte das terras do distrito ficou inacessível à população em decorrência da construção da barreira israelense.

"Desde o início da Intifada, mais de 400 famílias, a maioria cristãs, abandonaram a cidade e foram morar no exterior", disse Dabdoub. "Oitenta por cento das empresas ligadas ao turismo (principal fonte de renda da cidade) pararam de funcionar, inclusive hotéis, restaurantes, lojas de souvenires e guias turísticos."

Dabdoub afirmou que as tradições culturais e históricas de Belém também estão sendo afetadas.

"Belém está se transformando em um gueto, a principal preocupação da população é com a sobrevivência imediata. A prioridade é comida, e esta realidade tem um impacto desastroso sobre a rica herança cultural da cidade", disse ela.

Diferentemente de varios cristãos em Belém, Carol Dabdoub, que é de familia cristã mas se define como laica, não manifestou preocupação quanto à vitória do Hamas nas eleições palestinas.

"Creio que, pelo menos por enquanto, a sharia (lei islâmica) não será a primeira prioridade do governo do Hamas", disse ela.

"Aqui em Belém os representantes do Hamas no Conselho Municipal não têm demonstrado uma atitude agressiva em relacao à minoria cristã, pelo contrário, a retorica deles é inclusiva."

De acordo com Dabdoub, cerca de 30% dos 160 mil habitantes do distrito de Belém são cristãos. O distrito inclui as cidades de Belém, Beit Sahour e Beit Jala e dezenas de vilarejos e aldeias na área rural.
 

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