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09/03/2006 - 02h05

Em Londres, Lula diz que "não brinca com a economia"

CLAUDIA SILVA JACOBS E CAROLINA GLYCERIO
da BBC Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira em Londres que "o atual governo não brinca com a economia, não existe mágica".

A declaração fez parte do seu discurso no encerramento do Seminário de Economia e Relações Comerciais entre Brasil e Grã-Bretanha.

Falando para mais de cem empresários, Lula tentou transmitir a idéia de que investir no Brasil é seguro e que as eleições não devem mudar a política econômica.

Veja imagens da viagem de Lula a Londres

"Em um ano de eleições como este, é a sociedade brasileira que exige um crescimento sustentável."

Palocci

"O Brasil e os empresários agem hoje com um comportamento de seriedade", disse.

Em seguida, o presidente enumerou o que considera conquistas do seu governo.

"Nós estamos no novo ciclo de desenvolvimento econômico e social. Este processo veio para ficar. Registramos a menor inflação dos últimos oito anos, recuperamos reservas internacionais, registramos o menor risco-país da história, coroando com o pagamento da dívida com o FMI."

Mais cedo, o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, havia afirmado que 2006 será "com certeza, um ano de forte crescimento econômico".

"Os indicadores macroeconômicos continuam evoluindo para o bem, ou seja, as taxas de risco caindo, o perfil da nossa dívida externa nunca esteve tão positivo", afirmou o ministro.

"Certamente nós vamos ter um ano de forte crescimento em 2006 e nos próximos. O que nós queremos justamente é que este não seja um ano de crescimento, nós queremos que seja o fortalecimento de um ciclo longo de crescimento para o Brasil, onde a inflação permaneça sob controle, as contas externas continuem fortes e nós possamos crescer muitos anos."

Ainda nesta quarta-feira, o Ipea (Instituo de Pesquisa Econômica Aplicada do Ministério do Planejamento) anunciou uma previsão de 3,4% para o crescimento da economia neste ano.

O número é superior aos 2,3% de 2005, mas bem abaixo dos 4,9% de 2004.

Banquete

A programação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva terminou por volta de 23h15 da noite (20h15 em Brasília), depois de um banquete oferecido pela Guildhall, a sede da City, coraçao financeiro de Londres.

Em uma cerimônia para 700 convidados, entre empresários, políticos, diplomatas e membros da realeza, o Lord Mayor, David Brewer, uma espécie de prefeito da City, fez um discurso elogiando a “política monetária sólida” do governo Lula e destacando as possibilidades de negócios entre Brasil e Grã-Bretanha.

“O compromisso do Brasil de manter uma estrutura macroeconômica, recentemente destacada pelo pagamento antecipado do restante da dívida com o Fundo Monetário Internacional (FMI) demonstra a importância do crescimento e do investimento para a estabilidade econômica.”

Lula retribuiu os elogios no discurso que fez em seguida, agradecendo ao país pelo “carinho” com que ele, a primeira-dama, Dona Marisa, e a delegação brasileira foram recebidos e dizendo que o Brasil tinha muito a aprender com a Grã-Bretanha.

“Quem ainda não conhece por que durante tantos e tantos séculos o Reino Unido não perdeu importância é só vir aqui passar dois dias e meio em Londres, como eu estou passando, para se convencer de que a força da Grã-Bretanha no mundo, política e econômica não é uma coisa recente, é uma tradição cultuada por milhares e milhares de seres humanos”, disse Lula, que foi muito aplaudido pelos presentes ao final do discurso.

Novos pronunciamentos, mais descontraídos, foram feitos depois do jantar, em que foram servidos pato defumado e veado como pratos principais.

Depois de piadas sobre o seu parco português e com o exílio do ministro Gilberto Gil nos anos 70, o Lord Mayor disse que a City poderia oferecer a sua experiência financeira em parcerias entre as iniciativas pública e privada (PPP, na sigla em inglês), especialmente em obras de infra-estrutura.

“Muitas, senão a maioria, das decisões relativas ao financiamento de importantes projetos internacionais de infra-estrutura são tomados em escritórios da City. Afinal, a melhora do saneamento, das estradas e escolas, juntamente com sua criativa Bolsa Família, irão ajudá-lo a dar aquele ‘salto na qualidade de vida’ que o sr. presidente tanto almeja”.

O presidente riu várias vezes durante o discurso do anfitrião, inclusive quando ele brincou com a expectativa sobre o anúncio da sua candidatura à reeleição.

“Todos os repórteres e correspondentes brasileiros presentes nesta sala estão esperando que Sua Excelência anuncie esta noite se vai candidatar-se ou não a um segundo mandato. Felizmente, este é um problema que o Lord Mayor não tem.”

“O Brasil decidiu definitivamente deixar de ser um país grande com pensamento pequeno para ser um país grande com pensamento grande”, afirmou Lula.
“Ao embarcar amanhã para o Brasil, sairei sabendo um pouco mais do mundo e sairei convencido que o Brasil tem muito a aprender com os britânicos.”

Não faltaram também piadas sobre futebol. “Saio daqui convencido de que Brasil e Reino Unido serão muito mais parceiros do que foram em qualquer outro momento da sua história. Mas saio daqui também convencido de que se Brasil e Inglaterra se enfrentarem no final da Copa do Mundo, nem brasileiros nem britânicos vão ficar nervosos com o resultado. Que ganhe o melhor”, disse Lula, de improviso, arrancando aplausos da platéia.

Depois do discurso, Lula pediu para quebrar o protocolo ao Lord Mayor, sentado ao seu lado, e, diante da permissão, convidou todos a um brinde.

“Eu preciso pedir desculpas a todos vocês, mas hoje é um dia tão especial que eu não poderia terminar de falar sem propor um brinde a todas as mulheres do mundo porque hoje é o Dia Internacional da Mulher e todos nós devemos alguma coisa às mulheres do mundo.”

Depois dos pronunciamentos, o Lord Mayor convidou os presentes para tomar café brasileiro na Biblioteca. O presidente e a primeira-dama deixaram o centro financeiro de Londres para passar a última noite no Palácio de Buckingham.
 

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