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20/03/2006 - 11h18

Hamas sem coalizão facilita retórica israelense

ALAN JOHNSTON
da BBC Brasil, em Gaza

O fracasso dos esforços do grupo radical islâmico Hamas para formar uma coalizão ampla deve tornar sua tarefa à frente do governo palestino ainda mais complicada e facilitar a atitude de Israel de classificar o novo governo como “terrorista”.

Após a recusa das demais facções palestinas em participar de uma coalizão, o Hamas deve formar sozinho o próximo governo palestino – e sofrer pressões de forças poderosas internas e externas.

A recusa do partido de reconhecer Israel está no centro de seu isolamento.

O Hamas argumenta que reconhecer Israel seria legitimar a ocupação no território palestino. E o Hamas não considera como território ocupado apenas a Cisjordânia, a faixa de Gaza e Jerusalém Oriental, mas todo o território de Israel.

Essa foi a questão central que levou o partido Fatah a dizer que seria impossível participar do novo governo.

O Fatah dominou a política palestina por décadas até ser derrotado pelo Hamas nas eleições parlamentares de janeiro.

Obstrução

Com o Fatah na oposição, o grupo deve fazer de tudo para obstruir o novo governo. Alguns membros do Fatah mal conseguem disfarçar seu desejo de ver o projeto do Hamas fracassar, o que abriria o caminho para o retorno do grupo ao poder.

Uma coalizão ampla também daria ao novo governo uma imagem mais moderada. As relações com americanos e europeus – que consideram o Hamas uma organização terrorista – poderiam ser um pouco mais fácil.

Eles ameaçaram cortar os fluxos importantes de ajuda financeira para um governo liderado pelo Hamas, a menos que o partido modere sua atitude em relação a Israel.

Os líderes do Hamas dizem confiar que qualquer corte de ajuda do Ocidente será compensado com contribuições dos mundos árabe e islâmico. Mas muitos palestinos somente acreditarão nisso quando o dinheiro começar a chegar.

"Administração terrorista"

O fato de o Hamas assumir o poder sozinho tornará ainda mais fácil para Israel descrever o novo governo como uma administração terrorista.

Os israelenses estão alarmados com a ameaça representada pelo crescimento do Hamas. Seus homens-bomba já atacaram diversas vezes em Israel.

O Hamas vem respeitando um cessar-fogo por mais de um ano, apesar das freqüentes provocações do Exército israelense, e é pouco provável que retome a ofensiva agora.

Mas as declarações de seus líderes ainda mantêm o tom radical e deixam claro que o grupo ainda deseja a destruição de Israel como objetivo final, talvez daqui a algumas gerações.

Israel reclama da “ausência de um parceiro para a paz”, o que pode trazer vantagens para a sua própria posição.

O projeto do partido Kadima, favorito nas eleições israelenses do próximo dia 28, é estabelecer as fronteiras definitivas do país. O esquema envolve a consolidação da presença israelense em grandes porções da Cisjordânia e em Jerusalém Oriental.

Os palestinos reclamam de que quase todas as exigências do Ocidente por moderação são dirigidas a eles, enquanto as ações israelenses que podem ser extremamente prejudiciais a qualquer perspectiva de paz quase sempre passam em branco.

Mas se houver, eventualmente, alguma objeção aos planos de Israel para a Cisjordânia, os israelenses argumentarão que sua imposição de uma “solução unilateral” é razoável.

Eles dirão que não se pode esperar que eles negociem acordos com o “regime pária” do Hamas.

 

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