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20/03/2006 - 20h07

Bush pede que iraquianos formem governo de união

DENIZE BACOCCINA
da BBC Brasil, em Washington

O presidente americano, George W. Bush, disse em discurso nesta segunda-feira que os iraquianos precisam deixar as diferenças de lado e "se unir para formar um governo de unidade que leve confiança à população".

O novo governo, eleito em dezembro, deveria ter assumido em primeiro de janeiro, mas os líderes ainda não chegaram a um acordo sobre como acomodar os interesses dos xiitas, que conseguiram maioria, com o das minorias sunitas e curdos.

Bush disse que a violência entre as facções religiosas, que aumentou nas últimas semanas depois do ataque à mesquita xiita de Samarra, não é aleatória, mas uma tentativa dos insurgentes de provocar uma guerra civil.

"Os inimigos de um Iraque livre atacaram a mesquita dourada por uma razão: eles sabem que não tem a força militar para desafiar forças iraquianas e da coalizão no campo de batalha, então estão tentando provocar uma guerra civil", afirmou Bush num discurso no The City Club, em Cleveland, no Estado de Ohio.

"Ao atacar um dos locais mais sagrados para os muçulmanos xiitas eles tinham esperança de incitar violência que separaria os iraquianos e pararia o progresso deles em relação a uma sociedade livre", afirmou.

Terceiro ano

O discurso marca o terceiro ano da invasão americana é o segundo de uma série de pronunciamentos para tentar convencer os americanos de que o governo está avançando no Iraque, num momento em que as pesquisas mostram que os americanos estão cada vez mais céticos.

Uma pesquisa do jornal The Washington Post e da rede de TV ABC News divulgada há duas semanas mostra que um número recorde de 65% diz que o governo não tem um plano claro para resolver o conflito e 57% disseram que a guerra não valeu a pena.

O presidente citou as pesquisas tentou se concentrar nos avanços das tropas americanas contra os insurgentes. "A decisão de remover Saddam Hussein foi uma decisão correta", afirmou Bush.

Como exemplo de que depois da dificuldade inicial os americanos estão avançando, ele citou a cidade de Tal Afar, no norte do Iraque, que segundo ele foi liberada do controle da Al-Qaeda.

Bush enumerou vários atos de violência na cidade e contou a história de um jovem que foi seqüestrado no hospital, teve o corpo coberto com explosivos jogado na beira da estrada - mas disse que a situação melhorou desde que uma operação conjunta de tropas iraquianas e americanas expulsou os insurgentes da cidade em 2005.

Bush evitou entrar de forma direta na polêmica sobre se a situação atual se configura ou não uma guerra civil. O ex-primeiro ministro interino iraquiano Iyad Allawi, disse no domingo à BBC que o país já vive uma guerra civil, e o vice-presidente americano Dick Cheney disse que esta avaliação é exagerada.

Bush encerrou o discurso reafirmando a posição oficial do governo, de que não existe uma data para a retirada das tropas americanas e que os Estados Unidos "não vão abandonar o Iraque" e deixar aquele país para os "terroristas que atacaram os Estados Unidos e querem nos atacar de novo".

"Nós vamos deixar o Iraque, mas quando isso acontecer vai ser numa posição de força, não de fraqueza", afirmou o presidente. "Os americanos nunca recuaram diante de bandidos e assassinos e não vamos começar agora."

Atualmente, 133 mil tropas americanas estão no Iraque.

Bush leu um discurso de 33 minutos e depois respondeu a perguntas da platéia por cerca de uma hora.

As perguntas, sobre assuntos que vão da influência da religião no governo à preocupação sobre os custos da universidade, mostram que os americanos estão mais preocupados com assuntos do dia-a-dia do que com a possibilidade de uma guerra civil no Iraque. Embora as pesquisas mostrem que 80% acreditam na probabilidade de uma guerra civil no país.
 

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