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22/03/2006
-
20h22
da BBC Brasil, em Tel Aviv
Os partidos que representam a minoria árabe em Israel participarão divididos das eleições do próximo dia 28, o que pode prejudicá-los nas urnas.
Segundo analistas, a ausência de uma coalizão reunindo as três legendas pode levá-los a deixar de ganhar pelo menos duas cadeiras no Parlamento.
Os partidos Ra'am (Lista Árabe Unida), Balad (União Nacional Democrática) e Hadash (Frente Democrática para a Paz e a Igualdade) dizem esperar obter quatro cadeiras cada (os três somam hoje oito parlamentares).
Porém pesquisas indicam que os três partidos juntos não deverão ganhar mais do que oito cadeiras, pelo menos duas a menos do que conseguiriam se concorressem numa coalizão única.
Representantes dos partidos ouvidos pela BBC Brasil dizem que a divisão reflete as divergências de opiniões entre a comunidade árabe-israelense, que representa cerca de 20% da população do país.
De acordo com um dos líderes do partido Balad, Jamal Zahalka, o obstáculo principal à união entre as legendas árabes foi a objeção do Partido Comunista (ou Hadash) à parceria com o movimento islâmico.
"Nós, do Balad, queríamos unir todos os partidos que representam os cidadãos rabes, mas os comunistas não quiseram se unir com os islamistas", disse Zahalka à BBC Brasil.
O Balad é um partido nacionalista secular, que defende uma plena igualdade de direitos para os cidadãos árabes israelenses e quer que Israel se transforme em um "Estado para todos os seus cidadãos".
Já o Ra'am é uma união entre dois partidos nacionalistas e o movimento islâmico, enquanto o Hadash é o nome adotado pelo Partido Comunista israelense, que se define como um partido árabe-judeu.
Opções
O porta-voz do Hadash, Barhum Jeraissi, afirma que "dar aos eleitores uma variedade de opções faz parte da democracia".
Segundo ele, uma união "artificial" entre partidos "tão divergentes" poderia afugentar os eleitores. "Os comunistas não gostariam de votar em um partido onde há fundamentalistas, e vice-versa."
Apesar de se definir como um partido árabe-judeu, a grande maioria dos eleitores do Hadash vem do publico árabe.
O partido defende a retirada de Israel de todos os territórios ocupados na guerra de 1967 e a fundação de um Estado Palestino ao lado de Israel, com a capital em Jerusalém Oriental.
"Não somos um partido árabe, o Partido Comunista nunca se definiu de acordo com origens nacionais. Queremos um futuro em comum para os dois povos", disse Jeraissi.
Um dos líderes do Ra'am, Ahmed Tibi, critica a divisão entre as legendas árabes e também atribui a responsabilidade ao Partido Comunista.
"Nossa legenda é uma união de nacionalistas seculares e islamistas, e isso demonstra que a união é possível", disse Tibi.
"Exigimos que Israel devolva todas as propriedades pertencentes ao Waqf (autoridades islâmicas) que confiscou. Nós, que somos nacionalistas seculares, fazemos essa exigência por razões nacionais, e nossos parceiros, do movimento islâmico, o fazem por razões religiosas", afirmou Tibi.
Governo
As três legendas consideram impossível sua participação em uma coalizão que venha a formar o governo de Israel.
"De maneira nenhuma!", exclamou o porta-voz do Partido Comunista, quando questionado se existe alguma possibilidade de que o partido entre em um governo de coalizão com o Kadima, fundado por Ariel Sharon e que está liderando as pesquisas em Israel.
"Como podemos entrar em uma coalizão de um governo de guerra?" perguntou Barhum Jeraissi.
"Tudo indica que o próximo governo de Israel vai continuar a política do governo anterior, de guerra não só contra o povo palestino, mas também contra o próprio povo israelense, contra o qual vai continuar exercendo uma política econômica de exploração."
Jamal Zahalka, do Balad, afirmou que a liderança de Israel não os convidariam para participar de uma coalizão pois é "racista" e os considera "cidadãos de segunda classe".
"Mesmo se fôssemos convidados, rejeitaríamos o convite, pois não podemos fazer parte de um governo que vai continuar a construir o muro e os assentamentos nos territórios ocupados e vai continuar discriminando os cidadãos árabes de Israel."
Ahmed Tibi, do nacionalista e islâmico Ra'am, também menciona a construção da barreira de Israel na Cisjordânia e a expansão dos assentamentos como obstáculos à participação de seu partido em uma coalizão governamental.
"Os principios do próximo governo de Israel serão muito distantes dos nossos. Como podemos entrar em uma coalizão que vai fortalecer os assentamentos e continuar a construção do muro?"
Atualmente, o Ra'am possui três representantes no Parlamento israelense, o mesmo número do Balad. Já o Hadash conta com apenas dois parlamentares.
Árabes de Israel disputam eleições divididos
GUILA FLINTda BBC Brasil, em Tel Aviv
Os partidos que representam a minoria árabe em Israel participarão divididos das eleições do próximo dia 28, o que pode prejudicá-los nas urnas.
Segundo analistas, a ausência de uma coalizão reunindo as três legendas pode levá-los a deixar de ganhar pelo menos duas cadeiras no Parlamento.
Os partidos Ra'am (Lista Árabe Unida), Balad (União Nacional Democrática) e Hadash (Frente Democrática para a Paz e a Igualdade) dizem esperar obter quatro cadeiras cada (os três somam hoje oito parlamentares).
Porém pesquisas indicam que os três partidos juntos não deverão ganhar mais do que oito cadeiras, pelo menos duas a menos do que conseguiriam se concorressem numa coalizão única.
Representantes dos partidos ouvidos pela BBC Brasil dizem que a divisão reflete as divergências de opiniões entre a comunidade árabe-israelense, que representa cerca de 20% da população do país.
De acordo com um dos líderes do partido Balad, Jamal Zahalka, o obstáculo principal à união entre as legendas árabes foi a objeção do Partido Comunista (ou Hadash) à parceria com o movimento islâmico.
"Nós, do Balad, queríamos unir todos os partidos que representam os cidadãos rabes, mas os comunistas não quiseram se unir com os islamistas", disse Zahalka à BBC Brasil.
O Balad é um partido nacionalista secular, que defende uma plena igualdade de direitos para os cidadãos árabes israelenses e quer que Israel se transforme em um "Estado para todos os seus cidadãos".
Já o Ra'am é uma união entre dois partidos nacionalistas e o movimento islâmico, enquanto o Hadash é o nome adotado pelo Partido Comunista israelense, que se define como um partido árabe-judeu.
Opções
O porta-voz do Hadash, Barhum Jeraissi, afirma que "dar aos eleitores uma variedade de opções faz parte da democracia".
Segundo ele, uma união "artificial" entre partidos "tão divergentes" poderia afugentar os eleitores. "Os comunistas não gostariam de votar em um partido onde há fundamentalistas, e vice-versa."
Apesar de se definir como um partido árabe-judeu, a grande maioria dos eleitores do Hadash vem do publico árabe.
O partido defende a retirada de Israel de todos os territórios ocupados na guerra de 1967 e a fundação de um Estado Palestino ao lado de Israel, com a capital em Jerusalém Oriental.
"Não somos um partido árabe, o Partido Comunista nunca se definiu de acordo com origens nacionais. Queremos um futuro em comum para os dois povos", disse Jeraissi.
Um dos líderes do Ra'am, Ahmed Tibi, critica a divisão entre as legendas árabes e também atribui a responsabilidade ao Partido Comunista.
"Nossa legenda é uma união de nacionalistas seculares e islamistas, e isso demonstra que a união é possível", disse Tibi.
"Exigimos que Israel devolva todas as propriedades pertencentes ao Waqf (autoridades islâmicas) que confiscou. Nós, que somos nacionalistas seculares, fazemos essa exigência por razões nacionais, e nossos parceiros, do movimento islâmico, o fazem por razões religiosas", afirmou Tibi.
Governo
As três legendas consideram impossível sua participação em uma coalizão que venha a formar o governo de Israel.
"De maneira nenhuma!", exclamou o porta-voz do Partido Comunista, quando questionado se existe alguma possibilidade de que o partido entre em um governo de coalizão com o Kadima, fundado por Ariel Sharon e que está liderando as pesquisas em Israel.
"Como podemos entrar em uma coalizão de um governo de guerra?" perguntou Barhum Jeraissi.
"Tudo indica que o próximo governo de Israel vai continuar a política do governo anterior, de guerra não só contra o povo palestino, mas também contra o próprio povo israelense, contra o qual vai continuar exercendo uma política econômica de exploração."
Jamal Zahalka, do Balad, afirmou que a liderança de Israel não os convidariam para participar de uma coalizão pois é "racista" e os considera "cidadãos de segunda classe".
"Mesmo se fôssemos convidados, rejeitaríamos o convite, pois não podemos fazer parte de um governo que vai continuar a construir o muro e os assentamentos nos territórios ocupados e vai continuar discriminando os cidadãos árabes de Israel."
Ahmed Tibi, do nacionalista e islâmico Ra'am, também menciona a construção da barreira de Israel na Cisjordânia e a expansão dos assentamentos como obstáculos à participação de seu partido em uma coalizão governamental.
"Os principios do próximo governo de Israel serão muito distantes dos nossos. Como podemos entrar em uma coalizão que vai fortalecer os assentamentos e continuar a construção do muro?"
Atualmente, o Ra'am possui três representantes no Parlamento israelense, o mesmo número do Balad. Já o Hadash conta com apenas dois parlamentares.
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