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27/03/2006 - 09h56

Indecisos podem surpreender em Israel, dizem analistas

GUILA FLINT
da BBC, em Tel Aviv

O alto número de indecisos e o desinteresse do eleitorado podem gerar surpresas nas eleições parlamentares israelenses desta terça-feira, segundo analistas políticos do país.

De acordo com o professor de Estatística da Universidade de Tel Aviv Camil Fucks, às vésperas da eleição 25% dos eleitores ainda estão indecisos. "Esta situação é sem precedentes e pode alterar drasticamente os resultados", disse Fucks. "Esse número de indecisos representa 28 cadeiras no Parlamento."

De acordo com Fucks, às vésperas das eleições anteriores o índice de indecisos costumava ser de cerca de 8%.

Além do alto número de indecisos, para os analistas, o "cansaço" dos eleitores e a forma como são feita as pesquisas de intenção de voto são elementos que tornam ainda mais difíceis as previsões sobre o resultado das eleições.

Por telefone

As pesquisas de intenção de voto têm mostrado um domínio do partido de centro Kadima, fundado por Ariel Sharon.

De acordo com a mais recente pesquisa do jornal "Yediot Ahronot", divulgada nesta segunda-feira, o Kadima elegeria 34 das 120 cadeiras do Parlamento. O segundo colocado seria o Partido Trabalhista, com uma previsão de 21 cadeiras, com o direitista Likud em terceiro, com apenas 13 cadeiras.

No entanto, para os analistas está muito difícil saber se esses números vão se concretizar nas urnas.

Além dos indecisos, uma das grandes dúvidas é o voto dos jovens, de 18 a 21 anos. As pesquisas tiveram pouco acesso a esse setor da população, que, segundo as avaliações de especialistas, "elegem" oito cadeiras no Parlamento.

A maioria dos jovens não tem linhas próprias de telefone fixo, mora em apartamentos alugados e usa telefones celulares, porém as pesquisas foram feitas apenas por meio de telefones fixos.

Outro setor no qual há dificuldades de acesso para as pesquisas se encontra nas camadas mais pobres da população. Muitas famílias não têm telefones ou tiveram suas linhas desligadas por dificuldades de pagamento.

Para Daniel Ben Simon, analista do jornal "Haaretz", "os analistas e pesquisadores em Israel se encontram em uma situação sem precedentes e não conseguem decifrar e prever o comportamento dos eleitores".

"Trabalho nesta área há 20 anos e nunca presenciei uma situação como esta, pela primeira vez estou confuso e não posso prever o que vai acontecer", disse Ben Simon à BBC Brasil.

"Nas eleições anteriores consegui prever os resultados facilmente, mas desta vez houve tantas mudanças no mapa político israelense e a população está tão confusa que é impossível decifrar. É como se o próprio DNA da política israelense tivesse mudado."

"Big bang"

A fundação do Kadima, por Ariel Sharon, é vista como um "big bang" no mapa político israelense e pela primeira vez há três grandes partidos disputando os votos dos eleitores.

"Tudo mudou, muitos dos líderes do Likud e do Partido Trabalhista se uniram a Sharon no Kadima e a saída deles alterou totalmente seus partidos originais", disse Ben Simon, que também aponta fatores psicológicos que podem ter grande influência na opção dos eleitores.

"Esta é a quarta eleição geral em 7 anos, os israelenses estão cansados e decepcionados com a política. Nesta campanha as pessoas não colaram adesivos nos carros, não participaram de assembléias, não distribuíram panfletos, tudo parece adormecido, confuso e vago."

"Muitas pessoas que tenho encontrado não sabem se vão votar e em quem vão votar", disse ele.

O especialista em política interna do canal 1 da TV israelense, Yaron Dekel, também recomenda cautela em relação às previsões.

"Houve tantas surpresas nos últimos meses, que precisamos ser cautelosos. Ninguém previu que Amir Peretz derrotaria Shimon Peres nas prévias do Partido Trabalhista. A vitória do Hamas nas eleições palestinas também não era esperada e alterou o clima político, e há também a súbita ausência do principal líder político de Israel, Ariel Sharon, que sofreu o derrame cerebral."

De acordo com Dekel, muito vai depender da organização dos partidos no dia das eleições, e aqueles que tiverem um esquema mais eficaz para transportar eleitores às urnas terão vantagem.

Neste aspecto o Partido Trabalhista e o Likud, que são partidos antigos e possuem bases na população, estão em uma situação mais favorável do que o Kadima, que é um partido novo.

O Partido Trabalhista também deverá contar com uma grande ajuda dos sindicatos de trabalhadores, pois seu líder, Amir Peretz, foi presidente da Histadrut, a central sindical de Israel.
 

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