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30/03/2006 - 13h28

Eleição em Israel aprofunda pessimismo palestino

ALAN JOHNSTON
da BBC Brasil, em Gaza

Conforme digerem os resultados das eleições israelenses, os palestinos estão profundamente pessimistas.

Os palestinos sempre desprezaram o sistema político israelense ao ver todos os partidos como parte de uma máquina estatal que impôs a eles décadas de ocupação militar.

Mas a vitória do partido Kadima apresenta um problema especial. Seu líder, Ehud Olmert, quer abandonar os assentamentos judaicos no centro da Cisjordânia, mas quer consolidar seu controle sobre as colônias principais e continuar a ocupação de Jerusalém Oriental e do vale do rio Jordão.

Os palestinos ficariam confinados em áreas no meio do território. Eles dizem que ficariam sem acesso a algumas de suas terras mais férteis e aos recursos hídricos.

Eles não teriam a capital que desejam, nem teriam controle sobre suas fronteiras e suas saídas para o mundo exterior. Eles argumentam que não terão um Estado viável com o território que Olmert quer deixar para os palestinos.

“Isso significaria a continuação da ocupação e a continuação do conflito, o que seria tão ruim para os israelenses quanto para nós”, diz Mustafa Barghouti, um importante líder palestino independente.

Diálogo

Em seu discurso de vitória, Olmert ofereceu diálogo aos palestinos. Mas no coração da cidade de Gaza, reinava o ceticismo.

“Não creio que Olmert quer negociar”, disse o vendedor de cigarros Abu Wa’el. “Ele dirá o que Ariel Sharon costumava dizer – que os palestinos não são parceiros para a paz.”

O presidente da Autoridade Nacional Palestina também suspeita claramente que negociações genuínas não estão na agenda israelense.

Há apenas duas semanas, ele viu Olmert visitar o assentamento de Israel, no coração da Cisjordânia, e dar sua palavra de que a área ficaria para sempre nas mãos de Israel.

Falando durante a cúpula árabe no Sudão, Abbas comentou: “O resultado das eleições não mudará nada enquanto a agenda do próprio Olmert não mudar e ele não abandonar os arranjos unilaterais”.

Abbas está certamente pronto para negociar e até mesmo sugeriu que se Israel quisesse ele poderia levar um acordo de paz a referendo dentro de um ano. Mas o grupo radical islâmico Hamas, que assumiu o governo palestino, não tem nenhum plano de negociar com Olmert.

O Hamas considera como território ocupado palestino a Cisjordânia, leste de Jerusalém e Faixa de Gaza e também a totalidade do território israelense.

Um porta-voz do Hamas, Sami Abu Zuhri, disse que o fato de os israelenses terem apoiado o projeto nas urnas indicaram que as tensões na região apenas se aprofundarão.

“Nós rejeitamos o plano unilateral para a Cisjordânia”, disse ele. “E pedimos à comunidade internacional para olhar para os interesses dos palestinos.”

O líder supremo do Hamas, Khaled Meshaal, condenou o que disse ser um consenso israelense contra a retirada da Cisjordânia e de Jerusalém Oriental e o reconhecimento do direito dos palestinos a retornar a suas casas no que hoje é Israel.

“A posição sionista, seja do Kadima ou de outros, é uma que enterra o processo de paz, nega sua existência”, disse Meshaal. “Esta posição é uma declaração de guerra contra o povo palestino”, disse Meshaal.
 

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