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09/04/2006 - 20h00

Candidato peruano acusa adversários de "ato fascista"

DIEGO TOLEDO
da BBC Brasil, em Lima

O candidato nacionalista à Presidência do Peru, Ollanta Humala, acusou seus principais adversários de organizar um "ato fascista" para intimidá-lo durante a realização do primeiro turno das eleições gerais peruanas neste domingo.

"No dia de hoje, minha mulher e eu fomos vítimas de um ato fascista, uma emboscada política organizada com a participação do bloco 'todos contra Ollanta'", afirmou em entrevista coletiva.

Humala se referia ao tumulto ocorrido quando se dirigiu para votar em uma universidade no sul de Lima. Um grupo de opositores jogou garrafas plásticas e outros objetos contra o candidato nacionalista, que foi chamado de "assassino" e "tirano".

"Esses exemplos de intolerância à diversidade de idéias têm como responsáveis o senhor Alan García, a senhorita Lourdes Flores e o senhor Alejandro Toledo", acusou Ollanta Humala.

García e Flores são os principais adversários de Humala nas eleições deste domingo. Os três travam uma disputa acirrada para definir quem ficará com as duas vagas em um provável segundo turno --pesquisas de boca-de-urna divulgadas neste domingo indicam que Humalam já tem uma vaga garantida.

Já o atual presidente do Peru, Alejandro Toledo, não apóia qualquer candidato oficialmente candidato, mas protagonizou trocas de ataques veladas com Humala.

Reações

As declarações de Humala, que disse ainda ter sido alvo de uma "campanha de criminalização política" organizada por seus adversários e apoiada por "meios de comunicação e grupos de poder", causaram a reação imediata de seus oponentes.

Tanto a coligação Unidade Nacional, de Lourdes Flores, como o Apra (Aliança Popular Revolucionária Americana), partido de García, acusaram Ollanta Humala de cometer crime eleitoral ao atacar os adversários com a votação eleitoral ainda em andamento.

Guido Lombardi, porta-voz da Unidade Nacional, afirmou que a manifestação de Humala foi "inadmissível" e que o candidato nacionalista lançou ataques contra seus oponentes sem apresentar qualquer prova.

"Ele nos acusa de incitar a violência, quando é ele, que, com essa atitude, está reconhecendo por antecipação sua derrota e incitando seus eventuais seguidores a atos de protesto", disse Lombardi.

Mercedes Cabanillas, do Partido Aprista, pediu que as autoridades eleitorais peruanas tomem providências para punir as declarações de Humala e os responsáveis pelos incidentes da manhã deste domingo.

"Durante toda a campanha, Humala incentivou a violência. Agora, o vimos vítima dessa violência. Nós deploramos que isso tenha acontecido", disse Cabanillas.

A representante do partido de Alan García afirmou, no entanto, que a campanha de Ollanta Humala se caracterizou "por essa posição de permanente vítima". "Condenamos e rejeitamos expressões exaltadas com as quais felizmente o Partido Aprista não tem qualquer relação", acrescentou Mercedes Cabanillas.

Polarização

Durante a campanha, Ollanta Humala, que é um militar da reserva, causou polêmica ao associar suas propostas nacionalistas a um estilo que tem sido comparado ao do líder venezuelano Hugo Chávez.

A própria retórica de Humala ajudou a polarizar a disputa eleitoral peruana. De um lado, Flores e García apontavam o adversário como um risco para a democracia no país. De outro, o líder nacionalista se apresentava como uma opção aos "políticos tradicionais".

Flores, que já disputou as eleições presidenciais em 2001, é considerada a candidata favorita do setor empresarial e dos investidores estrangeiros. Assim como a adversária, García, que presidiu o país entre 1985 e 1990, também foi derrotado nas últimas eleições pelo atual presidente, Alejandro Toledo.

Humala se tornou o principal alvo de ataques dos adversários na reta final da campanha. Além das críticas à proximidade com Hugo Chávez, Humala foi acusado de participar de violações de direitos humanos durante a repressão ao grupo guerrilheiro Sendero Luminoso e de contar com colaboradores ligados a Vladimiro Montesinos.

Montesinos foi o protagonista dos escândalos de corrupção que, no final do ano 2000, derrubaram o governo do então presidente peruano, Alberto Fujimori.

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