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11/04/2006 - 05h32

Resultado final no Peru deve demorar 20 dias

DIEGO TOLEDO
da BBC Brasil, em Lima

O resultado final das eleições presidenciais no Peru deve demorar cerca de 20 dias para ser anunciado, de acordo com informações da ONPE, entidade responsável pela organização dos processos eleitorais peruanos.

Com 80,68% dos votos apurados, o candidato nacionalista Ollanta Humala liderava a disputa, com 30,24% dos votos válidos. O ex-presidente de centro-esquerda Alan García aparecia em segundo, com 24,93%, seguido de perto pela advogada conservadora Lourdes Flores, com 24,03%.

A pequena diferença entre García e Flores constitui um virtual empate e deve manter a indefinição sobre quem ficará com a segunda posição até a conclusão total da apuração.

Até agora, os resultados parciais confirmam as projeções de diversos institutos de pesquisa, que apontavam Humala na frente, com vaga garantida no segundo turno, e García e Flores praticamente empatados em uma disputa acirrada pelo segundo lugar.

De acordo com Magdalena Chú, chefe da ONPE, a data do segundo turno das eleições presidenciais será marcada ao final da apuração, dentro de um prazo de 30 dias após a publicação dos resultados da votação do último domingo.

A expectativa agora é de que o segundo turno, inicialmente previsto para o próximo dia 7, ocorra em 28 de maio ou 4 de junho. Chú disse que o atraso na apuração se deve à necessidade de esperar a chegada de atas de votação de áreas remotas do Peru.

A ONPE avalia que a totalização dos votos deve ser concluída dentro de cinco dias, mas serão necessários outros 15 dias para que a justiça eleitoral peruana analise os pedidos de anulação de até 4% das atas de votação.

As autoridades eleitorais peruanas afirmaram ainda que cerca de 90% dos eleitores foram às urnas no domingo para votar no primeiro turno.

Ataques

Em meio à indefinição quanto aos resultados das eleições, Ollanta Humala afirmou nesta segunda-feira que, para ele, o segundo turno já começou. O candidato nacionalista disse que vai “redobrar os esforços” para chegar à Presidência do Peru.

Humala, no entanto, deve ter dificuldade para articular alianças na nova fase das eleições. Durante a campanha do primeiro turno, o líder nacionalista foi o principal alvo de ataques dos adversários.

“Há uma série de sentimentos (na campanha), e isso não foi Ollanta Humala quem gerou”, disse nesta segunda-feira, em terceira pessoa, o próprio candidato. “É o Peru que se encontra fraturado socialmente.”

“Há discriminação, há racismo, há soberba dos setores mais conservadores do poder econômico, e também há muita desinformação”, acrescentou Humala.

Militar da reserva, Ollanta Humala causou polêmica ao associar suas propostas nacionalistas a um estilo que tem sido comparado ao do líder venezuelano Hugo Chávez.

A própria retórica de Humala ajudou a polarizar a disputa eleitoral peruana. De um lado, Flores e García apontaram o adversário como um risco para a democracia no país. De outro, o líder nacionalista se apresentou como uma opção aos “políticos tradicionais”.

Flores, que já havia disputado as eleições presidenciais em 2001, era considerada a candidata favorita do setor empresarial e dos investidores estrangeiros.

Assim como a adversária, García, que presidiu o país entre 1985 e 1990, também foi derrotado nas últimas eleições pelo atual presidente, Alejandro Toledo.

Alianças

Como principal alvo dos adversários no primeiro turno, Humala deve ter dificuldades para articular alianças na nova fase das eleições.

A coligação Unidade Nacional, de Lourdes Flores, já deu sinais de que, caso sua candidata não chegue ao segundo turno, as chances de apoiar o líder nacionalista são mínimas.

Tanto Flores como García tem evitado falar em alianças, afirmaram que é preciso esperar com cautela os resultados da votação de domingo e se disseram otimistas quanto às chances de chegar ao segundo turno.

Alan García declarou nesta segunda-feira que os primeiros resultados indicam que o eleitorado peruano ficou dividido entre três candidatos, o que criou uma “situação muito perigosa”.

De acordo com o ex-presidente, qualquer candidato com a pretensão de dirigir o país terá que demonstrar “vontade de ser tolerante” e de buscar um consenso amplo para impedir que o país se torne “ingovernável”.

“É preciso muita negociação e, desde agora, é preciso falar uma linguagem de amplitude, de tolerância, que permita que o país cresça e redistribua (os benefícios) ao mesmo tempo”, disse García.
 

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