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11/04/2006
-
05h20
da BBC Brasil, em Buenos Aires
Na sua sua primeira visita ao Brasil após tomar posse, há um mês, a presidente do Chile, Michelle Bachelet, deverá destacar nesta terça-feira em Brasília a importância da democracia e do combate à pobreza na região, dando à agenda um tom mais político do que econômico, principalmente na conversa com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Com esta viagem, depois de passar pelo Paraguai e de já ter visitado a Argentina e o Uruguai, Bachelet pretende “consolidar” a relação com a América do Sul, especialmente o Mercosul.
Essas são as expectativas de analistas chilenos, assessores do governo do Chile e diplomatas brasileiros.
Analistas, como o professor de ciências políticas Guillermo Holzman, da Universidade do Chile, entendem que o Brasil e o Chile são o ponto de equilíbrio numa região onde estão sendo eleitos os chamados “outsiders” da política.
Caso do presidente Evo Morales, na Bolívia, e do candidato Ollanta Humala, que foi o mais votado no primeiro turno das eleições no Peru, mas até esta terça-feira não sabia com quem disputaria o segundo turno do pleito.
Cláusula democrática
O Chile, vale recordar, tem problemas diplomáticos antigos com os dois países.
“Entendo que a presidente Bachelet quer que a cláusula democrática do Mercosul seja adotada com mais intensidade ainda para evitar crises entre os países, mesmo quando os presidentes são eleitos pelo povo, e assim devem ser respeitados, mas são de fora da política tradicional”, afirmou Holzman.
Para ele, a relação do governo peruano com o Chile não vai mudar, independentemente de quem seja eleito para suceder Alejandro Toledo.
“O principal é que o Mercosul ampliado valorize, cada vez mais, o respeito à democracia e o diálogo político e que as crises sejam evitadas. Com isso, que Brasil e Chile, principalmente, cumpram esse papel de equilíbrio”, sugeriu.
O chamado Mercosul ampliado inclui Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, além do Chile e da Bolívia.
Nas dez horas de trabalhos, na visita de Estado ao Brasil, o ministro das Relações Exteriores do Chile, Alejandro Foxley, e outros ministros chilenos assinarão três acordos bilaterais com o Brasil – na área de energia, tema que preocupa o Chile, meio ambiente e de facilitação de documentos para a residência de chilenos e brasileiros que vivem no país do outro.
Num comunicado conjunto, os presidentes Lula e Bachelet vão destacar as áreas e objetivos desta cooperação.
Nos bastidores dos dois governos, comenta-se que essa “aliança renovada” entre os dois países, como foi batizada pelos chilenos, inclui o combate à pobreza e a desigualdade social, o apoio do Chile para que o Brasil tenha uma cadeira permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas, a missão de paz conjunta no Haiti e o destino do G-20, além do fortalecimento da Comunidade Sul-americana de Nações, entre outros temas multilaterais.
Balança comercial
Atualmente, Brasil e Chile, segundo dados oficiais, registram uma balança comercial crescente, especialmente nos últimos três anos, mas amplamente favorável ao mercado brasileiro.
Em 2005, o comércio bilateral registrou US$ 5,25 bilhões, sendo US$ 3,52 bilhões de saldo para o Brasil.
Ao mesmo tempo, o Chile possui um estoque de investimentos de US$ 4 bilhões no Brasil, enquanto as cerca de dez empresas brasileiras instaladas no mercado chileno, de apenas 15 milhões de habitantes, contam ali com US$ 300 milhões.
O número de brasileiros vivendo no Chile também é baixo e está em torno dos 10 mil.
Apesar disso, os dois países entendem, segundo negociadores dos governos, que é possível aproximar a agenda de prioridades como medidas similares de combate à exclusão social.
Autoridades brasileiras estiveram recentemente em Santiago para conhecer, por exemplo, o programa “Chile solidário”, que é semelhante ao brasileiro “Bolsa Família”.
Na comitiva de Michelle Bachelet estarão ministros, parlamentares e o presidente da Corte Suprema de Justiça, Enrique Tapia. Como corresponde a uma visita de Estado, ela discursará no Congresso Nacional e também terá almoço no Itamaraty e audiência no Supremo Tribunal Federal.
Tudo indica que a visita a Brasília será menos agitada do que a de Assunção, no Paraguai, onde, segundo a imprensa, Bachelet foi obrigada a cancelar visita ao Parlamento para evitar constrangimentos para o presidente Nicanor Duarte Frutos.
A oposição tinha anunciado ausência em protesto contra o governo. Na capital paraguaia, Bachelet não descartou que tenha que trocar o avião presidencial.
Pouco depois decolagem para o Paraguai, na manhã de segunda-feira, o vidro ao lado do co-piloto quebrou e foi necessário retornar a Santiago, de onde partiram com quatro horas de atraso.
Depois da rápida entrevista, ela embarcaria, na mesma noite de segunda-feira, para o Distrito Federal, onde começaria a agenda oficial, às 9h30 da manhã de terça-feira, numa homenagem programada para ela na Universidade de Brasília.
Bachelet discute democracia e pobreza no Brasil
MARCIA CARMOda BBC Brasil, em Buenos Aires
Na sua sua primeira visita ao Brasil após tomar posse, há um mês, a presidente do Chile, Michelle Bachelet, deverá destacar nesta terça-feira em Brasília a importância da democracia e do combate à pobreza na região, dando à agenda um tom mais político do que econômico, principalmente na conversa com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Com esta viagem, depois de passar pelo Paraguai e de já ter visitado a Argentina e o Uruguai, Bachelet pretende “consolidar” a relação com a América do Sul, especialmente o Mercosul.
Essas são as expectativas de analistas chilenos, assessores do governo do Chile e diplomatas brasileiros.
Analistas, como o professor de ciências políticas Guillermo Holzman, da Universidade do Chile, entendem que o Brasil e o Chile são o ponto de equilíbrio numa região onde estão sendo eleitos os chamados “outsiders” da política.
Caso do presidente Evo Morales, na Bolívia, e do candidato Ollanta Humala, que foi o mais votado no primeiro turno das eleições no Peru, mas até esta terça-feira não sabia com quem disputaria o segundo turno do pleito.
Cláusula democrática
O Chile, vale recordar, tem problemas diplomáticos antigos com os dois países.
“Entendo que a presidente Bachelet quer que a cláusula democrática do Mercosul seja adotada com mais intensidade ainda para evitar crises entre os países, mesmo quando os presidentes são eleitos pelo povo, e assim devem ser respeitados, mas são de fora da política tradicional”, afirmou Holzman.
Para ele, a relação do governo peruano com o Chile não vai mudar, independentemente de quem seja eleito para suceder Alejandro Toledo.
“O principal é que o Mercosul ampliado valorize, cada vez mais, o respeito à democracia e o diálogo político e que as crises sejam evitadas. Com isso, que Brasil e Chile, principalmente, cumpram esse papel de equilíbrio”, sugeriu.
O chamado Mercosul ampliado inclui Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, além do Chile e da Bolívia.
Nas dez horas de trabalhos, na visita de Estado ao Brasil, o ministro das Relações Exteriores do Chile, Alejandro Foxley, e outros ministros chilenos assinarão três acordos bilaterais com o Brasil – na área de energia, tema que preocupa o Chile, meio ambiente e de facilitação de documentos para a residência de chilenos e brasileiros que vivem no país do outro.
Num comunicado conjunto, os presidentes Lula e Bachelet vão destacar as áreas e objetivos desta cooperação.
Nos bastidores dos dois governos, comenta-se que essa “aliança renovada” entre os dois países, como foi batizada pelos chilenos, inclui o combate à pobreza e a desigualdade social, o apoio do Chile para que o Brasil tenha uma cadeira permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas, a missão de paz conjunta no Haiti e o destino do G-20, além do fortalecimento da Comunidade Sul-americana de Nações, entre outros temas multilaterais.
Balança comercial
Atualmente, Brasil e Chile, segundo dados oficiais, registram uma balança comercial crescente, especialmente nos últimos três anos, mas amplamente favorável ao mercado brasileiro.
Em 2005, o comércio bilateral registrou US$ 5,25 bilhões, sendo US$ 3,52 bilhões de saldo para o Brasil.
Ao mesmo tempo, o Chile possui um estoque de investimentos de US$ 4 bilhões no Brasil, enquanto as cerca de dez empresas brasileiras instaladas no mercado chileno, de apenas 15 milhões de habitantes, contam ali com US$ 300 milhões.
O número de brasileiros vivendo no Chile também é baixo e está em torno dos 10 mil.
Apesar disso, os dois países entendem, segundo negociadores dos governos, que é possível aproximar a agenda de prioridades como medidas similares de combate à exclusão social.
Autoridades brasileiras estiveram recentemente em Santiago para conhecer, por exemplo, o programa “Chile solidário”, que é semelhante ao brasileiro “Bolsa Família”.
Na comitiva de Michelle Bachelet estarão ministros, parlamentares e o presidente da Corte Suprema de Justiça, Enrique Tapia. Como corresponde a uma visita de Estado, ela discursará no Congresso Nacional e também terá almoço no Itamaraty e audiência no Supremo Tribunal Federal.
Tudo indica que a visita a Brasília será menos agitada do que a de Assunção, no Paraguai, onde, segundo a imprensa, Bachelet foi obrigada a cancelar visita ao Parlamento para evitar constrangimentos para o presidente Nicanor Duarte Frutos.
A oposição tinha anunciado ausência em protesto contra o governo. Na capital paraguaia, Bachelet não descartou que tenha que trocar o avião presidencial.
Pouco depois decolagem para o Paraguai, na manhã de segunda-feira, o vidro ao lado do co-piloto quebrou e foi necessário retornar a Santiago, de onde partiram com quatro horas de atraso.
Depois da rápida entrevista, ela embarcaria, na mesma noite de segunda-feira, para o Distrito Federal, onde começaria a agenda oficial, às 9h30 da manhã de terça-feira, numa homenagem programada para ela na Universidade de Brasília.
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