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12/04/2006 - 21h26

Peru assina acordo de livre comércio com EUA

DENIZE BACOCCINA
da BBC Brasil, em Washington

O representante de Comércio dos Estados Unidos, Robert Portman, e o ministro de Comércio Estrangeiro e Turismo do Peru, Alfredo Ferrero Diez Canseco, assinaram nesta quarta-feira, em Washington, um acordo de livre comércio entre os dois países, menos de quatro meses antes do fim do mandato do presidente peruano.

Peru e Estados Unidos tiveram no ano passado um intercâmbio comercial de US$ 7,4 bilhões, com US$ 5,1 bilhões de exportações peruanas aos Estados Unidos e US$ 2,3 bilhões de exportações americanas ao país andino.

Na cerimônia de assinatura do acordo, que contou com a presença do presidente peruano, Alejandro Toledo, na sede da Organização dos Estados Americanos (OEA), os dois lados ressaltaram que o acordo vai aumentar o acesso ao mercado do outro.

"A razão pela qual estamos assinando este acordo são os pobres do Peru da região", disse Toledo. “Vamos colocar nos Estados Unidos nossas mangas, nossas alcachofras, nossos aspargos, e criar mais empregos”, afirmou.

"Crescimento"

"Mais de dois terços dos produtos agrícolas (americanos) vão entrar no Peru sem tarifas", discursou Portman. Ele também disse que, mais do que reduzir tarifas, o acordo abria caminho para o crescimento econômico do país andino. "Acreditamos que o comércio livre é uma ferramenta importante para tirar as pessoas da pobreza e promover o crescimento", afirmou o secretário americano.

De acordo com o Departamento de Comércio dos Estados Unidos, os americanos poderão exportar mais máquinas e também produtos agrícolas como aves, grãos, óleos vegetais e laticínios. Os produtos peruanos que serão beneficiados já têm acesso ao mercado americano através de um acordo de preferências tarifárias, que expira este ano.

Apesar de assinado pelo Executivo, o acordo ainda precisa ser aprovado pelo Congresso dos dois países para entrar em vigor. Toledo disse que "vai fazer todo o esforço" para que ele seja aprovado ainda no Congresso atual, cujo mandato, assim como o presidencial, vai até o dia 28 de julho.

Humala

O candidato que ficou em primeiro lugar no primeiro turno das eleições peruanas, Ollanta Humala, disse que gostaria de fazer modificações no acordo. A opinião varia entre os dois que disputam o segundo lugar, Álvaro Garcia e Lourdes Flores. Garcia também fez críticas ao acordo, mas Flores apóia o acordo.

Peter Hakim, presidente do Diálogo Interamericano, um grupo de estudos das relações entre Estados Unidos e América Latina em Washington, diz que é perigoso para o Peru assinar o acordo justamente neste momento, em final de mandato.

Toledo disse que é preciso distinguir entre "discursos de campanha e programas de governo". O presidente disse várias vezes que o acordo assinado agora seria uma espécie de presente para o futuro presidente, "quem quer seja ele ou ela".

"Se Humala quiser ser presidente tem que começar a me agradecer. Estou deixando um mercado para o próximo presidente", afirmou. "Sem este acordo o (futuro) presidente não tem condições de cumprir as promessas de campanha."

Estratégia americana

O acordo com o Peru já é o quarto tratado de livre comércio dos Estados Unidos na América Latina. Já estão em vigor o do México (dentro do Nafta, que também inclui Canadá) e do Chile.

No ano passado, o Cafta, com cinco países centro-americanos e República Dominicana, entrou em vigor nos países que aprovaram o acordo em seus congressos. Os Estados Unidos já concluíram a negociação de um acordo com a Colômbia, e negociam no momento com Equador e devem iniciar conversas com Uruguai.

A estratégia de negociar acordos bilaterais começou a ser utilizada pelos Estados Unidos quando ficou evidente o fracasso das negociações para a criação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca), que incluiria todos os países das Américas com exceção de Cuba.

O fracasso da Alca deve-se em larga medida à resistência do Brasil em assinar um acordo que considerava ruim, com muitas concessões. Peter Hakim acha que a falta de um acordo é ruim para os dois países.

"Tanto Brasil quanto Estados Unidos perdem. Os dois acham que o outro não vai ceder", diz Hakim. Ele diz que os dois países realmente têm diferenças importantes. "Mas não mais do que México e Estados Unidos antes do Nafta. O que falta é vontade de chegar a um acordo."
 

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