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21/04/2006 - 14h21

Xiitas indicam novo primeiro-ministro iraquiano

PAULO CABRAL
da BBC, no Cairo

A aliança xiita do Iraque indicou nesta sexta-feira o parlamentar Jawad Al Maliki como candidato a primeiro-ministro no novo governo iraquiano.

A decisão ocorreu após mais de três meses de impasse provocado pela recusa do premiê interino Ibrahim Al Jaafari em renunciar à indicação para continuar no cargo.

Nesta quinta-feira, porém, o premiê colocou a candidatura à disposição da aliança, que após passar o dia reunida, se decidiu por Malik, um político que ficou exilado na Síria durante o regime de Saddam Hussein e é pouco conhecido pela população iraquiana.

O outro político cotado para ganhar a indicação do bloco xiita era Ali al Adeeb, que foi chefe do escritório político do partido fundamentalista Dawa em Teerã, quando ficou exilado na capital iraniana.

Os dois são do partido Dawa --o mesmo de Al Jaafari--, mas têm o apoio de grupos diferentes dentro do bloco xiita e são vistos com reservas por líderes de outras facções.

Consenso

O presidente do Iraque, o curdo Jalal Talabani, sugeriu em um entrevista coletiva em Bagdá --antes de a decisão dos xiitas ter sido anunciada-- que apoiaria qualquer nome escolhido pelos xiitas para substituir Jaafari.

"A aliança (xiita) é livre para escolher seu candidato e nós respeitamos a aliança e seus desejos. Quem quer que seja o candidato, vamos apoiá-lo", disse Talabani.

A aliança xiita venceu a maioria no Parlamento iraquiano nas eleições do ano passado. No entanto, grupos políticos da comunidade sunita --na qual a insurgência tem mais força-- não fizeram declarações conciliatórias como Talabani.

Al Malik era o candidato preferido dentro do partido Dawa, mas a nomeação dele era dificultada pela forte oposição do Conselho Supremo para a Resistência Islâmica no Iraque (CSRII), uma das agremiações mais importantes da aliança xiita.

Ainda não está claro como a resistência do CSRII foi vencida durante as reuniões dos xiitas nesta sexta-feira.

Desilusão

O cientista político Aune al Dari --ex-chefe do setor comercial da embaixada brasileira em Bagdá, que foi fechada em 1990-- diz que desilusão nas ruas com o processo político é cada vez maior.

"Mesmo os grupos mais cultos e educados na sociedade do Iraque não querem mais ouvir falar em política. Essa tentativa de implantar democracia ainda não nos trouxe nada de bom", reclama.

Al Dari diz que todos os dias há notícias de centenas de seqüestros de iraquianos, tanto por razões políticas como em crimes comuns.

"Recentemente foi divulgado um levantamento mostrando que nos últimos três anos 157 professores universitários e 120 médicos foram assassinados nas ruas do Iraque", diz.

"As pessoas estão com medo e só vão de casa paro o trabalho e do trabalho para casa. E com muito cuidado."

Al Dairi diz que a destruição da infra-estrutura provocada pela guerra --e continuada por ações de insurgentes também dificulta muito a vida dos iraquianos.

"Temos duas horas de eletricidade para casa quatro horas de apagão e isso quando não há ataques [de insurgentes] na infra-estrutura de energia", diz.

Ele diz que a telefones já estão funcionando com boa regularidade mas que o saneamento básico da capital iraquiana ainda não foi recuperado.

"O problema aqui é muito grande. Os políticos podem até conseguir escolher um governo, mas as soluções para o Iraque ainda estão muito longe", disse.


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