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26/04/2006 - 16h45

Para tibetanos, Tibete pode sumir sem dalai-lama

TIM LUARD
da BBC Brasil

Muitos tibetanos acreditam que apenas o dalai-lama pode salvar o Tibete da extinção.

Mas até mesmo o dalai-lama é mortal. E eles estão profundamente ansiosos sobre o que vai acontecer quando o líder espiritual morrer.

Para os tibetanos, dalai-lama – que chega nesta quarta-feira ao Brasil – não é apenas um monge budista, um deus e um rei (o mais recente na longa linha centenária de regras espirituais), mas um símbolo de uma civilização sem precedentes que vai além da vida.

Nos últimos 50 anos, do seu santuário no outro lado do Himalaia, o 14º dalai-lama manteve vivo os seus sonhos de sobreviver como um povo isolado.

Muitos temem que sua morte acabe com a última chance de independência genuína.

Outros prevêem caos e sangue. Tibetanos extremistas poderão se sentir livres a recorrer ao terrorismo, dando espaço para que Pequim intervenha de forma mais dura.

Phuntsog Wangyal, da Fundação Tibet, baseada em Londres, acha que o carisma do atual dalai-lama será difícil de ser substituído.

"Quem assumirá o seu manto? Não há ninguém equivalente a ele. Não acredito que qualquer pessoa possa ter a autoridade que ele tem", diz.

Vácuo

O dalai-lama fugiu para a Índia em 1959 em meio a uma tentativa frustrada de combate à ocupação chinesa, que havia começado nove anos antes.

Desde então o líder espiritual tem sido a cara do Tibete na comunidade internacional. Ele já ganhou o Prêmio Nobel da Paz, já obteve apoio público de astros do cinema e apoio privado de presidentes e primeiros-ministros.

Mas nenhum país reconheceu o governo exilado do Tibete.

Samdhong Rinpoche foi o primeiro premiê eleito no governo exilado.

Ele foi escolhido em 2001 por membros da diáspora tibetana como parte de uma tentativa para democratizar um movimento que, durante anos, ficou em volta do carisma pessoal, da força espiritual e da alta reputação do dalai-lama.

"Institucionalizando a continuidade da liderança, os arranjos estão agora prontos para evitar um vácuo e fazer o povo tibetano não tão dependente do dalai-lama", afirmou Rinpoche à BBC.

O dalai-lama disse esperar que o seu sucessor seja encontrado em um "país livre".

A China quer que o próximo dalai-lama seja escolhido sob a sua supervisão.

Em 1995, o dali-lama reconheceu, no Tibete, um garoto de seis anos de idade como sendo o sucessor do 10º dalai-lama, Panchen Lama, que morreu em 1989.

A China prendeu o menino e escolheu um outro em seu lugar. O garoto original nunca mais foi visto.
 

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