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05/05/2006 - 07h48

Cenário eleitoral francês começa a se definir para 2007

GIANNI CARTA
da BBC Brasil, em Paris

A 12 meses das eleições presidenciais francesas, candidatos de todas as tendências estão posicionados na corrida para ocupar o cargo mais cobiçado da França.

No campo da direita, Nicolas Sarkozy, ministro do Interior e líder da União por um Movimento Popular (UMP), de 51 anos, é o favorito.

À esquerda, a candidata mais popular em todas as sondagens de intenção de votos responde é Ségolène Royal, deputada de 52 anos do Partido Socialista.

Correndo pela tangente, Jean-Marie Le Pen, do partido de extrema direita Frente Nacional (FN), continua sendo um oponente de peso. Nas presidenciais anteriores, em 2002, Le Pen, agora com 77 anos, disputou o segundo turno contra o atual presidente Jacques Chirac, de 72 anos.

Inquérito

Na verdade, as imagens dos candidatos acima citados começaram a se delinear em diferentes momentos.

Sarkozy, por exemplo – já na dianteira há algum tempo – tornou-se, na semana passada, decididamente o conservador com melhores chances de vencer o pleito. Isso porque seu rival conservador, o primeiro-ministro Dominique de Villepin, também de 51 anos, está fora do páreo.

Dias atrás, o jornal vespertino "Le Monde" publicou a informação de que Villepin, instruído pelo seu mentor Chirac, teria ordenado um inquérito, batizado de caso Clearstream, que poderia ter colocado em jogo o futuro político de Sarkozy.

O atual ministro do Interior, segundo o inquérito, estaria entre aqueles que teriam aceitado uma comissão ilegal na venda, de US$ 2,8 bilhões, de seis fragatas francesas para Taiwan, em 1991.

O juiz encarregado do inquérito recebeu um CD-Rom e uma carta anônima acusando Sarkozy e vários outros empresários e políticos, os quais teriam recebido, graças à empresa Clearstream, baseada em Luxemburgo, somas em contas secretas.

Detalhe: o juiz do inquérito determinou que as contas não existem. Sarkozy foi inocentado.

Pior, para Villepin e Chirac: segundo o artigo do "Le Monde", o general Philippe Rondot, reputado espião aposentado, afirmou que foi Villepin quem lhe pediu, em 2004, para investigar as alegações de corrupção contra Sarkozy.

Villepin e Chirac negam que pediram para Rondot investigar alegações de corrupção contra Sarkozy. Mas anotações de Rondot, confiscadas por investigadores, parecem deixar claro que Chirac queria a pele de Sarkozy.

Desacreditado, Villepin, que obteve uma aprovação de apenas 20% na última sondagem LH2, para o diário "Libération", poderá ter seus dias contados. Isso, claro, a despeito do fato de ele insistir que terminará seu mandato.

Vale lembrar que o governo de Villepin, a favor do "sim" pela Constituição Européia em maio do ano passado, foi derrotado pelos partidários do "não" no referendo sobre o documento.

Mais: sua reforma para criar empregos para os jovens, o Contrato de Primeiro Emprego (CPE), teve, após meses de manifestações de estudantes e sindicatos, de ser revogada.

Por sua vez, a carismática Ségolène Royal, filha de coronel de artilharia, não questiona as declarações de Rondot, que implicam Villepin. Por tabela, ela aceita o desafio contra seu mais imponente rival: Sarkozy.

Mas Royal também tem rivais no seio do Partido Socialista. São os chamados "elefantes", aqueles que dominam o PS há décadas. Laurent Fabius, ex-primeiro ministro de 59 anos, responsável por uma forte campanha a favor do "não" à Constituição Européia (embora a diretiva do PS fosse pelo "sim"), é apenas um de seus detratores.

Perguntado sobre o que pensa das consistentes sondagens a favor de Royal, Fabius retrucou: "A diferença entre as sondagens e as eleições é a mesma entre a astrologia e a astronomia’’.

Será?

Os "elefantes" dizem que Royal não tem um programa claro. E a desafiam para debates televisivos, nos quais, eles prevêem, a deputada socialista será ambígua. Mas no último fim de semana, Royal, ex-ministra do Meio Ambiente do presidente François Mitterrand, disse alto e claro: "Meu projeto será socialista".

Enquanto isso, Le Pen, no momento com 14% dos votos, segundo as sondagens, voltava a martelar, num comício em Paris, que a imigração maciça contribui para o alto nível de desemprego na França.

E o líder da extrema direita propôs uma "união patriótica" com o Movimento pela França (MPF), de Phillipe de Villiers, partido que, como o FN, combate a imigração.

Sarkozy, numa tática clara para ganhar votos, propõe um projeto de lei – com clara intenção de atrair eleitores da extrema-direita - para limitar a imigração.

Talvez a tática de Royal – a de deixar em suspense seu programa – seja atraente para eleitores de esquerda, de direita, e da extrema-direita.

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