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08/05/2006 - 16h43

'Corriere' compara plano nuclear do Brasil ao do Irã

ASSIMINA VLAHOU
da BBC Brasil, em Roma

O jornal italiano Corriere della Sera comparou a resistência das autoridades brasileiras em permitir as inspeções da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) com o veto ao controle por parte do governo de Teerã.

Em artigo publicado nesta segunda-feira, o principal jornal italiano afirmou que "o grande e pacífico Brasil também se prepara para entrar no restrito clube das potências atômicas".

O texto foi colocado, com destaque, ao lado do artigo sobre a ameaça do Irã de abandonar o Tratado de Não-Proliferação Nuclear e aponta semelhanças entre o caso iraniano e o brasileiro.

O jornal recorda, por exemplo, que só depois de "alguns conflitos" o governo brasileiro permitiu a vistoria dos inspetores da agência das Nações Unidas aos equipamentos de Angra dos Reis.

'Oportunidade política'

"O programa nuclear provocou alguns atritos entre o Brasil e a AIEA nos últimos anos. O governo Lula declara que a questão está resolvida mas a comparação com o delicado caso do Irã é inevitável, além de ser de grande atualidade", escreve o correspondente do jornal no Rio de Janeiro, Rocco Cotroneo.

O jornalista afirma ainda que mesmo sendo signatário dos tratados de não-proliferação, o Brasil fez uma "notável resistência às inspeções de suas estruturas por parte do organismo internacional, alegando segredo industrial".

"Os técnicos do programa brasileiro afirmam que as centrífugas desenvolvidas por eles são as mais modernas do mundo, 25 vezes mais eficazes do que as que são utilizadas nos Estados Unidos e na Europa."

As questões técnicas foram superadas mas o jornalista afirma que permanecem dúvidas sobre a oportunidade política do programa nuclear brasileiro, "justamente por causa da questão iraniana”, segundo ele.

"O Brasil declara intenções não diferentes das de Teerã. Fala de fins pacíficos e nega a intenção de chegar à bomba."

De acordo com o jornal, a comunidade internacional observa os dois casos com olhares diferentes. Uma justificativa para essa atitude seria o fato de o Brasil não ter tradição belicosa.

"Sua última (e única) guerra foi contra o Paraguai em 1866", diz o texto. Outro motivo, segundo o artigo, é o fato de a America Latina "não ser a área mais perigosa do planeta".

O jornal, contudo, deixa a questão aberta e informa que a energia atômica é responsável por uma pequena parte do consumo do país.

"O objetivo da auto-suficiência atômica provoca dúvidas em alguns observadores porque o governo Lula anunciou há pouco, com triunfo, o fim das importações de petróleo, objetivo perseguido durante 43 anos."

Na opinião do jornalista, o programa nuclear brasileiro pode ser visto também como expressão de uma "certa idéia de grandeza continental" e pretensão de liderança regional, que está sendo colocada à dura prova pela nacionalização do gás boliviano.
 

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