Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
11/05/2006 - 12h57

Morales diz que 'tentou conversar com Lula'

CAROLINA GLYCERIO
da BBC Brasil, em Viena

O presidente da Bolívia, Evo Morales, disse nesta quinta-feira em Viena que tentou conversar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva antes de anunciar a nacionalização do gás boliviano, mas não conseguiu encontrá-lo.

"Nos últimos dias antes da nacionalização procurei por todos os lados para conversar com meu companheiro Lula, mas foi difícil encontrá-lo", afirmou Morales, em entrevista coletiva no primeiro dia da 4ª Cúpula América Latina, Caribe e União Européia.

"Lula é muito solidário. Eu entendo que as vezes fazer caminhar o aparato do Estado custa."

Morales disse, no entanto, que a dificuldade desapareceu depois que anunciou a nacionalização.

"Penso que alguns colaboradores de Lula me bloquearam para que pudesse encontrar o companheiro Lula. Porém, quando nacionalizamos, rapidamente me convocaram. Foi totalmente diferente."

Traição?

No início da entrevista, o líder boliviano se irritou com a pergunta de um jornalista brasileiro sobre se a falta de consulta a Lula sobre a nacionalização não representava uma traição.

"Não tenho por que perguntar, consultar sobre políticas soberanas de um país", afirmou.

"Eu disse na campanha, quando fui eleito, que ia nacionalizar. O programa era público."

O ex-líder cocaleiro também sugeriu uma dificuldade de relacionamento com o governo brasileiro.

"Com o Brasil, temos falado bastante e não concretizamos absolutamente nada."

Morales não citou o Brasil entre os países que ajudam a Bolívia. "Há países como Japão, Cuba, Venezuela e alguns países europeus como a Dinamarca, que ajudam incondicionalmente."

Em outro momento da entrevista, referiu-se ironicamente à compra do antes território boliviano pelo Brasil em 1903.

"Os brasileiros trocaram um Acre por um cavalo", disse Morales.

Ataques

A entrevista também foi marcada por ataques a empresas petrolíferas atuantes no país, especialmente à Petrobras, citada nominalmente várias vezes.

Segundo Morales, a Petrobras "agiu ilegalmente" no país, não só operando sob contratos "inconstitucionais", mas também praticando evasão fiscal e até contrabando.

Evo Morales sugeriu que não há por que indenizar as empresas petrolíferas estrangeiras afetadas pela nacionalização.

"Não há por que pensar em indenização", disse ele, "dos mais de 70 contratos, nenhum foi ratificado pelo Congresso e, portanto, são inconstitucionais".

Segundo Morales, os contratos foram negociados "secretamente", à margem da população boliviana, que só teria ficado sabendo sobre o que tinha acontecido com os recursos naturais do país nos anos 90.

"Se a Bolívia era antes terra de ninguém, hoje pertence aos bolivianos, especialmente aos indígenas", afirmou.
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página