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24/05/2006 - 10h44

Criador da world wide web critica fragmentação da rede

JONATHAN FILDES
da BBC Brasil, em Edimburgo

A rede world wide web (www, base da internet) deve permanecer neutra e resistir a tentativas de fragmentá-la em diferentes serviços, defendeu nesta terça-feira o inventor da rede, Tim Berners-Lee.

Ele fazia uma referência direta às tentativas nos Estados Unidos de tentar cobrar por diferentes níveis de acesso na internet. Segundo Berners-Lee, a idéia não "é parte do modelo da internet".

O alerta foi feito em Edimburgo, na Escócia, onde Berners-Lee participa da Conferência Anual sobre o futuro da Internet. "Do meu ponto de vista, é muito importante que haja apenas uma rede. Caso contrário, podemos entrar em um período de trevas", afirmou.

O especialista acrescentou que "qualquer um que tentar retalhar a rede vai descobrir que as peças serão entediantes".

Igualdade

O cientista britânico desenvolveu a world wide web (rede que reúne os sites iniciados com a sigla www na internet) em 1989, como uma ferramenta acadêmica que permitiria aos cientistas compartilhar informações.

Desde então, a rede se expandiu em todas as áreas. Mas, à medida que cresce, há cada vez mais discórdia sobre como deve ser o seu desenvolvimento.

Ao invés de vender sua criação, Berners-Lee criou o World Wide Web Consortium, que administra a internet nos Estados Unidos como um modelo aberto. O modelo é baseado na neutralidade da rede, onde todos têm o mesmo nível de acesso e a informação na internet é tratada com igualdade.

Esta visão é apoiada por empresas como a Microsoft e a Google, que defendem a criação de leis para garantir a neutralidade da rede.

Os primeiros passos foram tomados na semana passada, quando a Câmara dos Representantes dos Estados Unidos começou a analisar a lei de neutralidade.

Pagamentos

Empresas de telecomunicações americanas discordam. Elas gostariam de implementar um sistema duplo, no qual as informações de empresas ou instituições que podem pagar por isto terão prioridade sobre outras que não podem.

Isso se torna particularmente importante em relação a transmissões de TV na internet, com alguns provedores de banda larga querendo cobrar de provedores de conteúdo.

E os defensores do atual modelo encaram a tentativa de cobrança como uma ameaça ao atual modelo de internet. Os provedores de banda larga poderiam tornar-se guardiões do conteúdo da rede mundial de computadores.

Provedores que podem pagar seriam capazes de conseguir vantagens comerciais sobre aqueles que não podem. Também há o temor de que instituições de caridade ou universidades venham a ser prejudicadas, além do medo que os consumidores acabem pagando a conta.

Otimismo

Berners-Lee, que ganhou o título honorífico de "sir" da rainha Elizabeth 2ª, afirmou que para ele isto não "é o modelo para a internet". O modelo "certo", o atualmente existente, garante que todos os provedores de conteúdo possam pagar por uma conexão e colocar conteúdos na internet, sem discriminação.

Falando com repórteres na WWW-2006, ele disse acreditar que esse é o grande benefício da internet. "Você tem esta grande sorte do acaso, de achar um site que nem estava procurando", exemplificou.

Um sistema duplo significaria que as pessoas só teriam acesso completo às porções da internet para a qual pagaram. E que algumas empresas teriam prioridade sobre outras.

Berners-Lee se disse otimista. Ele acredita que a internet vai resistir a tentativas de fragmentação. "Acho que a internet é uma só e vai continuar assim", previu.

A conferência WWW-2006 continua até sexta-feira em Edimburgo.

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