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30/05/2006
-
15h23
da BBC Brasil, em Nova York
Em meio à escalada de violência no Iraque, o alegado massacre em novembro de 24 civis por fuzileiros navais americanos na cidade de Haditha, a noroeste de Bagdá, se revela um desafio cada vez mais espinhoso para os EUA.
Dois inquéritos formais estão em curso, mas as coisas não marcham bem para os "marines" supostamente envolvidos ou para a imagem americana.
Na edição desta terça-feira, o "Wall Street Journal" salienta que autoridades civis e militares familiarizadas com o incidente admitem que "fotos, vídeos e outras evidências indicam que os fuzileiros navais mataram civis desarmados, inclusive mulheres e crianças, sem provocação".
Mais do que isto, existe uma investigação sobre uma possível tentativa de acobertar o que aconteceu em Haditha. A idéia seria atribuir a responsabilidade a insurgentes sunitas na região.
O chefe do Estado-Maior das Forcas Armadas dos EUA, general Peter Pace, disse ser "prematuro" julgar o que irá acontecer, mas os inquéritos devem ser finalizados em cerca de duas semanas e a visão comum é a de que vários "marines"' serão processados por homicídio, o que pelo código militar americano, poderá eventualmente acarretar na pena de morte.
Influentes congressistas já avaliam o impacto político, mesmo sem a confirmação da atrocidade.
O deputado democrata John Murtha (condecorado por bravura no Vietnã e que agora defende a retirada das tropas americanas do Iraque) adverte que o incidente em Haditha poderá manchar a imagem americana no mundo árabe ainda mais profundamente do que o escândalo dos prisioneiros em Abu Ghraib.E pensar que na semana passada o presidente Bush disse que o abuso em Abu Ghraib fora o pior erro dos americanos no Iraque.
Já congressistas republicanos --hoje muito ansiosos para se distanciar do desgastado governo Bush-- falam em uma comissão de inquérito para investigar como os militares lidaram com o alegado massacre em Haditha.
O preço para o governo Bush não acaba por aí. Além do ardor investigativo da imprensa e das cobranças do Congresso sobre o incidente de novembro passado, o caso poderá pertubar as relações da Casa Branca com o novo e precário governo do primeiro-ministro Nouri al Maliki.
A esperança de Washington é de que Maliki se mostre capaz de reduzir as tensões e assim pavimentar o caminho para a retirada de tropas americanas.
Mas a curto prazo deverá acontecer a ampliação do contingente americano e Maliki poderá usar o suposto massacre em Haditha para deixar claro sua independência em relação a Washington.
Além de expressar indignação, existe a possibilidade de que o primeiro-ministro peça a extradição de qualquer fuzileiro naval implicado. Por acordo com o Iraque, pessoal militar americano acusado de irregularidades ou conduta criminosa só pode ser julgado pelo Justiça militar dos EUA.
Nada disso impedirá uma saraivada de acusações políticas contra os americanos, dentro e fora do Iraque.
Análise: "Massacre de Haditha" pode deixar EUA em apuros no Iraque
CAIO BLINDERda BBC Brasil, em Nova York
Em meio à escalada de violência no Iraque, o alegado massacre em novembro de 24 civis por fuzileiros navais americanos na cidade de Haditha, a noroeste de Bagdá, se revela um desafio cada vez mais espinhoso para os EUA.
Dois inquéritos formais estão em curso, mas as coisas não marcham bem para os "marines" supostamente envolvidos ou para a imagem americana.
Na edição desta terça-feira, o "Wall Street Journal" salienta que autoridades civis e militares familiarizadas com o incidente admitem que "fotos, vídeos e outras evidências indicam que os fuzileiros navais mataram civis desarmados, inclusive mulheres e crianças, sem provocação".
Mais do que isto, existe uma investigação sobre uma possível tentativa de acobertar o que aconteceu em Haditha. A idéia seria atribuir a responsabilidade a insurgentes sunitas na região.
O chefe do Estado-Maior das Forcas Armadas dos EUA, general Peter Pace, disse ser "prematuro" julgar o que irá acontecer, mas os inquéritos devem ser finalizados em cerca de duas semanas e a visão comum é a de que vários "marines"' serão processados por homicídio, o que pelo código militar americano, poderá eventualmente acarretar na pena de morte.
Influentes congressistas já avaliam o impacto político, mesmo sem a confirmação da atrocidade.
O deputado democrata John Murtha (condecorado por bravura no Vietnã e que agora defende a retirada das tropas americanas do Iraque) adverte que o incidente em Haditha poderá manchar a imagem americana no mundo árabe ainda mais profundamente do que o escândalo dos prisioneiros em Abu Ghraib.E pensar que na semana passada o presidente Bush disse que o abuso em Abu Ghraib fora o pior erro dos americanos no Iraque.
Já congressistas republicanos --hoje muito ansiosos para se distanciar do desgastado governo Bush-- falam em uma comissão de inquérito para investigar como os militares lidaram com o alegado massacre em Haditha.
O preço para o governo Bush não acaba por aí. Além do ardor investigativo da imprensa e das cobranças do Congresso sobre o incidente de novembro passado, o caso poderá pertubar as relações da Casa Branca com o novo e precário governo do primeiro-ministro Nouri al Maliki.
A esperança de Washington é de que Maliki se mostre capaz de reduzir as tensões e assim pavimentar o caminho para a retirada de tropas americanas.
Mas a curto prazo deverá acontecer a ampliação do contingente americano e Maliki poderá usar o suposto massacre em Haditha para deixar claro sua independência em relação a Washington.
Além de expressar indignação, existe a possibilidade de que o primeiro-ministro peça a extradição de qualquer fuzileiro naval implicado. Por acordo com o Iraque, pessoal militar americano acusado de irregularidades ou conduta criminosa só pode ser julgado pelo Justiça militar dos EUA.
Nada disso impedirá uma saraivada de acusações políticas contra os americanos, dentro e fora do Iraque.
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