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05/06/2006 - 11h06

Segurança da Copa vai incluir zona de exclusão aérea

RAY FURLONG
da BBC Brasil, em Berlim

Milhares de policiais, vôos de vigilância e soldados treinados em guerra química estarão de plantão nesta copa na Alemanha, para tentar garantir que ela seja lembrada apenas como um espetáculo esportivo.

Terrorismo, hooligans e neonazistas são possíveis ameaças que fizeram da segurança uma preocupação constante na preparação para a Copa do Mundo.

"Apesas de não haver sinais específicos de possíveis ameaças à Copa, queremos fazer tudo o que for humanamente possível para resguardar os jogos", disse o ministro do Interior, Wolfgang Schaueble, que identificou o terrorismo como sendo a principal ameaça.

Outros responsáveis pela segurança afirmam que a Copa faz do país um alvo para ataques.

Bilhões de expectadores

"Praticamente não existe um alvo melhor do que a Copa do Mundo", disse o ministro do Interior da Bavária, justificando que "alguns dos jogos são vistos por bilhões de expectadores em todo o mundo".

Por esta razão, a Alemanha vai ter um sistema de vigilância de vôos batizado de AWACS (Airborne Warning and Control System), com alertas para qualquer vôo suspeito.

Aviões civis vão ser proibidos de entrar em uma zona de exclusão de 5,4 km em torno dos estádios de futebol durante os jogos para impedir ataques semelhantes aos do 11 de Setembro.

Um debate acirrado tem sido travado sobre o uso do Exército durante a Copa do Mundo. Cerca de 2 mil soldados vão ficar de prontidão para reforçar a polícia, incluindo esquadrões treinados em guerra química.

Robôs vão ser usados para checar a presença de bombas nos estádios.

Algumas equipes vão ter segurança ainda mais reforçada, como a Inglaterra, os Estados Unidos e o Irã.

A Alemanha também anunciou que vai suspender temporariamente o acordo de Schengen e instituir a exigência de passaportes de cidadãos de outros países da União Européia em suas fronteiras.

A medida também é contra o hooliganismo. As autoridades alemãs identificaram riscos, por exemplo, na partida entre a Inglaterra e o Paraguai, no sábado, dia 10 de junho.

Ingleses

Cerca de 100 mil fãs ingleses, muitos viajando em vôos de empresas de tarifas baixas com ida e volta no mesmo dia, estarão em Frankfurt. Mas só 10 mil terão ingressos, enquanto muitos vão assistir aos jogos em telões.

Os responsáveis pela segurança temem que a violência possa acontecer nestes locais públicos.

"Pela primeira vez, vai haver áreas públicas com expectadores em praticamente todas as grandes cidades alemãs", disse Christian Sachs, porta-voz da força especial de segurança da Copa do Mundo do ministério do Interior.

"Em Berlim, por exemplo, vai haver duas ou três com capacidade para cerca de 20 mil pessoas cada, onde os fãs poderão assistir aos jogos em grandes telões - e este é um novo desafio para a segurança porque não é possível checar cada indivíduo que entra".

Extrema direita

Outro possível problema é a partida entre Alemanha e Polônia em Dortmund no dia 14.

Em salas de bate-papo de hoolingans poloneses na internet, o jogo foi identificado como uma chance para brigas.

Existe uma rivalidade tradicional e histórica entre os fãs, e a mídia alemã tem falado bastante de um crescente problema de hooligans poloneses.

Um briga preliminar, entre hooligans dos dois países, aconteceu em uma floresta perto de Berlim no ano passado.

O jogo Irã X Angola, que acontece em Leipzig no dia 21, também é visto como um potencial problema. Mas não por causa de hooligans. O partido de extrema-direita NPD (Partido Nacional Democrático) planeja realizar uma marcha na cidade, em solidariedade aos iranianos.

O partido se identifica com comentários feitos pelo presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad, colocando dúvidas sobre o Holocausto e afirmando que Israel deveria ser riscado do mapa.

A extrema-direita é a última ameaça a surgir nesta Copa, com alertas de que radicais de direita estariam planejando usar o campeonato para fazer propaganda.

A polícia vem pedindo que os tribunais proíbam manifestações da direita durante a Copa, alegando que a segurança das manifestações iria sobrecarregar o trabalho dos policiais.

Segundo Konrad Freiburg, presidente do sindicato dos policiais, além de violência e feridos, o mundo poderia ver cenas de 200 "malucos neonazistas" sendo protegidos por policiais de uma possível contra-manifestação.

"Isso seria vergonhoso e não é a imagem da Alemanha que queremos passar", disse Freiburg.

Os ataques da extrema-direita na Alemanha aumentaram 23% em 2005, de acordo com dados oficiais.

A violência racial é bem mais comum na Alemanha oriental, e a única cidade leste a sediar jogos será Leipzig.

Depois de demitir um porta-voz que alertou sobre perigo de ataques racistas em pequenas e médias cidades, o ministro do Interior Wolfgang Shaueble tenta mostrar que tem o controle da situação. "Durante a Copa, todo mundo poderá se sentir seguro, onde quer que vá na Alemanha".
 

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