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05/06/2006 - 13h31

Israelenses e palestinos torcem pelo Brasil

GUILA FLINT
da BBC Brasil, em Tel Aviv

Israelenses e palestinos têm profundas divergências e conflitos, mas, quando se fala em Copa do Mundo, ambos compartilham de uma mesma paixão: a seleção brasileira.

O coordenador da área de esportes do jornal "Haaretz", Yoav Shoham, não hesitou quando afirmou que os israelenses definitivamente estão torcendo pelo Brasil.

"O grande ícone desta Copa do Mundo é, sem dúvida, Ronaldinho Gaúcho", disse Shoham à BBC Brasil". O "Haaretz" inclusive resolveu colocar a foto de Ronaldinho na capa do suplemento especial da Copa".

"Mas, mesmo sem Ronaldinho, o Brasil é o favorito aqui em Israel, por seus grandes sucessos anteriores, por ser considerada a pátria do futebol. Tenho certeza de que quando o Brasil fizer um gol se ouvirá barulho de comemoração no país inteiro", disse Shoham.

A capitã da seleção palestina de futebol feminino, Honey Thaljies, residente em Belém, na Cisjordânia, conta que poucos dias antes do início da Copa, podem ser vistas mais e mais bandeiras brasileiras na cidade. "A maioria das pessoas está torcendo pelo Brasil", disse Thaljies.

Ronaldinho Gaúcho

"Os melhores jogadores estão na Seleção brasileira, Ronaldinho, Roberto Carlos, Robinho... "inshallah" (se Deus quiser, em árabe) o Brasil vai ganhar".

A capitã palestina é uma grande fã de Ronaldinho Gaúcho. "Além de ser o melhor jogador do mundo, ele também é uma boa pessoa, e por isso o admiro muito, sei que ele trata muito bem os seus colegas e que não é arrogante", disse ela.

A simpatia pelo futebol brasileiro chega até a "desarmar" os soldados israelenses nos locais mais tensos da Cisjordânia --os pontos de checagem militares.

O diplomata brasileiro que chefiou a Representação Brasileira junto à Autoridade Palestina nos últimos oito meses, ministro Josal Pellegrino, notou que a bandeira do Brasil é imediatamente reconhecida "graças ao futebol brasileiro".

Durante sua missão, a rotina de Pellegrino incluía passar pelo menos duas vezes por dia por pontos de checagem militares, no caminho de Jerusalém a Ramallah, com a bandeira brasileira colada na vidraça dianteira do carro diplomático.

"Quando os soldados israelenses vêem a bandeira do Brasil, imediatamente fazem a associação com o futebol e começam a mencionar nomes dos jogadores --Ronaldinho, Kaká, Adriano, Robinho, Roberto Carlos".

O diplomata, que usa o emblema da bandeira brasileira na lapela, também disse que em todos os lugares nos territórios palestinos, as pessoas imediatamente reconhecem a bandeira e começam a falar sobre futebol.

"Em qualquer lugar, seja no supermercado ou no barbeiro, as pessoas param para falar comigo, demonstrando uma grande simpatia por nosso país, tendo como vínculo o futebol", disse Pellegrino.

Além do fato de que os dois povos, geralmente em conflito, concordam na preferência pela Seleção brasileira, a Copa do Mundo cria mais uma situação inusitada na região --desta vez os israelenses estão em desvantagem em relação aos palestinos.

Os palestinos poderão ver todos os jogos, de graça, pelos canais abertos de televisão.

Já os israelenses terão que pagar 309 shekels (cerca de R$ 150) para assistirem aos jogos, que serão transmitidos por canais a cabo ou via satélite.

O jornal "Haaretz" publicou recentemente uma charge mostrando israelenses pulando a polêmica barreira que Israel está construindo na Cisjordânia, no sentido inverso, para ver os jogos no lado palestino.

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