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07/06/2006
-
12h31
da BBC Brasil, em Tel Aviv
O presidente da Autoridade Palestina (AP), Mahmoud Abbas, decidiu submeter um documento - que reconhece o estado de Israel e indica a OLP como representante único e legítimo do povo palestino - para um referendo popular.
Porém, o governo palestino, liderado pelo movimento islâmico Hamas, é contra o documento, chamado de "Documento de Reconciliação Nacional" e também se opõe à realização do referendo.
Abbas considera o documento uma base para um consenso nacional, que pode levar à resolução da crise política e econômica na Autoridade Palestina, que vem se agravando.
Desde a vitória do Hamas nas eleições, há quatro meses, os Estados Unidos e a União Européia, que são os principais doadores de apoio econômico à AP, suspenderam a transferência de verbas "enquanto o Hamas não reconhecer Israel e não renunciar ao terrorismo".
Entenda o que está em jogo no referendo sobre o documento.
Como foi criado o Documento de Reconciliação Nacional?
O documento é uma proposta elaborada por cinco prisioneiros palestinos detidos na prisão israelense de Hadarim, pertencentes a todas as facções palestinas, inclusive ao Hamas.
A iniciativa foi de Marwan Barghouti, principal líder do Fatah na Cisjordânia, e considerado um possível sucessor de Mahmoud Abbas na liderança do movimento.
Barghouti foi preso por Israel em 2002, acusado de envolvimento em atentados e condenado à prisão perpétua. Barghouti negou as acusações. Ele se recusou a colaborar com as autoridades judiciárias, afirmando que é um líder político.
Nas últimas eleições, ele encabeçou a lista do Fatah, e foi eleito para o Parlamento palestino.
O documento também foi assinado por Abdel Halek Natshe, um líder importante do Hamas na Cisjordânia que, como Barghouti, foi eleito para o Parlamento.
Líderes das outras três facções – a Frente Popular para a Libertação da Palestina, a Frente Democrática e o Jihad Islâmico - também assinaram o documento.
O que diz o documento?
Os pontos principais e mais polêmicos do documento envolvem o reconhecimento implícito da existência do Estado de Israel.
O documento defende a criação de um Estado palestino nos territórios ocupados por Israel durante a guerra de 1967 – Cisjordânia, Faixa de Gaza e Jerusalém Oriental.
De maneira implícita, o documento reconhece Israel pois define as fronteiras de um futuro Estado palestino ao lado de Israel.
O documento propõe ainda a "concentração da resistência" nos territórios ocupados, ou seja, o fim dos ataques dentro do território israelense.
Mais um ponto importante é que o documento reconhece a Organização de Libertação da Palestina, liderada pelo presidente Abbas, como representante único e legítimo do povo palestino, e recomenda que o Hamas e o Jihad Islâmico, que não pertencem à OLP, entrem na organização.
O reconhecimento da OLP significa a aceitação de todos os acordos anteriores assinados pela organização, inclusive os acordos de Oslo, firmados com Israel.
Qual é a posição do Hamas em relação ao documento?
O Hamas rejeita os pontos básicos do documento e mantém sua posição contra os acordos de Oslo e contra o reconhecimento da existência de Israel.
De acordo com a ideologia do Hamas, o Estado palestino deve incluir toda a área da Palestina histórica, inclusive o território de Israel, além dos territórios ocupados em 1967.
Qual é a posição do Hamas em relação ao referendo?
O Hamas considera o referendo "ilegal" e uma tática para "derrubar os resultados das eleições parlamentares", e anunciou que vai boicotá-lo, ou seja, vai recomendar à população palestina que não compareça às urnas.
Qual é a posição da população palestina em relação ao documento dos prisioneiros?
De acordo com pesquisas recentes de opinião, cerca de 80% dos palestinos deverão aprovar o documento e a posição do presidente Abbas.
O que pode acontecer se a população disser "sim" a proposta de Abbas, apesar da objeção do governo eleito, do Hamas?
Nesse caso o presidente Abbas espera que o Hamas aceite o consenso delineado no documento dos prisioneiros.
Segundo porta-vozes do Fatah, se o Hamas ignorar o resultado do referendo, o presidente Abbas deverá dissolver o Parlamento e convocar novas eleições.
E o Hamas, vai concordar em renunciar ao poder pacificamente?
Provavelmente não, alguns analistas dizem que existe o perigo de uma guerra civil nos territórios palestinos.
Durante as últimas semanas se agravaram os confrontos armados entre o Fatah e o Hamas na Faixa de Gaza.
O Hamas desafiou um veto do presidente Abbas e criou uma milícia formada por 3.000 de seus militantes.
A milícia entrou em choques com as forças de segurança palestinas, leais a Abbas.
Cerca de 20 pessoas já morreram nesses confrontos e mais dezenas ficaram feridas.
Homens armados do Hamas também invadiram a redação da TV palestina na cidade de Han Yunes, no sul da Faixa de Gaza, destruíram os equipamentos e agrediram os funcionários, acusando-os de serem "colaboradores do Fatah".
Quando será realizado o referendo?
Se não houver um acordo de última hora entre o Fatah e o Hamas, o presidente Abbas deverá decretar a realização do referendo no sábado, dia 10 de junho.
Segundo Abbas, o referendo deverá ocorrer 40 dias após o decreto.
Saiba mais sobre proposta de referendo palestino
GUILA FLINTda BBC Brasil, em Tel Aviv
O presidente da Autoridade Palestina (AP), Mahmoud Abbas, decidiu submeter um documento - que reconhece o estado de Israel e indica a OLP como representante único e legítimo do povo palestino - para um referendo popular.
Porém, o governo palestino, liderado pelo movimento islâmico Hamas, é contra o documento, chamado de "Documento de Reconciliação Nacional" e também se opõe à realização do referendo.
Abbas considera o documento uma base para um consenso nacional, que pode levar à resolução da crise política e econômica na Autoridade Palestina, que vem se agravando.
Desde a vitória do Hamas nas eleições, há quatro meses, os Estados Unidos e a União Européia, que são os principais doadores de apoio econômico à AP, suspenderam a transferência de verbas "enquanto o Hamas não reconhecer Israel e não renunciar ao terrorismo".
Entenda o que está em jogo no referendo sobre o documento.
Como foi criado o Documento de Reconciliação Nacional?
O documento é uma proposta elaborada por cinco prisioneiros palestinos detidos na prisão israelense de Hadarim, pertencentes a todas as facções palestinas, inclusive ao Hamas.
A iniciativa foi de Marwan Barghouti, principal líder do Fatah na Cisjordânia, e considerado um possível sucessor de Mahmoud Abbas na liderança do movimento.
Barghouti foi preso por Israel em 2002, acusado de envolvimento em atentados e condenado à prisão perpétua. Barghouti negou as acusações. Ele se recusou a colaborar com as autoridades judiciárias, afirmando que é um líder político.
Nas últimas eleições, ele encabeçou a lista do Fatah, e foi eleito para o Parlamento palestino.
O documento também foi assinado por Abdel Halek Natshe, um líder importante do Hamas na Cisjordânia que, como Barghouti, foi eleito para o Parlamento.
Líderes das outras três facções – a Frente Popular para a Libertação da Palestina, a Frente Democrática e o Jihad Islâmico - também assinaram o documento.
O que diz o documento?
Os pontos principais e mais polêmicos do documento envolvem o reconhecimento implícito da existência do Estado de Israel.
O documento defende a criação de um Estado palestino nos territórios ocupados por Israel durante a guerra de 1967 – Cisjordânia, Faixa de Gaza e Jerusalém Oriental.
De maneira implícita, o documento reconhece Israel pois define as fronteiras de um futuro Estado palestino ao lado de Israel.
O documento propõe ainda a "concentração da resistência" nos territórios ocupados, ou seja, o fim dos ataques dentro do território israelense.
Mais um ponto importante é que o documento reconhece a Organização de Libertação da Palestina, liderada pelo presidente Abbas, como representante único e legítimo do povo palestino, e recomenda que o Hamas e o Jihad Islâmico, que não pertencem à OLP, entrem na organização.
O reconhecimento da OLP significa a aceitação de todos os acordos anteriores assinados pela organização, inclusive os acordos de Oslo, firmados com Israel.
Qual é a posição do Hamas em relação ao documento?
O Hamas rejeita os pontos básicos do documento e mantém sua posição contra os acordos de Oslo e contra o reconhecimento da existência de Israel.
De acordo com a ideologia do Hamas, o Estado palestino deve incluir toda a área da Palestina histórica, inclusive o território de Israel, além dos territórios ocupados em 1967.
Qual é a posição do Hamas em relação ao referendo?
O Hamas considera o referendo "ilegal" e uma tática para "derrubar os resultados das eleições parlamentares", e anunciou que vai boicotá-lo, ou seja, vai recomendar à população palestina que não compareça às urnas.
Qual é a posição da população palestina em relação ao documento dos prisioneiros?
De acordo com pesquisas recentes de opinião, cerca de 80% dos palestinos deverão aprovar o documento e a posição do presidente Abbas.
O que pode acontecer se a população disser "sim" a proposta de Abbas, apesar da objeção do governo eleito, do Hamas?
Nesse caso o presidente Abbas espera que o Hamas aceite o consenso delineado no documento dos prisioneiros.
Segundo porta-vozes do Fatah, se o Hamas ignorar o resultado do referendo, o presidente Abbas deverá dissolver o Parlamento e convocar novas eleições.
E o Hamas, vai concordar em renunciar ao poder pacificamente?
Provavelmente não, alguns analistas dizem que existe o perigo de uma guerra civil nos territórios palestinos.
Durante as últimas semanas se agravaram os confrontos armados entre o Fatah e o Hamas na Faixa de Gaza.
O Hamas desafiou um veto do presidente Abbas e criou uma milícia formada por 3.000 de seus militantes.
A milícia entrou em choques com as forças de segurança palestinas, leais a Abbas.
Cerca de 20 pessoas já morreram nesses confrontos e mais dezenas ficaram feridas.
Homens armados do Hamas também invadiram a redação da TV palestina na cidade de Han Yunes, no sul da Faixa de Gaza, destruíram os equipamentos e agrediram os funcionários, acusando-os de serem "colaboradores do Fatah".
Quando será realizado o referendo?
Se não houver um acordo de última hora entre o Fatah e o Hamas, o presidente Abbas deverá decretar a realização do referendo no sábado, dia 10 de junho.
Segundo Abbas, o referendo deverá ocorrer 40 dias após o decreto.
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