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11/06/2006 - 13h04

Relatório aponta mais erros da polícia na morte de Jean Charles, diz jornal

da BBC Brasil

O chefe da Polícia Metropolitana de Londres, Ian Blair, foi informado de que o brasileiro Jean Charles de Menezes era inocente 12 horas depois de seus subordinados terem percebido que haviam matado o homem errado, segundo reportagem publicada neste domingo pelo jornal inglês News of the World.

O jornal diz ter obtido uma cópia do relatório da Comissão Independente de Queixas contra a Polícia (IPCC, na sigla em inglês) que mostra que a polícia cometeu uma série de erros no dia da morte do brasileiro e no período que se seguiu ao incidente que, se revelados, poderiam significar "o fim de Ian Blair".

"O dossiê, vazado por fontes de Whitehall (governo britânico), revela que alguns dos agentes de 'Sir' Ian sabiam que Menezes era inocente e definitivamente não era uma homem-bomba apenas horas depois de ele ter sido morto. Mas eles só contaram ao seu chefe no dia seguinte", diz o News of the World.

Uma fonte ligada à IPCC teria dito ao News of the World que é um "fato indiscutível" que os agentes seguraram a informação sobre a inocência de Menezes por 12 horas, ou até a manhã do dia seguinte, até repassá-la ao chefe de polícia.

"A questão é por que (fizeram isso). O que se acredita em Whitehall é que isso tenha ocorrido porque é notório que Sir Ian recebe más notícias de forma muito negativa - eles não queriam enfrentá-lo, então deixaram para o sábado de manhã", disse a fonte ao jornal.

Linguagem frouxa

"Sir Ian sempre insistiu que nem ele nem seus agentes mais graduados sabiam que o homem errado havia sido morto antes de 10h da manhã de sábado. Mas o relatório prova que dois departamentos da Yard sabiam a verdade às 21h45 de sexta-feira", acrescentou a fonte que o jornal apresenta apenas como "ligada à IPCC".

O relatório também citaria provas de que Jean Charles havia consumido cocaína horas antes de ser morto pelos policiais, diz o News of the World. No início deste ano, foi publicada na imprensa britânica a informação de que Jean Charles havia sido acusado de estupro por uma mulher. Mas a polícia metropolitana de Londres acabou constatando a inocência do brasileiro, após um exame de DNA.

Ainda segundo a reportagem, a investigação conclui ainda que a "linguagem frouxa" usada por comandantes da Yard com os seus subordinados provavelmente condenaram Jean Charles à morte.

"Quando ele (Jean Charles) entrou na estação de Stockwell, a comandante Cressida Dick ordenou que ele fosse 'impedido' de entrar no trem. Um outro agente disse que ela acrescentou 'a todo custo'", diz o News of the World.

A comandante disse ao IPCC que ela queria que o suspeito fosse simplesmente aprrendido, mas na hora os agentes dela teriam entendido que era para matar se necessário.

Outro erro apontado pelo relatório obtido pelo jornal foi o fato de a operação que terminou com a morte de Jean Charles ter sido lançada sem a participação de uma equipe de especialistas, chamada de C019, que poderiam tê-lo prendido vivo.

"Uma fonte da IPCC disse que o relatório também destaca negligência grosseira da equipe de observadores da S012 (nome dado a uma força especial da polícia metropolitana) ao não dizer aos seus superiores que um dos seus homens havia definitivamente excluído Menezes como suspeito", diz o jornal.

O jornal diz que a IPCC tentou impedir a publicação da matéria na Justiça recorrer, mas que o pedido não teria sido aceito.

Jean Charles foi morto a tiros por policiais à paisana na estação de metrô de Stockwell, no sul de Londres, em 22 de julho de 2005, dia seguinte aos ataques a bomba frustrados ao sistema de transporte da cidade.

O Ministério Público britânico (CPS, ou Crown Prosecution Service, em inglês) analisa o possível indiciamento de policiais envolvidos na morte do brasileiro.

Essa análise deve determinar se serão abertos processos criminais e eventualmente identificar os supostos responsáveis por confundir Jean Charles com um homem-bomba.
 

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