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16/06/2006 - 17h15

Notícia do afastamento de Gates não causa surpresa

TIM WEBER
da BBC Brasil

O anúncio de que o fundador da Microsoft, Bill Gates, está lentamente se retirando do comando diário da empresa não é novidade.

Em janeiro de 2000, Bill Gates passou a direção executiva da empresa ao amigo dos tempos de universidade, Steve Ballmer.

Nos últimos anos, Gates tem dedicado mais e mais tempo à sua fundação, uma organização de caridade criada com sua esposa, Melinda.

Alguns críticos - e ele tem muitos - descrevem Gates como frio e calculista. Mas quando ele fala das causas apoiadas pela sua fundação, ele fala apaixonadamente.

Consertar o mundo é um objetivo que ele traz perto do coração.

Aids, malária, tuberculose - silenciosos assassinos em massa dos séculos 20 e 21 - estão entre as doenças que ele espera que a tecnologia de ponta possa combater.

Continuidade

Gates, cuja atenção a detalhes é notória, se envolveu de perto em várias das decisões da Fundação Bill e Melinda Gates envolvendo o gasto de US$ 29,1 bilhões.

E é a esta paixão que Gates espera dedicar sua vida a partir de agora. O que ele chama de "rearranjar minhas prioridades". A única surpresa no anúncio de Gates é o timing.

Como muitas grandes empresas, a Microsoft encontra freqüentemente dificuldades de manter segredos. Anunciar a mudança agora esvazia rumores que poderiam aparecer.

O período de transição de dois anos também serve para acalmar investidores e clientes.

Ray Ozzie, veterano respeitado na indústria de software, entrou na empresa no ano passado e vai substituir Gates no papel crucial de arquiteto-chefe de softwares.

Trabalhando junto com Gates nos próximos dois anos, ele vai poder prometer continuidade aos clientes mais importantes da Microsoft: os compradores do setor corporativo, cuja maioria ainda vê com desconfiança os sistemas operacionais rivais como Linux, o Mac OS da Apple e softwares de produtividade como o Open Office.

Craig Mundie, o homem por trás das soluções móveis de computação, assume o papel de liderar a pesquisa e a estratégia da empresa.

Os preços das ações da Microsoft disseram tudo: praticamente não mudaram.

Legado

Como um dos fundadores da Microsoft, Bill Gates ajudou a criar as fundações do mundo digital de hoje.

Os próximos dois anos devem ser suficientes para cimentar seu legado tecnológico.

2007 vai ser o ano do lançamento da versão do sistema operacional Vista para usuários domésticos.

Ela vai ser mais impressionante que a atual aferta da companhia, o Windows XP, e pode ser mais agradável de usar que o OS X da Apple.

As mudanças-chave, no entanto, vão ser mantidas em segredo. Se é possível acreditar nos pregadores tecnológicos da Microsoft, a arquitetura do Vista vai fazer o Windows ficar muito mais confiável e seguro.

Enquanto isso, o Xbox 360, a próxima geração de consoles de videogames da Microsoft, tem o objetivo de ajudar a empresa a sair do escritório para a sala de estar.

E finalmente a Microsoft está agora entrando no mercado de software-sob-medida, com a marca Windows Live.

Esta jogada de oferecer todos os tipos de software online e pelo navegador não vai apenas ajudar a companhia contra seu novo competidor, Google.

Mas principalmente, estas novas ferramentas sob medida têm o objetivo de tornar a visão digital de Gates se tornar uma realidade.

Este é um mundo em que o software é centrado no usuário e o seu planeta digital acompanha você onde quer que você esteja - no escritório, em casa ou na estrada.

É o Santo Graal da "convergência" digital.

Tropeços

Em dois anos, quando Bill Gates espera passar o seu reino adiante, este mundo de convergência poderia também ser um mundo onde a Microsoft está em toda parte.

Claro que há muitos desafios a superar. A Linux está lentamente saindo do seu nicho de desenvolvimento de software.

O Google continua pelo menos alguns passos à frente na aposta dos "sob-medida". E a Apple estragou os planos de Gates com seu sucesso no mundo dos tocadores de música e vídeo.

Bill Gates, no entanto, argumenta que a empresa sempre teve que enfrentar novos competidores e desafios.

"Não houve nenhuma fase da nossa história em que não tenha havido dúvidas sobre a Microsoft", disse ele.

Nos próximos dois anos, Gates espera responder quase todas elas.
 

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