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26/06/2006 - 15h30

Armas ilegais matarão 1,8 milhão em cinco anos, diz ONG

IRACEMA SODRÉ
da BBC Brasil

Um relatório da Campanha pelo Controle de Armas, divulgado nesta segunda-feira, diz que 1,8 milhão de pessoas vão morrer a tiros nos próximos cinco anos se nada for feito para aumentar a regulamentação da venda de armas.

O relatório "AK-47: A Arma Mais Popular do Mundo" foi divulgado no dia em que começa uma conferência da Organização das Nações Unidas, em Nova York, que discutirá nas próximas duas semanas maneiras de se restringir o comércio de armas.

"Cinco anos se passarão até o próximo encontro mundial de pequenas armas. Se os governos não aproveitarem essa oportunidade para impedir que as armas caiam nas mãos erradas, mais 1,8 milhão de pessoas vão morrer a tiros antes que se tenha outra chance de agir", diz Rebecca Peters, diretora da IANSA.

A previsão se baseia na estimativa – usada pelas ONGs – de que mil pessoas morrem por dia vítimas de armas ilegais.

Kalashnikov

De acordo com a Campanha, organizada pelas ONGs Anistia Internacional, Oxfam e IANSA (Rede de Ação Internacional sobre Pequenas Armas), o fuzil AK-47 continuará sendo a arma mais usada em zonas de conflito nos próximos vinte anos devido à falta de controle na venda do armamento.

Até o general russo Mikhail Kalashnikov, que projetou o AK-47, se uniu ao coro que pede o aumento na fiscalização da venda de armas: "Por causa da falta de controle no comércio internacional de armamentos, as pequenas armas acabam chegando a qualquer lugar no mundo para serem usadas não só por militares, mas por agressores, terroristas e todo tipo de criminosos", disse ele.

"Quando assisto televisão e vejo armas da família AK em poder de bandidos, sempre me pergunto: como eles conseguiram acesso a elas?"

O relatório da Campanha pelo Controle de Armas estima que haja 70 milhões de fuzis AK-47 e similares em todo o mundo. Eles fazem parte do arsenal militar de pelo menos 82 nações e são fabricados em 14 países.

Segundo o estudo, esse número vai aumentar agora que o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, decidiu montar uma fábrica de fuzis Kalashnikov, com apoio russo, nos arredores de Caracas. A fábrica será a primeira desta dimensão no continente.

Legado da guerra fria

A facilidade de se encontrar o fuzil no mercado é um legado da guerra fria. A Rússia promovia a fabricação da arma por países aliados, com pouco ou nenhum controle.

Milhões de AK-47 acabaram sendo vendidos a vários regimes nesta época e continuam em circulação até hoje.

"O AK-47 é um símbolo da maneira como o comércio de armas seguiu descontrolado, destruindo vidas. Apenas regras globais para controlar quem fabrica as armas e para quem elas são vendidas poderão assegurar que elas não caiam nas mãos erradas", disse a secretária-geral da Anistia Internacional, Irene Khan.

A falta de controle na produção e venda dos fuzis faz com que os AK-47 caiam nas mãos de grupos ilegais, milícias e criminosos. Em partes da África, é possível comprar um AK-47 usado por apenas US$ 30 (aproximadamente 67 reais).
 

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