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29/06/2006
-
15h05
da BBC Brasil, em Tel Aviv
A prisão, pelo Exército Israelense, de líderes políticos do Hamas na Cisjordânia pode inviabilizar o funcionamento da Autoridade Nacional Palestina e criar um vácuo político nos Territórios Ocupados.
Na noite da quarta-feira, tropas israelenses prenderam 64 líderes políticos importantes do partido governista, entre eles oito ministros, pelo menos 20 membros do Parlamento e os prefeitos de Qalqylia e Jenin.
O presidente do Parlamento palestino, Aziz Dweik, se entregou depois que soldados israelenses cercaram o predio do parlamento em Ramallah.
Porta-vozes israelenses disseram que as prisões foram decretadas "de acordo com a lei anti-terrorismo". "Os líderes do Hamas terão direito a defesa, e aqueles contra os quais não houver evidências serão soltos".
Segundo eles, a ação foi decidida devido à participação do Izadin El Kassam, braço armado do Hamas, no seqüestro do soldado israelense, levou o governo israelense a decidir prender os líderes.
"Não há diferença entre o braço armado e o braço politico do Hamas", declarou o ministro Itzhak Hertzog.
"O Hamas não é um governo, mas sim uma organização terrorista", disse o ministro da Infra-Estrutura, Biniamin Ben Eliezer.
"Ficamos sem nada"
Para os palestinos, as prisões representam um duro golpe na estrutura de funcionamento da Autoridade Nacional Palestina.
"Ficamos sem governo e sem nada", disse o chefe da equipe de negociações da OLP, Saib Arikat. "Todos foram levados, isso é absolutamente inaceitável, e exigimos que sejam libertados imediatamente."
"A operação realizada nesta noite representa uma tentativa unilateral de Israel, de reverter as eleições palestinas", disse o analista Oded Granot à radio estatal israelense.
Gai Bechor, especialista em Oriente Medio, disse à mesma rádio: "Prendendo todos os líderes do Hamas, Israel criou um vácuo politico que Abu Mazen (o presidente Mahmoud Abbas) poderá aproveitar para criar um gabinete de emergência. As novas circunstâncias podem ajudar Abu Mazen".
Em vista do vazio político que se criou com a prisão dos líderes do Hamas, o ministro israelense Itzhak Hertzog afirmou: "Os palestinos tem um presidente, e o presidente Abbas tem muitas opções".
Opinião pública
Vários palestinos ouvidos pela BBC Brasil, no entanto não consideram o vácuo que se criou com a prisão dos líderes do Hamas uma "oportunidade" para o presidente Abbas e rejeitam a possibilidade de que ele venha a formar um novo gabinete para substituir os ministros presos.
"A prisão dos líderes do Hamas fortalece ainda mais esta organização, pois desperta a simpatia da opinião publica. e conseqüentemente enfraquece o Fatah e o presidente Abbas", disse o ex-ministro do Planejamento da ANP Ghassan Hatib.
De acordo com Hatib, "seria inaceitável policamente e legalmente se Abbas nomeasse um outro gabinete para substituir os ministros presos. O público não aceitaria essa medida, e Abbas seria visto como um colaborador de Israel".
"Qualquer gabinete precisa ser aprovado pelo Parlamento, mas a situação fica mais complicada ainda, pois grande parte do Parlamento também está presa", disse Hatib.
O ex-ministro expressou pessimismo. "Talvez esse seja o fim da Autoridade Palestina", disse ele.
O governador do distrito de Belem e um dos lideres do Fatah, Salah Ta'mari, afirmou que a prisão dos líderes mostra que Israel mentiu quando falou de democracia e de um futuro Estado palestino. "Israel não quer um parceiro palestino e nem um estado palestino", disse.
"Agora a situação mudou, não se trata mais de um confronto entre o Fatah e o Hamas, mas sim entre o povo palestino e o governo israelense. Devemos permanecer unidos, e tenho certeza de que o presidente Abbas saberá tomar as decisões certas."
Prisões podem criar vácuo na liderança palestina
GUILA FLINTda BBC Brasil, em Tel Aviv
A prisão, pelo Exército Israelense, de líderes políticos do Hamas na Cisjordânia pode inviabilizar o funcionamento da Autoridade Nacional Palestina e criar um vácuo político nos Territórios Ocupados.
Na noite da quarta-feira, tropas israelenses prenderam 64 líderes políticos importantes do partido governista, entre eles oito ministros, pelo menos 20 membros do Parlamento e os prefeitos de Qalqylia e Jenin.
O presidente do Parlamento palestino, Aziz Dweik, se entregou depois que soldados israelenses cercaram o predio do parlamento em Ramallah.
Porta-vozes israelenses disseram que as prisões foram decretadas "de acordo com a lei anti-terrorismo". "Os líderes do Hamas terão direito a defesa, e aqueles contra os quais não houver evidências serão soltos".
Segundo eles, a ação foi decidida devido à participação do Izadin El Kassam, braço armado do Hamas, no seqüestro do soldado israelense, levou o governo israelense a decidir prender os líderes.
"Não há diferença entre o braço armado e o braço politico do Hamas", declarou o ministro Itzhak Hertzog.
"O Hamas não é um governo, mas sim uma organização terrorista", disse o ministro da Infra-Estrutura, Biniamin Ben Eliezer.
"Ficamos sem nada"
Para os palestinos, as prisões representam um duro golpe na estrutura de funcionamento da Autoridade Nacional Palestina.
"Ficamos sem governo e sem nada", disse o chefe da equipe de negociações da OLP, Saib Arikat. "Todos foram levados, isso é absolutamente inaceitável, e exigimos que sejam libertados imediatamente."
"A operação realizada nesta noite representa uma tentativa unilateral de Israel, de reverter as eleições palestinas", disse o analista Oded Granot à radio estatal israelense.
Gai Bechor, especialista em Oriente Medio, disse à mesma rádio: "Prendendo todos os líderes do Hamas, Israel criou um vácuo politico que Abu Mazen (o presidente Mahmoud Abbas) poderá aproveitar para criar um gabinete de emergência. As novas circunstâncias podem ajudar Abu Mazen".
Em vista do vazio político que se criou com a prisão dos líderes do Hamas, o ministro israelense Itzhak Hertzog afirmou: "Os palestinos tem um presidente, e o presidente Abbas tem muitas opções".
Opinião pública
Vários palestinos ouvidos pela BBC Brasil, no entanto não consideram o vácuo que se criou com a prisão dos líderes do Hamas uma "oportunidade" para o presidente Abbas e rejeitam a possibilidade de que ele venha a formar um novo gabinete para substituir os ministros presos.
"A prisão dos líderes do Hamas fortalece ainda mais esta organização, pois desperta a simpatia da opinião publica. e conseqüentemente enfraquece o Fatah e o presidente Abbas", disse o ex-ministro do Planejamento da ANP Ghassan Hatib.
De acordo com Hatib, "seria inaceitável policamente e legalmente se Abbas nomeasse um outro gabinete para substituir os ministros presos. O público não aceitaria essa medida, e Abbas seria visto como um colaborador de Israel".
"Qualquer gabinete precisa ser aprovado pelo Parlamento, mas a situação fica mais complicada ainda, pois grande parte do Parlamento também está presa", disse Hatib.
O ex-ministro expressou pessimismo. "Talvez esse seja o fim da Autoridade Palestina", disse ele.
O governador do distrito de Belem e um dos lideres do Fatah, Salah Ta'mari, afirmou que a prisão dos líderes mostra que Israel mentiu quando falou de democracia e de um futuro Estado palestino. "Israel não quer um parceiro palestino e nem um estado palestino", disse.
"Agora a situação mudou, não se trata mais de um confronto entre o Fatah e o Hamas, mas sim entre o povo palestino e o governo israelense. Devemos permanecer unidos, e tenho certeza de que o presidente Abbas saberá tomar as decisões certas."
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