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04/07/2006 - 11h35

Portugueses não querem perder Felipão

JAIR RATTNER
da BBC Brasil, em Lisboa

A grande questão que agita Portugal, um dia antes da partida semifinal da Copa do Mundo contra a França, não é o jogo em si.

Nos jornais, nos programas esportivos do rádio e da televisão, há uma pergunta: para onde vai Felipão depois da Copa?

Luiz Felipe Scolari está com a bola cheia em Portugal. Foi o responsável pelo país repetir o maior feito da sua história futebolística, chegar à semifinal de um Mundial, quarenta anos depois da geração de Eusébio – o rival português de Pelé.

Na segunda-feira, a preocupação nacional portuguesa era se Felipão ia assumir de novo a seleção brasileira, depois do fiasco de Parreira.

Na terça, os jornais noticiavam, com preocupação, o interesse espanhol na contratação do pentacampeão para substituir Luis Aragonés no comando da "fúria espanhola".

Críticos

Mesmo os maiores críticos do técnico renderam-se. Até o técnico do Chelsea, José Mourinho, visto como um possível candidato à vaga de treinador nacional apareceu no domingo para defender que a Federação Portuguesa de Futebol deveria fazer tudo para manter Felipão. Outros críticos deixaram de aparecer.

Nas ruas de Lisboa, as roupas habitualmente cinzentas foram substituídas por camisas vermelhas, da cor da bandeira portuguesa, ou pelo bordô, cor que a Nike escolheu para a camisa oficial do time português.

É difícil ver um edifício sem uma bandeira de Portugal, e um grande número de carros ostenta a bandeira portuguesa – atendendo ao pedido de Felipão – ou o cachecol com as cores portuguesas, que os torcedores costumam levar ao estádio.

Nos jornais portugueses, a rivalidade é grande. O diário esportivo O Jogo tem como principal manchete um insulto. Refere-se ao ala Franck Ribéry como “francês idiota!”.

Isso porque ele demonstrou ignorância em perguntas dos jornalistas portugueses, dizendo que Felipão foi uma grande jogador e não sabendo o que dizer sobre Pauleta, que por dois anos consecutivos foi o artilheiro do campeonato francês, sendo eleito o melhor jogador do país, onde joga pelo Paris Saint-Germain.

Outro motivo de crítica ao jogador foi ter chamado os portugueses de provocadores.

Na televisão, o anúncio do principal patrocinador do campeonato português, o portal de apostas Betandwin, tem como slogan “Vamos mandar os galos (símbolo da França) de volta para a capoeira” (galinheiro, em Portugal).

Incidentes

Mas a preocupação das autoridades portuguesas é com os cerca de 1,2 milhão de portugueses que vivem na França.

Depois de no sábado terem sido registrados incidentes com os portugueses que viam os jogos, o clima gerado pela imprensa francesa fez com que o embaixador português em Paris apresentasse um protesto junto ao governo francês e pedisse proteção para os cidadãos portugueses.

Em Lisboa, as queixas são dos brasileiros. Muitos contam que depois do jogo entre a França e o Brasil, os portugueses partiram para atitudes provocatórias.

O fotógrafo paraense Paulo Macedo estava com a camisa da seleção brasileira na Avenida de Liberdade, em Lisboa, o centro dos festejos da vitória sobre a Inglaterra.

“Eles preferiram festejar a derrota do Brasil do que a vitória. Vinham até onde eu estava e começaram a gritar na minha cara que nós tínhamos sido eliminados”.

A presidenta da Casa do Brasil, Heliana Bibas, desdramatiza essas manifestações.

“Se há dessas, também há outras, de brasileiros e portugueses que viram lado a lado os jogos. Isso não me preocupa muito, porque futebol é paixão. O que me preocupa são outras manifestações, como a do Sindicato da Polícia, que afirma que os brasileiros trouxeram o aumento da criminalidade”.
 

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