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10/07/2006
-
00h09
da BBC Brasil, em Berlim
Os contornos dramáticos da decisão da Copa do Mundo, no Estádio Olímpico de Berlim, transformaram o anunciado fim de carreira do craque francês Zinedine Zidane em um dos momentos mais marcantes da história do futebol mundial.
No início da partida, Zidane marcou, de pênalti, o gol que deu vantagem à França. Mas a Itália reagiu e conseguiu o empate. Em clima de tensão, o jogo seguiu para a prorrogação. Poucos minutos antes do fim, o craque francês partiu.
Depois de agredir o zagueiro italiano Marco Materazzi com uma cabeçada, Zidane foi expulso de campo pelo árbitro argentino Horácio Elizondo. Cabisbaixo e irritado, passou ao lado da taça da Copa do Mundo e entrou no vestiário para não voltar mais.
O empate persistiu até o fim da prorrogação. Nos pênaltis, a Itália conquistou o tetracampeonato mundial e deu início a uma grande festa. Mas o momento era de decepção para os franceses. A Copa e a trajetória do genial Zidane terminavam em derrota e tristeza.
Despedida
Antes da Copa, quando anunciou que abandonaria o futebol depois do torneio, Zidane provavelmente não imaginava o que viveria no último mês de sua carreira.
Desacreditado após uma temporada ruim com o Real Madrid, o craque francês renasceu durante a competição. Foi decisivo na vitória contra o Brasil, nas quartas-de-final, e conquistou a chance de se despedir do futebol em uma final de Copa do Mundo.
Na decisão, entrou para a história mais uma vez: ao marcar o primeiro gol da partida, juntou-se aos brasileiros Pelé e Vavá e ao alemão Paul Breitner no restrito grupo de jogadores que marcaram gols em duas finais de Copa.
Mas os planos de repetir a conquista de 1998, quando fez dois gols na vitória por 3 a 0 contra o Brasil na decisão, chegaram ao fim após a discussão com Materazzi.
Agressão
A agressão estragou a despedida, mas foi perdoada pelos companheiros e pelos fãs do craque, incluindo o presidente da França, Jacques Chirac, que, após a partida, manifestou "admiração e respeito" pela trajetória de Zidane no futebol.
O técnico da seleção francesa, Raymond Domenech, também lamentou a expulsão do principal jogador de sua equipe, mas criticou a atuação do árbitro e expressou compreensão com a atitude de Zidane.
"Materrazzi foi o homem do jogo, e não Andrea Pirlo", disse o treinador, ironizando o jogador eleito pela Fifa como melhor em campo e o zagueiro que, além de marcar o gol do empate italiano, teria provocado Zidane no lance da expulsão.
"Quando alguém passa pelo que Zidane passou e o árbitro não faz nada, é compreensível”, acrescentou Domenech. “Você não pode desculpar, mas você pode entender."
O ídolo do futebol alemão Franz Beckenbauer, que preside o comitê organizador da Copa, também saiu em defesa do francês e chegou a dizer que, se Zidane desistisse de encerrar a carreira, seria recebido de braços abertos pelo Bayern de Munique.
"Materazzi deve ter dito algo a Zidane, que é uma pessoa tranquila, até inofensiva", disse Beckenbauer. "É uma pena que ele pare. Gostaríamos de continuar vendo-o jogar."
Zizou
Apesar do desfecho melancólico, a carreira de Zidane foi marcada por cenas de pura magia. Gols, títulos e lances de habilidade não faltaram nas atuações do craque francês, eleito pela Fifa por três vezes como melhor jogador do mundo (1998, 2000 e 2003).
Descendente de argelinos, Zinedine Zidane foi revelado pelo Cannes, clube em que estreou como profissional aos 16 anos de idade, e ganhou destaque quando passou a defender o Bourdeaux.
Contratado pela Juventus em 1996, ganhou experiência, força e reconhecimento no futebol italiano. Junto com a reputação, vieram também os primeiros títulos: bicampeão italiano (97 e 98), bicampeão da Supercopa da Itália (96 e 97) e campeão mundial interclubes (1996).
Em 1998, ao liderar a França na conquista da Copa do Mundo, Zidane consolidou a fama que já havia adquirido e ganhou status de ídolo do futebol mundial. Dois anos depois, voltou a comandar a seleção de seu país em mais uma conquista: a de campeão da Eurocopa.
Em 2001, o craque francês trocou a Juventus pelo Real Madrid. No clube espanhol, ganhou mais três títulos: campeão espanhol (2003), campeão mundial interclubes (2002) e campeão da Liga dos Campeões da Europa (2002), com direito a um golaço na decisão contra o Bayer Leverkusen.
Ao longo da última década, Zidane dividiu com Ronaldo o trono de melhor do mundo até 2004, quando o brilho de Ronaldinho Gaúcho passou a ser mais forte. Nas quartas-de-final da Copa da Alemanha, no entanto, o francês foi soberano diante dos brasileiros.
Agora, o Mundial terminou. E, com o fim da Copa, acaba também a carreira de Zidane. Os lançamentos e passes precisos, o domínio de bola magistral, a habilidade única para evitar e ultrapassar os adversários ficam para a história. Junto com 'Zizou'.
Decisão dramática marca o fim da carreira de Zidane
DIEGO TOLEDOda BBC Brasil, em Berlim
Os contornos dramáticos da decisão da Copa do Mundo, no Estádio Olímpico de Berlim, transformaram o anunciado fim de carreira do craque francês Zinedine Zidane em um dos momentos mais marcantes da história do futebol mundial.
No início da partida, Zidane marcou, de pênalti, o gol que deu vantagem à França. Mas a Itália reagiu e conseguiu o empate. Em clima de tensão, o jogo seguiu para a prorrogação. Poucos minutos antes do fim, o craque francês partiu.
Depois de agredir o zagueiro italiano Marco Materazzi com uma cabeçada, Zidane foi expulso de campo pelo árbitro argentino Horácio Elizondo. Cabisbaixo e irritado, passou ao lado da taça da Copa do Mundo e entrou no vestiário para não voltar mais.
O empate persistiu até o fim da prorrogação. Nos pênaltis, a Itália conquistou o tetracampeonato mundial e deu início a uma grande festa. Mas o momento era de decepção para os franceses. A Copa e a trajetória do genial Zidane terminavam em derrota e tristeza.
Despedida
Antes da Copa, quando anunciou que abandonaria o futebol depois do torneio, Zidane provavelmente não imaginava o que viveria no último mês de sua carreira.
Desacreditado após uma temporada ruim com o Real Madrid, o craque francês renasceu durante a competição. Foi decisivo na vitória contra o Brasil, nas quartas-de-final, e conquistou a chance de se despedir do futebol em uma final de Copa do Mundo.
Na decisão, entrou para a história mais uma vez: ao marcar o primeiro gol da partida, juntou-se aos brasileiros Pelé e Vavá e ao alemão Paul Breitner no restrito grupo de jogadores que marcaram gols em duas finais de Copa.
Mas os planos de repetir a conquista de 1998, quando fez dois gols na vitória por 3 a 0 contra o Brasil na decisão, chegaram ao fim após a discussão com Materazzi.
Agressão
A agressão estragou a despedida, mas foi perdoada pelos companheiros e pelos fãs do craque, incluindo o presidente da França, Jacques Chirac, que, após a partida, manifestou "admiração e respeito" pela trajetória de Zidane no futebol.
O técnico da seleção francesa, Raymond Domenech, também lamentou a expulsão do principal jogador de sua equipe, mas criticou a atuação do árbitro e expressou compreensão com a atitude de Zidane.
"Materrazzi foi o homem do jogo, e não Andrea Pirlo", disse o treinador, ironizando o jogador eleito pela Fifa como melhor em campo e o zagueiro que, além de marcar o gol do empate italiano, teria provocado Zidane no lance da expulsão.
"Quando alguém passa pelo que Zidane passou e o árbitro não faz nada, é compreensível”, acrescentou Domenech. “Você não pode desculpar, mas você pode entender."
O ídolo do futebol alemão Franz Beckenbauer, que preside o comitê organizador da Copa, também saiu em defesa do francês e chegou a dizer que, se Zidane desistisse de encerrar a carreira, seria recebido de braços abertos pelo Bayern de Munique.
"Materazzi deve ter dito algo a Zidane, que é uma pessoa tranquila, até inofensiva", disse Beckenbauer. "É uma pena que ele pare. Gostaríamos de continuar vendo-o jogar."
Zizou
Apesar do desfecho melancólico, a carreira de Zidane foi marcada por cenas de pura magia. Gols, títulos e lances de habilidade não faltaram nas atuações do craque francês, eleito pela Fifa por três vezes como melhor jogador do mundo (1998, 2000 e 2003).
Descendente de argelinos, Zinedine Zidane foi revelado pelo Cannes, clube em que estreou como profissional aos 16 anos de idade, e ganhou destaque quando passou a defender o Bourdeaux.
Contratado pela Juventus em 1996, ganhou experiência, força e reconhecimento no futebol italiano. Junto com a reputação, vieram também os primeiros títulos: bicampeão italiano (97 e 98), bicampeão da Supercopa da Itália (96 e 97) e campeão mundial interclubes (1996).
Em 1998, ao liderar a França na conquista da Copa do Mundo, Zidane consolidou a fama que já havia adquirido e ganhou status de ídolo do futebol mundial. Dois anos depois, voltou a comandar a seleção de seu país em mais uma conquista: a de campeão da Eurocopa.
Em 2001, o craque francês trocou a Juventus pelo Real Madrid. No clube espanhol, ganhou mais três títulos: campeão espanhol (2003), campeão mundial interclubes (2002) e campeão da Liga dos Campeões da Europa (2002), com direito a um golaço na decisão contra o Bayer Leverkusen.
Ao longo da última década, Zidane dividiu com Ronaldo o trono de melhor do mundo até 2004, quando o brilho de Ronaldinho Gaúcho passou a ser mais forte. Nas quartas-de-final da Copa da Alemanha, no entanto, o francês foi soberano diante dos brasileiros.
Agora, o Mundial terminou. E, com o fim da Copa, acaba também a carreira de Zidane. Os lançamentos e passes precisos, o domínio de bola magistral, a habilidade única para evitar e ultrapassar os adversários ficam para a história. Junto com 'Zizou'.
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