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13/07/2006
-
16h53
da BBC Brasil, em Tel Aviv
O aumento da violência entre Israel e o Hezbollah desperta nos israelenses traumas do passado e incertezas em relação ao futuro.
Pela primeira vez desde a retirada israelense do Líbano, em maio de 2000, o Hezbollah volta a lançar mísseis contra cidades e vilarejos no norte de Israel.
Os habitantes da região da Galiléia, que viveram seis anos de tranqüilidade e prosperidade, voltaram aos abrigos antiaéreos e muitos deles estão fugindo do norte de Israel em direção ao sul do país.
Nesta quinta-feira, segundo os militares israelenses, militantes do Hezbollah lançaram mais de 100 mísseis contra a Galiléia, matando uma pessoa e ferindo mais de 70.
Mísseis
Os mísseis, do tipo Katyusha, que no passado tinham um poder de alcance de cinco a dez quilômetros, hoje conseguem atingir locais a 20 quilômetros da fronteira.
Cidades israelenses que não foram atingidas pelos conflitos das décadas de 1980 e 1990, como a cidade de Tzfat e a aldeia árabe de Majd El Krum, foram alcançados pelos mísseis do Hezbollah nos últimos dias.
O prefeito da aldeia de Majd El Krum, Ahmed Dabah, disse à rádio estatal israelense que os habitantes estão em "estado de choque".
"Não temos nem abrigos antiaéreos, não estávamos preparados para isso. Sete casas na aldeia foram atingidas e 20 pessoas ficaram feridas", disse Dabah.
A região, que nos últimos anos se transformou em um foco importante de turismo interno, rapidamente ficou vazia.
Desde a captura dos dois soldados israelenses, na última terça-feira, e com o início dos ataques israelense no Líbano, os hotéis e pensões da Galiléia só recebem pedidos de cancelamento.
A economia de Israel também foi rapidamente afetada pelo clima de guerra que se instalou no país. Em dois dias, a Bolsa de Valores de Tel Aviv registrou uma queda de 8%.
Objetivos
Analistas militares dizem que esta situação pode ser de longa duração.
A ministra das Relações Exteriores de Israel, Tzipi Livni, declarou que o objetivo estratégico da operação militar no Líbano é "retirar o Hezbollah do sul do Líbano, afastá-lo da fronteira com Israel e levar o governo libanês a implementar sua soberania no sul do pais".
Para o analista Reuven Pedhatzur, esse objetivo é "complicado".
Pedhatzur, especialista em história militar da Universidade de Tel Aviv, disse à BBC Brasil que "mesmo se quiser, o governo libanês não tem força suficiente para desarmar o Hezbollah e afastar seus militantes da fronteira".
De acordo com o analista, "será necessária uma intervenção da comunidade internacional para fortalecer o governo libanês e ajudá-lo a enfrentar o Hezbollah".
O editorial desta quinta-feira, do jornal Haaretz, adverte que a crise pode levar a "uma segunda Guerra do Líbano", lembrando a ocupação israelense que começou em 1982 e só terminou 18 anos depois, com a retirada das tropas de Israel em 2000.
"Alguns talvez pensam que vale a pena aproveitar esta oportunidade para 'limpar' o sul do Líbano das bases do Hezbollah, para restaurar o poder de dissuasão de Israel. Neste contexto, a Síria também pode se configurar como um alvo apropriado”, diz o jornal.
“Há dúvidas se uma ação desproporcional desse tipo poderá levar à libertação dos soldados capturados, mas poderá gerar uma nova versão da complicação de 1982", completa o editorial.
Violência desperta traumas do passado em Israel
GUILA FLINTda BBC Brasil, em Tel Aviv
O aumento da violência entre Israel e o Hezbollah desperta nos israelenses traumas do passado e incertezas em relação ao futuro.
Pela primeira vez desde a retirada israelense do Líbano, em maio de 2000, o Hezbollah volta a lançar mísseis contra cidades e vilarejos no norte de Israel.
Os habitantes da região da Galiléia, que viveram seis anos de tranqüilidade e prosperidade, voltaram aos abrigos antiaéreos e muitos deles estão fugindo do norte de Israel em direção ao sul do país.
Nesta quinta-feira, segundo os militares israelenses, militantes do Hezbollah lançaram mais de 100 mísseis contra a Galiléia, matando uma pessoa e ferindo mais de 70.
Mísseis
Os mísseis, do tipo Katyusha, que no passado tinham um poder de alcance de cinco a dez quilômetros, hoje conseguem atingir locais a 20 quilômetros da fronteira.
Cidades israelenses que não foram atingidas pelos conflitos das décadas de 1980 e 1990, como a cidade de Tzfat e a aldeia árabe de Majd El Krum, foram alcançados pelos mísseis do Hezbollah nos últimos dias.
O prefeito da aldeia de Majd El Krum, Ahmed Dabah, disse à rádio estatal israelense que os habitantes estão em "estado de choque".
"Não temos nem abrigos antiaéreos, não estávamos preparados para isso. Sete casas na aldeia foram atingidas e 20 pessoas ficaram feridas", disse Dabah.
A região, que nos últimos anos se transformou em um foco importante de turismo interno, rapidamente ficou vazia.
Desde a captura dos dois soldados israelenses, na última terça-feira, e com o início dos ataques israelense no Líbano, os hotéis e pensões da Galiléia só recebem pedidos de cancelamento.
A economia de Israel também foi rapidamente afetada pelo clima de guerra que se instalou no país. Em dois dias, a Bolsa de Valores de Tel Aviv registrou uma queda de 8%.
Objetivos
Analistas militares dizem que esta situação pode ser de longa duração.
A ministra das Relações Exteriores de Israel, Tzipi Livni, declarou que o objetivo estratégico da operação militar no Líbano é "retirar o Hezbollah do sul do Líbano, afastá-lo da fronteira com Israel e levar o governo libanês a implementar sua soberania no sul do pais".
Para o analista Reuven Pedhatzur, esse objetivo é "complicado".
Pedhatzur, especialista em história militar da Universidade de Tel Aviv, disse à BBC Brasil que "mesmo se quiser, o governo libanês não tem força suficiente para desarmar o Hezbollah e afastar seus militantes da fronteira".
De acordo com o analista, "será necessária uma intervenção da comunidade internacional para fortalecer o governo libanês e ajudá-lo a enfrentar o Hezbollah".
O editorial desta quinta-feira, do jornal Haaretz, adverte que a crise pode levar a "uma segunda Guerra do Líbano", lembrando a ocupação israelense que começou em 1982 e só terminou 18 anos depois, com a retirada das tropas de Israel em 2000.
"Alguns talvez pensam que vale a pena aproveitar esta oportunidade para 'limpar' o sul do Líbano das bases do Hezbollah, para restaurar o poder de dissuasão de Israel. Neste contexto, a Síria também pode se configurar como um alvo apropriado”, diz o jornal.
“Há dúvidas se uma ação desproporcional desse tipo poderá levar à libertação dos soldados capturados, mas poderá gerar uma nova versão da complicação de 1982", completa o editorial.
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