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20/07/2006 - 22h52

Lula diz que Mercosul não deve ter ideologia

MÁRCIA CARMO
da BBC Brasil, em Córdoba

Na estréia da Venezuela como quinto membro pleno do Mercosul, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu, à sua maneira, que o bloco continue sendo ampliado.

"O Mercosul é igual a coração de mãe, sempre cabe mais um", disse. Quando perguntado se esta união não estaria dando uma "guinada à esquerda", com a adesão da Venezuela e o acordo comercial que será assinado pelo bloco com Cuba, ele respondeu: "Estas são políticas de Estado e não se discutem se elas são de direita ou de esquerda".

Segundo ele, nestas políticas, a ideologia não é o mais importante e se tem que "tratar bem", igualmente, os Estados Unidos, a China, a Venezuela, a Argentina, a Colômbia. "Não estamos fazendo política pessoal, mas de Estado e isso ultrapassa os governos".

Com estas palavras, Lula respondeu às críticas de diferentes analistas políticos que, nos últimos dias, afirmaram que a entrada da Venezuela no Mercosul impedirá negociações com os Estados Unidos e dificultará as conversas com a União Européia. Lula disse que o Mercosul é um bloco aberto, mas com regulamentos que devem ser cumpridos. A afirmação é outra resposta aos críticos da integração da Venezuela ao Mercosul.

'Observatório democrático'

Com a intenção de garantir a estabilidade democrática do bloco, o representante do Mercosul, o argentino Carlos "Chacho" Alvarez, propôs a criação de um "observatório democrático" que fiscalizaria os países do bloco.

Chacho, disse um assessor, apresentou a idéia, primeiro, ao presidente Hugo Chávez.

O argumento foi o de que com esse observatório, que ainda depende de aprovação de todos os sócios do Mercosul, se impediria que terceiros países questionassem algum integrante do bloco de não respeitar as regras democráticas.

A idéia seria uma ampliação da já existente cláusula democrática, em vigor desde 1998.

Problema energético

O presidente Lula participa na cidade argentina de Córdoba da 30ª Reunião semestral do Mercosul. Nesta sexta-feira, sua agenda paralela ao encontro oficial contará com um café da manhã com a presidente do Chile, Michelle Bachelet, e, em seguida, um encontro com o presidente da Bolívia, Evo Morales.

Nos dois casos, as discussões deverão ser, principalmente, sobre a questão energética. Bolívia e Brasil ainda não chegaram a entendimento sobre o valor do gás, depois que o governo Morales nacionalizou os hidrocarbonetos, em maio, e pediu ajuste no preço do produto vendido ao mercado brasileiro.

"O Brasil tem a obrigação de ajudar a Bolívia", disse Lula. E ressalvou que a discussão sobre o aumento no preço do gás boliviano está sendo negociada pela Petrobras. "Vamos fazer o possível para ajudar a Bolívia, assim como temos a obrigação de ajudar o Paraguai e Uruguai", disse.

Os dois menores sócios do Mercosul (Paraguai e Uruguai) reclamam da falta de benefícios no bloco.

Bachelet, por sua vez, procura alternativas urgentes à dependência que seu país sofre hoje do gás importado da Argentina. Nos últimos dias, depois que o governo Morales ajustou o preço do produto ao mercado argentino, o governo do presidente Nestor Kirchner anunciou que deverá dobrar o valor da mercadoria enviada ao Chile.

"Temos um problema no Mercosul que é a questão energética. O Brasil está preocupado em dar sua contribuição. Agora mesmo, estamos fornecendo energia ao Uruguai", disse.

Para ele, a questão energética não terá solução de curto prazo para o bloco.

O presidente Lula desembarcou na cidade argentina de Córdoba na noite de quinta-feira e seu retorno à Brasília está previsto para o início da tarde desta sexta-feira, após encerramento da reunião oficial do Mercosul.

Os únicos que deverão permanecer na cidade, especula-se entre diplomatas argentinos, são os presidentes Hugo Chávez, da Venezuela, e Fidel Castro, de Cuba, que marcaram encontro com movimentos sociais na chamada "Cúpula dos Povos".
 

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