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28/07/2006 - 10h56

Garcia assume Presidência do Peru com promessa de governabilidade

DENIZE BACOCCINA
da BBC Brasil, em Lima

O presidente eleito Alan García Perez assume nesta sexta-feira o governo do Peru com “ótimas condições de governabilidade”, na avaliação de analistas políticos.

Isso devido a um esforço para agregar parte da oposição para uma base de apoio no Congresso, após uma vitória apertada no segundo turno e uma campanha eleitoral marcada por um discurso duro.

“O presidente García não perdeu tempo depois das eleições e promoveu através de seus auxiliares e colaboradores uma estratégia de aproximação com as outras forças políticas. E, pela composição da mesa diretora do Congresso, ele está conseguindo”, afirmou Luis Nunes Bertoldo, diretor da escritório do Peru da ONG americana Instituto Democrático Nacional.

Com apenas 36 dos 120 congressistas, o Apra, partido de García, conseguiu eleger a presidente do Congresso, Mercedes Cabanillas, escolhida com 102 votos.

Os outros vice-presidentes são José Vega Antonio (do UPP, partido que estava aliado ao candidato Ollanta Humala na eleição presidencial), Fabiola Morales (União Nacional, da candidata Lourdes Flores) e Luisa María Cuculiza (do partido fujimorista Alianza para el Futuro).

A única força política importante que ficou de fora foi justamente o Partido Nacionalista Peruano (PNP), de Humala. Até agora, ele é também o único com o qual García ainda não conseguiu se aproximar.

A coalizão PNP-UPP, que tinha Humala como candidato presidencial e elegeu uma bancada de 45 congressistas, rachou depois das eleições, com o UPP tendendo a uma oposição menos radical ao presidente.

“Ele assume com boas perspectivas e uma boa capacidade de articulação política”, diz o diplomata brasileiro Ademar Seabra, chefe do setor político da embaixada brasileira em Lima e professor da Relações Internacionais da Universidade San Martín.

Segunda chance

Alan García já foi presidente do Peru, entre 1985 e 1990. Eleito quando tinha 35 anos, ele nacionalizou bancos e empresas e anunciou uma moratória da dívida externa.

Seu governo foi muito criticado por não ter cumprido promessas de campanha e por ter deixado o país com uma hiperinflação. Ficou exilado na Colômbia entre 1992, depois do golpe de Alberto Fujimori, até 2001, quando retornou ao Peru.

Ao anunciar o Ministério, nesta quinta-feira, García destacou que nem todos são do Apra, mas técnicos com reconhecimento em sua área de atuação. Dos 16 ministros, seis são mulheres.

O presidente eleito disse que vai fazer um discurso de cerca de uma hora com propostas concretas, para “fazer com as cifras deixem de ser virtuais”. Ele afirmou que vai centrar seu governo na austeridade, simplificação das regras, criação de empregos e investimentos direcionados à redução da pobreza e desigualdade, além da melhoria dos direitos dos trabalhadores.

No cerimonial peruano, o presidente não transmite a faixa diretamente ao sucessor. Toledo vai entregar a faixa à presidente do Congresso e fazer seu discurso de despedida e deixar o prédio.

Em seguida, a faixa será colocada no peito de García, que faz então seu discurso de posse no Parlamento. Em seguida o presidente irá ao Palácio presidencial, onde fará o juramento. Na primeira vez que foi presidente, em 1985, García conversou informalmente com populares na sacada do palácio.

A cerimônia de posse será presenciada por sete presidentes da região, além do príncipe Felipe, da Espanha. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que chegou a Lima na quinta-feira no fim da tarde, participa das solenidades e tem um encontro reservado com Garcia logo após o almoço oficial.

Além de Lula, estão confirmadas as presenças dos presidentes da Colômbia, Chile, Equador, El Salvador, Honduras e Paraguai. E de representantes dos governos dos Estados Unidos, Argentina, Uruguai, Nicarágua, México, Costa Rica, Argélia, China e da União Européia.

O presidente Toledo desejou boa sorte ao novo presidente e disse que ainda não sabe se vai fazer oposição ao governo.

Questionado pela imprensa peruana se pensava em voltar ao governo em 2011, Toledo disse que “não tinha tempo para pensar nisso” e que ia se dedicar a reestruturar seu partido, o Peru Posible, que conquistou apenas duas cadeiras no Congresso.

Ele deixa o governo com uma recuperação da popularidade. Duas pesquisas divulgadas nos últimos dias mostram uma aprovação de 33% e 47%. Em boa parte dos cinco anos de governo, o presidente teve uma aprovação popular em torno de 10%, apesar do crescimento econômico superior a 5% ao ano durante este período.

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