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03/08/2006
-
08h06
da BBC Brasil, em Miami
Vivendo no exílio em Miami desde os anos 1960, Juanita Castro criticou as celebrações dos últimos dias entre a comunidade cubana na cidade americana após as notícias de que seu irmão, o presidente Fidel Castro, havia passado temporariamente o poder ao irmão Raúl após se submeter a uma cirurgia.
Em uma entrevista exclusiva à BBC, Juanita – que não fala com o irmão há décadas – disse não ter detalhes sobre o estado de saúde de Fidel. “Só sei que já não está sob cuidados intensivos”, disse.
O governo de Cuba vem mantendo um grande hermetismo em torno do estado de saúde de Fidel Castro.
Leia a seguir a entrevista telefônica concedida por Juanita, de Miami:
BBC – A sra. teve notícias de Cuba?
Juanita Castro – Sim, tive notícias nesta manhã de que (Fidel) já não está mais sob cuidados intensivos. Isso é a única notícia que tive, porque lá tudo é um segredo de Estado, mas eu digo que eu não tenho por que guardar segredo de Estado.
Eu não sou o Estado nem acredito que isso afete a saúde nem nada parecido, com relação à situação que ele está enfrentando. Disseram isso para mim numa ligação telefônica que eu fiz, e eu confio na pessoa que me disse.
BBC – Há quantos anos não vê a seu irmão?
Juanita Castro – Há muitos anos, desde 1963. Eu saí em 1964, mas não o vi mais.
BBC – A sra. Quando estava em Cuba já havia tomado uma posição política diferente. Há um conflito entre a política e a família?
Juanita Castro – Um conflito muito grave. Eu não sei se isso será uma doença da qual padecemos os latinos, se isso é normal, se somos diferentes do resto do mundo.
Sempre temos que estar ligando a política com os laços familiares. Acho que os laços familiares, os laços de sangue, são muito fortes.
Estão acima de toda a ideologia, acima de todo o pensamento. Esses laços familiares são levados até as últimas conseqüências.
Eu acho que por um irmão em dificuldades seria capaz de qualquer coisa. Não me importa o abismo que haja desde o ponto de vista ideológico, desde o ponto de vista político.
Preocupa-me seu estado de saúde. Lamento muito a situação que tem havido em Cuba em tantos anos de ditadura. Lamento muito que tenha sido ele o responsável por esta situação que tem sido vivida por tantos anos. Espero que se recupere, mas que deixe a Presidência, que deixe o posto que tem. Espero que o deixe nas mãos de outras pessoas.
Queremos que o povo tenha mais liberdades, que o povo tenha mais oportunidades, que o povo possa se expressar livremente, o que é uma democracia genuína. Espero que possa ser assim o futuro não muito longínquo de meu país.
BBC – A sra. acredita que aqui em Miami vão entender sua posição, de que por um lado é opositora política de Fidel Castro, mas por outro lado o estima como irmão?
Juanita Castro – Eu o estimo como irmão. É meu irmão, não posso negar isso. Preocupo-me com ele. Não me importa o que pensem os exilados. Esta é uma comunidade com muitos extremos.
BBC – Expressar opiniões contrárias aqui em Miami deixa as pessoas expostas?
Juanita Castro – Sim, claro. Não te digo que te condenam, que te queimam em praça pública. Mas que venham me queimar em praça pública. Eu digo o que sinto, não devo nada a ninguém.
Acho que as pessoas sensatas e honestas não vão me rechaçar nem me insultar.
Em Miami, irmã de Fidel critica comemorações
JAVIER APARISIda BBC Brasil, em Miami
Vivendo no exílio em Miami desde os anos 1960, Juanita Castro criticou as celebrações dos últimos dias entre a comunidade cubana na cidade americana após as notícias de que seu irmão, o presidente Fidel Castro, havia passado temporariamente o poder ao irmão Raúl após se submeter a uma cirurgia.
Em uma entrevista exclusiva à BBC, Juanita – que não fala com o irmão há décadas – disse não ter detalhes sobre o estado de saúde de Fidel. “Só sei que já não está sob cuidados intensivos”, disse.
O governo de Cuba vem mantendo um grande hermetismo em torno do estado de saúde de Fidel Castro.
Leia a seguir a entrevista telefônica concedida por Juanita, de Miami:
BBC – A sra. teve notícias de Cuba?
Juanita Castro – Sim, tive notícias nesta manhã de que (Fidel) já não está mais sob cuidados intensivos. Isso é a única notícia que tive, porque lá tudo é um segredo de Estado, mas eu digo que eu não tenho por que guardar segredo de Estado.
Eu não sou o Estado nem acredito que isso afete a saúde nem nada parecido, com relação à situação que ele está enfrentando. Disseram isso para mim numa ligação telefônica que eu fiz, e eu confio na pessoa que me disse.
BBC – Há quantos anos não vê a seu irmão?
Juanita Castro – Há muitos anos, desde 1963. Eu saí em 1964, mas não o vi mais.
BBC – A sra. Quando estava em Cuba já havia tomado uma posição política diferente. Há um conflito entre a política e a família?
Juanita Castro – Um conflito muito grave. Eu não sei se isso será uma doença da qual padecemos os latinos, se isso é normal, se somos diferentes do resto do mundo.
Sempre temos que estar ligando a política com os laços familiares. Acho que os laços familiares, os laços de sangue, são muito fortes.
Estão acima de toda a ideologia, acima de todo o pensamento. Esses laços familiares são levados até as últimas conseqüências.
Eu acho que por um irmão em dificuldades seria capaz de qualquer coisa. Não me importa o abismo que haja desde o ponto de vista ideológico, desde o ponto de vista político.
Preocupa-me seu estado de saúde. Lamento muito a situação que tem havido em Cuba em tantos anos de ditadura. Lamento muito que tenha sido ele o responsável por esta situação que tem sido vivida por tantos anos. Espero que se recupere, mas que deixe a Presidência, que deixe o posto que tem. Espero que o deixe nas mãos de outras pessoas.
Queremos que o povo tenha mais liberdades, que o povo tenha mais oportunidades, que o povo possa se expressar livremente, o que é uma democracia genuína. Espero que possa ser assim o futuro não muito longínquo de meu país.
BBC – A sra. acredita que aqui em Miami vão entender sua posição, de que por um lado é opositora política de Fidel Castro, mas por outro lado o estima como irmão?
Juanita Castro – Eu o estimo como irmão. É meu irmão, não posso negar isso. Preocupo-me com ele. Não me importa o que pensem os exilados. Esta é uma comunidade com muitos extremos.
BBC – Expressar opiniões contrárias aqui em Miami deixa as pessoas expostas?
Juanita Castro – Sim, claro. Não te digo que te condenam, que te queimam em praça pública. Mas que venham me queimar em praça pública. Eu digo o que sinto, não devo nada a ninguém.
Acho que as pessoas sensatas e honestas não vão me rechaçar nem me insultar.
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