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06/08/2006 - 19h36

Constituintes são 'soldados', diz Morales na Bolívia

MERY VACA
da BBC Brasil, em La Paz

Os 255 membros da primeira Assembléia Constituinte eleita da Bolívia são "soldados na luta pela liberdade, dignidade e igualdade", disse neste domingo o presidente boliviano Evo Morales.

Morales inaugurou o órgão legislativo em uma cerimônia na cidade de Sucre, capital do pais.

Conformada por muitos jovens, sindicalistas e mulheres, a assembléia abre as portas a cidadãos que até agora haviam sido excluídos da vida pública do país.

Segundo um levantamento do diário La Razón, mais de 30% dos constituintes é sindicalista e indígena, e outro tanto são mulheres.

Quatro quintos dos representantes têm idades entre 20 e 50 anos.

Expectativas

São grandes as expectativas domésticas, porque todos os conflitos e potenciais enfrentamentos foram redirecionados para serem resolvidos na Assembléia.

Leia reportagem da BBC Brasil sobre os temas em discussão.

Assim, por exemplo, será debatida a questão da autonomia, que confronta as províncias do leste e do oeste do país; a religião, campo em que o governo e a igreja não encontram ponto de acordo; a propriedade de terras, que agora é um foco de conflito permanente.

O presidente Morales, embora pregue a soberania da Constituinte, ressalta que os únicos setores aos quais ela deve se submeter são os sociais.

Como afirmou o vice-presidente, Álvaro Garcia Linera: "A Bolívia teve mais de uma dezena de Constituintes. Em todas elas, os indígenas, camponeses e setores majoritários foram marginalizados da vida republicana".

Ícone

O ícone da nova composição política é a presidente da Assembléia. Chama-se Silvia Lazarte e é uma indígena quéchua de poucos recursos econômicos.

Foi eleita pela próspera região de Santa Cruz, mas vem da área rural de Cochabamba.

Lazarte foi nomeada nas sessões preparatórias, e assumiu suas funções neste domingo, dia em que o país celebra ainda 181 anos de vida republicana.

Ela acredita que sua eleição se deve às "lutas de todas as mulheres bolivianas e nossos antepassados, e também à marginalização das mulheres e dos indígenas durante tanto tempo".

Nas sombras

Há 16 anos, foram precisamente os indígenas do leste (ou "oriente", como chamam os bolivianos) que fizeram uma longa marcha até a cidade de La Paz para exigir que se convocasse uma constituinte.

A exigência se manteve na agenda nacional sem maiores surpresas até o ano 2000, quando os indígenas do oeste ("ocidente") romperam a aparente tranqüilidade do país com incontroláveis bloqueios a estradas.

Naquele ano, descobriu-se que uma parte da Bolívia havia permanecido nas sombras.

Desde então, o processo de mudança se precipitou com mais rapidez.

Em 2003, o presidente Gonzalo Sánchez de Lozada foi obrigado a renunciar, e de imediato surgiu com força o indígena de esquerda Evo Morales, que agora governa o país com níveis de popularidade que oscilam entre 70% e 80%.

Morales, que deu sua mensagem ao Congresso, destacou o caráter "refundador" e "plenamente soberano" da Assembléia, cujos desígnios estarão nas mãos das mulheres e dos indígenas.
 

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