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17/08/2006 - 08h02

Governo brasileiro mantém silêncio sobre Stroessner

DENIZE BACOCCINA
da BBC Brasil, em Brasília

O governo brasileiro decidiu manter silêncio sobre a morte do ex-presidente paraguaio, general Alfredo Stroessner, exilado político no Brasil desde 1989.

A assessoria de imprensa do Palácio do Planalto informou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não vai divulgar nenhuma nota a respeito.

O silêncio deve ser mantido também no Ministério das Relações Exteriores, que até o fim da tarde desta quarta-feira ainda não havia decidido se pronunciar sobre a morte.

Apesar da vida reclusa do general paraguaio, que vivia em Brasília numa casa às margens do Lago Paranoá e segundo vizinhos raramente era visto fora de casa, o asilo causou um certo constrangimento nos círculos políticos brasileiros. O asilo é concedido pelo presidente da República, e só pode ser revogado no caso de o beneficiado se envolver na política interna do país onde está vivendo.

O professor de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB), José Flávio Saraiva, diz que apesar de ter sido um caudilho na política interna paraguaia, Stroessner sempre foi um amigo do Brasil. “Ele foi amigo do Brasil na ditadura e foi amigo na (nossa) democracia”, afirma.

Ele lembra que a construção da usina hidrelétrica de Itaipu, na divisa entre os dois países, só foi possível graças ao bom relacionamento entre os dois países. A usina até hoje garante boa parte do orçamento paraguaio e permitiu que o Brasil desenvolvesse sua indústria na região Sul-Sudeste sem receio de desabastecimento.

Saraiva considera natural o silêncio do governo brasileiro. “Vão falar o quê? Morreu um caudilho de uma ditadura de uma época em que havia uma ditadura aqui também”, diz ele.

O asilo político foi concedido a Stroessner em 1989. Desde então, outros ex-presidentes latino-americanos já passaram pelo país, mas Stroessner foi o único que permaneceu tanto tempo.

Com sua morte, só permanece no Brasil o filho, Gustavo, alvo de mandado internacional de prisão e que será preso se entrar em território paraguaio. Nesta quarta-feira, ele negociava com o governo uma anistia temporária de 24 horas para poder participar do enterro do pai, se o corpo for realmente levado ao Paraguai.

O local do enterro ainda não estava definido. De acordo com a embaixada do Paraguai em Brasília, o governo já afirmou que se o pedido de traslado do corpo for feito, será atendido como se ele fosse um cidadão paraguaio comum.

Mas o presidente Nicanor Duarte Frutos já decidiu que Stroessner não será recebido no Paraguai com honras, apesar da pressão de parte do Partido Colorado para que ele seja homenageado no país.

Do Paraguai, já buscaram refúgio no Brasil o ex-presidente Raúl Cubas e general Lino Oviedo. No ano passado, o ex-presidente do Equador Lucio Gutierrez, deposto num golpe, fugiu para o Brasil, mas desistiu do pedido de asilo político e resolveu voltar para o Equador.

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