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17/08/2006 - 10h11

Lucas Mendes: Cuméquifoi o Brasil?

da BBC Brasil

Pavorosa maravilha! Paisagem imbatível, dias lindos, amigos prósperos, boa comida, restaurantes cheios, ruas congestionadas, explosão de lojas e todos dizem: está uma merda!

Culpa do Lula. Não encontrei nem uma pessoa que vá votar no presidente, mas todos me garantem que ele vai ganhar disparado. Só com o meu voto?

"Tudo caro, ninguém tem dinheiro, é hora de comprar", me explica um amigo que tenta me convencer a investir em um imóvel na Barra. "Estão de graça", diz ele, enquanto passamos pela Rocinha e pelo Vidigal.

No dia seguinte, leio no jornal que, logo depois que passamos por ali, o Vidigal foi invadido pela polícia – ou foi pelos bandidos? –, e a avenida Niemeyer ficou fechada por seis horas.

E os ataques das gangues de São Paulo? Por favor, me explique de novo se a culpa é do Lula ou do Alckmin.

A Maravilha Pavorosa está cara e barata. Saudades de agosto de 2002, dos tempos do Lula Caçador de Capitalistas. Pré-eleição, Lula na liderança, dólar a R$ 3,90. Dava para ficar no Copabacana Palace.

'Caçador de aposentados'

Água de coco no calçadão a R$ 0,50. Agora, com o Lula Caçador de Aposentados, o dólar beira os R$ 2,20, e o coco está a R$ 2. Vale pela água e pelo show.

O calçadão de Copacabana é um dos maiores espetáculos da Terra. Por que não é filme, seriado de TV, teatro, livro? Deve ser porque está na nossa frente e é de graça.

Pizza sobra em Brasília, mas está cara em Belo Horizonte. Um amigo convidou uma família com crianças e adultos, ao todo uns 12, e pagou R$ 900 pelas pizzas, das pequenas. Nem em Manhattan. Não me lembro se rolou vinho.

E por que muitos vinhos argentinos e chilenos custam mais caro no Brasil do que em Nova York? Mais uma perversidade do Mercosul?

Pavor nas favelas do Rio, na São Paulo das gangues, nos balcões e aviões da minha querida Varig.

No meu caso, em dose dupla, na ida e na volta. Em Nova York, oito horas e meia de atraso, duas delas dentro do avião sem luz de leitura e com a metade dos banheiros quebrados.

Na volta, descubro no balcão do aeroporto que, a partir daquele dia, a empresa não voa mais para Nova York. Chio, mas compro outra passagem, pelo dobro do preço, e fico até agradecido porque consegui lugar no avião.

E a mãe em prantos, com duas crianças igualmente em prantos , que precisa voltar para Boston e não tem dinheiro? As duas freiras velhinhas, mansas e pobres, com jeito de santas? Custaram a entender que para sair de Confins iam precisar de asas divinas.

Desistir da Pavorosa Maravilha? Jamais. Ano que vem tem, "iguar qui nem"....
 

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