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23/08/2006
-
21h33
Uma espécie de Google para o meio ambiente, em que 65 países disponibilizariam informações e imagens coletadas por satélites, pode ajudar o Brasil a antecipar surtos de doença ou desastres naturais como a seca que atingiu a Amazônia no ano passado, defendem representantes americano e brasileiros envolvidos no projeto.
Em desenvolvimento desde 2005, o projeto batizado de Sistema Global de Observação da Terra (Geoss, na sigla em inglês) foi apresentado nesta quarta-feira pelo subsecretário de Comércio dos Estados Unidos para Oceanos e Atmosfera, Conrad Lautenbacher, durante o 11º Congresso Mundial de Saúde Pública e 8º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva, no Rio de Janeiro.
"O Brasil tem um papel importante porque foi um dos primeiros países a entrar no projeto (em 2005) e está hoje entre os 12 países que fazem parte do Comitê Executivo", disse Lautenbacher à BBC Brasil.
Embora tenha vindo ao Brasil promover o Geoss para os profissionais da saúde pública, o secretário americano destaca os potenciais benefícios do projeto, que deverá estar em funcionamento em 2015, para outras áreas - da agricultura à formulação de políticas para a preservação para o meio ambiente e de estratégias para lidar com desastres naturais.
Imagens de satélite e dados como temperaturas, índices pluviométricos, nível das águas e umidade do ar, por exemplo, poderiam ajudar a antecipar enchentes, furacões e, no caso do Oceano Pacífico, tsunamis.
De fato o sistema de alerta para ondas gigantes que começou a ser desenvolvido após a tragédia na Ásia em 2004 está sob a tutela do Geoss. A idéia do governo americano é fazer esse banco de dados abranger o maior número de países possível.
Resistência
Lautenbacher admite, porém, que há dificuldades no processo, como a resistência de países em compartilhar dados e as divergências sobre se as informações devem ser oferecidas de graça ou comercializadas entre os países.
"A tecnologia está disponível, o difícil é negociar os acordos entre os países (sobre quais informações oferecer)." Ele defende que seja compartilhado o máximo possível e assegura que, apesar de toda a preocupação com terrorismo, os Estados Unidos não têm intenção de reter informações.
"Qualquer informação pode ser usada de forma negativa, mas acho que há mais ganhos do que riscos."
Quanto à gratuidade dos dados, os Estados Unidos defendem que o Geoss seja "um bem público", que qualquer pessoa possa acessar pela internet. Mas outros países, especialmente os europeus, querem que esses dados sejam comercializados.
"Nesse caso, a política americana coincide com a nossa", diz o diretor do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), Gilberto Câmara.
"Encontrar um consenso é um dos grandes desafios de um projeto internacional. Essa é uma das razões pelas quais o Brasil tem trabalhado com os Estados Unidos".
"O Brasil já é o maior distribuidor de imagens de satélite do mundo", diz Câmara. "Temos mostrado para os outros países que a nossa política tem dado grande retorno".
O exemplo mais contundente no caso do Brasil é a seca ocorrida na Amazônia no ano passado. Para o diretor do Inpe, com o Geoss em funcionamento, não teria sido possível evitá-la, mas ao menos mitigá-la.
"Vai ser possível, por exemplo, monitorar as temperaturas do Oceano Atlântico, que é uma das grandes fontes de calor global e um dos fatores mais influentes no clima da Amazônia. Atualmente, temos só seis bóias fazendo isso". Com o Geoss, sustenta Câmara, o Brasil teria acesso a um número muito maior de medições.
O Inpe defende que o Brasil disponibilize a "quase totalidade das informações", embora essa decisão caiba ao governo. "Poderão existir informações que o governo brasileiro escolha não colocar."
Quanto ao custo do projeto, Câmara diz que bastaria reorientar os recursos já disponíveis. "É uma questão de foco. Vamos encerrar a participação na Estação Espacial Internacional no ano que vem. Podemos investir R$ 120 milhões numa tecnologia que vai atender ao público".
Segundo Câmara, o orçamento anual do Inpe está em torno de R$ 150 milhões.
Brasil e EUA promovem 'Google ambiental' no Rio
da BBC BrasilUma espécie de Google para o meio ambiente, em que 65 países disponibilizariam informações e imagens coletadas por satélites, pode ajudar o Brasil a antecipar surtos de doença ou desastres naturais como a seca que atingiu a Amazônia no ano passado, defendem representantes americano e brasileiros envolvidos no projeto.
Em desenvolvimento desde 2005, o projeto batizado de Sistema Global de Observação da Terra (Geoss, na sigla em inglês) foi apresentado nesta quarta-feira pelo subsecretário de Comércio dos Estados Unidos para Oceanos e Atmosfera, Conrad Lautenbacher, durante o 11º Congresso Mundial de Saúde Pública e 8º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva, no Rio de Janeiro.
"O Brasil tem um papel importante porque foi um dos primeiros países a entrar no projeto (em 2005) e está hoje entre os 12 países que fazem parte do Comitê Executivo", disse Lautenbacher à BBC Brasil.
Embora tenha vindo ao Brasil promover o Geoss para os profissionais da saúde pública, o secretário americano destaca os potenciais benefícios do projeto, que deverá estar em funcionamento em 2015, para outras áreas - da agricultura à formulação de políticas para a preservação para o meio ambiente e de estratégias para lidar com desastres naturais.
Imagens de satélite e dados como temperaturas, índices pluviométricos, nível das águas e umidade do ar, por exemplo, poderiam ajudar a antecipar enchentes, furacões e, no caso do Oceano Pacífico, tsunamis.
De fato o sistema de alerta para ondas gigantes que começou a ser desenvolvido após a tragédia na Ásia em 2004 está sob a tutela do Geoss. A idéia do governo americano é fazer esse banco de dados abranger o maior número de países possível.
Resistência
Lautenbacher admite, porém, que há dificuldades no processo, como a resistência de países em compartilhar dados e as divergências sobre se as informações devem ser oferecidas de graça ou comercializadas entre os países.
"A tecnologia está disponível, o difícil é negociar os acordos entre os países (sobre quais informações oferecer)." Ele defende que seja compartilhado o máximo possível e assegura que, apesar de toda a preocupação com terrorismo, os Estados Unidos não têm intenção de reter informações.
"Qualquer informação pode ser usada de forma negativa, mas acho que há mais ganhos do que riscos."
Quanto à gratuidade dos dados, os Estados Unidos defendem que o Geoss seja "um bem público", que qualquer pessoa possa acessar pela internet. Mas outros países, especialmente os europeus, querem que esses dados sejam comercializados.
"Nesse caso, a política americana coincide com a nossa", diz o diretor do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), Gilberto Câmara.
"Encontrar um consenso é um dos grandes desafios de um projeto internacional. Essa é uma das razões pelas quais o Brasil tem trabalhado com os Estados Unidos".
"O Brasil já é o maior distribuidor de imagens de satélite do mundo", diz Câmara. "Temos mostrado para os outros países que a nossa política tem dado grande retorno".
O exemplo mais contundente no caso do Brasil é a seca ocorrida na Amazônia no ano passado. Para o diretor do Inpe, com o Geoss em funcionamento, não teria sido possível evitá-la, mas ao menos mitigá-la.
"Vai ser possível, por exemplo, monitorar as temperaturas do Oceano Atlântico, que é uma das grandes fontes de calor global e um dos fatores mais influentes no clima da Amazônia. Atualmente, temos só seis bóias fazendo isso". Com o Geoss, sustenta Câmara, o Brasil teria acesso a um número muito maior de medições.
O Inpe defende que o Brasil disponibilize a "quase totalidade das informações", embora essa decisão caiba ao governo. "Poderão existir informações que o governo brasileiro escolha não colocar."
Quanto ao custo do projeto, Câmara diz que bastaria reorientar os recursos já disponíveis. "É uma questão de foco. Vamos encerrar a participação na Estação Espacial Internacional no ano que vem. Podemos investir R$ 120 milhões numa tecnologia que vai atender ao público".
Segundo Câmara, o orçamento anual do Inpe está em torno de R$ 150 milhões.
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