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25/08/2006 - 08h15

Bolívia anuncia retomada de negociação com Brasil sobre gás

DENIZE BACOCCINA
da BBC Brasil, em Brasília

O governo boliviano anunciou a retomada das negociações para o cumprimento do decreto de nacionalização de hidrocarbonetos na Bolívia, onde a Petrobras tem projetos de exploração de gás natural.

O anúncio foi feito nesta quinta-feira, no Ministério das Relações Exteriores, durante a visita a Brasília do vice-presidente da Bolívia, Álvaro Garcia Linera.

As negociações, paradas desde junho, devem ser retomadas no início de setembro, de acordo com o assessor especial da Presidência do governo brasileiro para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, que participou das reuniões.

O principal entrave nos entendimentos é o aumento no preço do gás natural boliviano, reivindicado por La Paz.

O vice-presidente boliviano disse que seu país considera o governo brasileiro e a Petrobras como sócios estratégicos da Bolívia.

"Vamos fazer todo o esforço necessário para integrar a Petrobras ao nosso esforço energético", disse.

Ele reafirmou a intenção do governo boliviano de concluir a negociação no prazo de seis meses, como ficou definido pelo decreto de nacionalização, de 1º de maio. Linera também disse que não está prevista a ampliação desse prazo, que vence no início de novembro.

"Virar a página"

"Há uma grande vontade do governo boliviano de conseguir um grande acordo de cooperação, de integração com a Petrobras. Queremos virar a página em qualquer tipo de desencontro e mal-entendido que houve no passado", disse Linera.

Antes, numa palestra no auditório do Itamaraty sobre a história e o momento atual da Bolívia, Garcia Linera disse que o êxito ou o fracasso das medidas políticas e econômicas do governo boliviano "dependem muito das relações de cooperação e solidariedade dos outros países da região".

"Especialmente Brasil e Argentina, que são dois pilares que nos acompanham nesta experiência", afirmou.

Cientista social com grande conhecimento dos movimentos sociais na Bolívia, ele disse que o país sempre esteve dividido entre uma sociedade multiculural, de maioria indígena e mestiça, e uma elite política e econômica monocultural, dominada pela minoria branca.

A eleição de Evo Morales, avalia ele, é o resultado do fracasso das políticas econômicas das elites do país. "A Bolívia está sendo governada pelos movimentos sociais", afirmou, ressalvando que isso também gera uma série de conflitos.

"Estamos na metade do rio. Ainda não chegamos à outra margem, mas temos que avançar para não naufragar", disse.

No Palácio do Planalto, além de Marco Aurélio Garcia, Linera encontrou-se com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com o ministro das Minas e Energia, Silas Rondeau, com a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e com o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli.

Depois, almoçou no Itamaraty com o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim.

Marco Aurélio Garcia disse que a visita foi extremamente positiva. "Desde o início das reuniões, ele reiterou que estava aqui para eliminar qualquer tipo de problema que possa ter havido no passado", contou aos jornalistas.

Também durante a visita, ficou acertado que o presidente Lula irá visitar a Bolívia, e o presidente da Bolívia, Evo Morales, o Brasil. As visitas devem ocorrer depois das eleições presidenciais.
 

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