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05/09/2006 - 14h19

Para UE, Doha só será retomada após eleições nos EUA

MÁRCIA BIZZOTTO
da BBC, em Bruxelas

O comissário de Comércio da União Européia, Peter Mandelson, disse ao Parlamento Europeu nesta terça-feira que as negociações sobre a Rodada Doha só deverão ser retomadas depois das eleições parlamentares nos Estados Unidos, em novembro.

"Acho que temos que esperar pelos resultados das eleições (americanas) antes de acreditar que podemos ter uma oportunidade concreta de retomar as negociações", afirmou, depois de culpar mais uma vez o governo de George W. Bush pela paralisação da Rodada.

Nas últimas reuniões da Organização Mundial de Comércio (OMC), os Estados Unidos se recusaram a concordar com um corte significativo de seus subsídios agrícolas internos, como pediam o G20 e a União Européia.

Diante dessa postura, os dois grupos se recusaram a fazer novas concessões, causando um impasse que levou o diretor-geral da instituição, Pascal Lamy, a suspender o debate por tempo indeterminado.

Oportunidade

Para Mandelson, a posição americana só poderá mudar depois do estabelecimento do novo Congresso.

Essa estimativa contraria as declarações de outros membros da OMC, que dizem confiar na possibilidade de que a primeira reunião do G20 desde a suspensão das negociações, marcada para o próximo fim de semana no Rio de Janeiro, seja capaz de reanimar o debate.

O comissário europeu confirmou que participará do encontro, que considera "a primeira oportunidade para revisar o que aconteceu em Genebra (a paralisação das negociações), discutir as posições de cada grupo e abordar a possibilidade de seguir adiante".

Mandelson diz que quer aproveitar a ocasião para voltar a pedir que o Brasil se comprometa com uma maior abertura do mercado de bens industriais.

"Lamento que a paralisação da questão agrícola não permita que o debate na OMC avance como deveria nas áreas de bens industriais e de serviços, que seriam as responsáveis pelos maiores ganhos", afirmou.

Perdas e ganhos

O comissário europeu declarou ainda que o Brasil e outros países em desenvolvimento seriam os principais perdedores em um "estancamento contínuo" da Rodada.

"Eles perderiam oportunidades de comércio e, mais importante, correriam o risco de perder com o enfraquecimento de um sistema de comércio multilateral", afirmou o comissário.

De acordo com um estudo da Unctad (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento), divulgado na semana passada, os países em desenvolvimento exportariam US$ 78 bilhões a mais em 2015 com a conclusão da Rodada Doha. O mercado brasileiro ficaria com 22,4% dos ganhos obtidos por esse grupo.

Mandelson calcula que, no mercado europeu, o crescimento chegaria a 20 bilhões de euros. Segundo o comissário, os acordos bilaterais "não são uma alternativa à Rodada, mas apenas um complemento".

"Doha seguirá sendo a prioridade da União Européia. Nada pode substituir a OMC", avalia.

O comissário europeu insistiu insistiu, no entanto, em destacar que, para que as negociações sejam retomadas, os Estados Unidos devem seguir o exemplo europeu e reduzir barreiras tarifárias e subsídios que beneficiam seus agricultores.

Especial
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