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16/09/2006 - 11h17

Artista plástico carioca expõe no Panthéon de Paris

DANIELA FERNANDES
da BBC Brasil, em Paris

O artista plástico carioca Ernesto Neto expõe, a partir desta sexta-feira, em Paris, uma gigantesca instalação, chamada Leviatã Thot, dentro de um dos monumentos mais importantes da capital francesa, o imponente Panthéon, onde estão sepultadas as maiores personalidades da França, como Voltaire, Jean-Jacques Rousseau, Victor Hugo e Zola.

A obra é uma encomenda do Ministério da Cultura da França e faz parte do calendário de eventos do Festival de Outono de Paris.

Leviatã Thot, inspirada no monstro bíblico do livro de Jó, figura utilizada pelo filósofo inglês Hobbes em sua teoria sobre a função do Estado moderno, é uma escultura antropomórfica feita com sacos transparentes de tule e lycra, que compõem uma espécie de pele, equilibrados por bolinhas de poliestireno e areia.

Clique aqui para ver imagens da instalação de Ernesto Neto

Ela está suspensa na cúpula do Panthéon, um dos monumentos mais representativos da história da França, símbolo da República, onde estão as tumbas de mais de 70 personagens emblemáticos do país.

Pêndulo de Foucault

A antiga basílica Sainte-Geneviève, construída a pedido de Luís 15 no final do século 18, tornou-se uma sepultura durante a Revolução Francesa, em 1789, destinada às grandes personalidades francesas.

Durante toda essa semana, a obra foi instalada no monumento parisiense. Um grupo de alpinistas foi solicitado para identificar os pontos onde poderiam ser colocados os ganchos que suspendem a gigantesca escultura.

A escultura é composta de cinco partes, com atribuições bem definidas pelo artista: o rosto, que representa o medo e o espírito, o corpo, simbolizando a energia e o movimento, as duas laterais, que seriam as mãos do Leviatã, imagem da igualdade, justiça e da ação do homem sobre o mundo, que também pode ser violenta.

O chamado "quinto elemento" da instalação, a peça que conecta todas as outras e é considerada o coração e o cérebro da obra, está bem no meio da réplica do célebre Pêndulo de Foucault, exibido no Panthéon (o original está no Museu das Artes e Profissões de Paris).

O Pêndulo de Foucault, de 1851, permitiu provar a rotação da Terra sobre ela mesma.

"É um objeto fantástico, símbolo das revoluções científicas. Ele me lembra minha própria obra, que é uma espécie de pêndulo", diz Ernesto Neto.

Raridade

O artista carioca afirma que a escultura foi toda construída em função da simetria do Panthéon, um prédio de 110 metros de comprimento e 83 metros de altura, célebre por sua famosa cúpula que podia ser avistada, bem antes da Torre Eiffel, pelas pessoas que chegavam a Paris.

A instalação representa o conflito entre gravidade e matéria e entre natureza e cultura, diz ele. A arquitetura e o simbolismo do monumento também inspiraram Ernesto Neto.

"O Panthéon simboliza a passagem da monarquia à república e, ao mesmo tempo, se tornou um tumba, sem luz. É o monumento da mudança política, fruto da pré-modernidade. Tudo isso oxigenou meu espírito", diz o artista.

É raro que artistas brasileiros possam expor suas obras em monumentos tão importantes de Paris.

No ano passado, durante o Ano do Brasil na França, o artista contemporâneo Tunga expôs uma escultura sob a pirâmide do Museu do Louvre.

A obra Leviatã Thot, de Ernesto Neto, pode ser vista até o dia 31 de dezembro.
 

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