Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
18/09/2006 - 07h37

"O papa realmente se desculpou?", questiona jornal

da BBC Brasil

A polêmica em torno das declarações do papa Bento 16 na semana passada, consideradas ofensivas por grupos muçulmanos, é destaque nos principais jornais internacionais nesta segunda-feira.

Durante uma visita à Alemanha, na semana passada, o papa havia feito referências ao Islã e à guerra santa, citando palavras de um imperador católico que viveu no tempo das cruzadas católicas contra os países islâmicos.

“O papa diz perdão, mas ele realmente se desculpou?”, questiona em sua primeira página o britânico The Daily Telegraph.

O jornal destaca as declarações do ministro turco Mehmet Aydin de que o papa deve pedir desculpas de uma maneira mais enfática. “O senhor lamenta ter dito isso ou por causa de suas conseqüências?”, disse o ministro.

Em artigo interno, o Telegraph observa que apesar das poucas divergências aparentes entre o estilo de Bento 16 e o de seu antecessor, João Paulo 2º, o novo papa adotou uma postura muito mais cautelosa em relação à aproximação com o Islã.

“Ele é muito menos entusiasta que seu antecessor de cúpulas entre fés como a que João Paulo 2º organizou em Assis, as quais os críticos temem que possam borrar as diferenças entre as religiões e diminuir o status do Catolicismo”, diz o artigo.

“Desde que Bento 16 se tornou o papa, o Vaticano sinalizou com uma linha mais dura em suas negociações com o Islã, enfatizando a necessidade de ‘reciprocidade’”, observa o texto.

O também britânico The Guardian dedica sua manchete principal ao tema, relatando os protestos no mundo islâmico apesar do pedido de desculpas do papa.

Em seu editorial, o jornal observa que “é do interesse do papa mostrar uma maior consciência do contexto político sensível no qual comentários sobre outras religiões são feitos”.

O texto diz que “é ainda mais importante que a maioria muçulmana evite se tornar refém de uma minoria de extremistas que quer tornar esse pesaroso drama em uma crise global”.

O diário alemão Die Welt argumenta que o ódio no mundo islâmico por causa da citação usada pelo papa não tem razão de ser porque ela apenas expressava “um fato histórico documentado”.

O jornal afirma que não é nem provocador nem blasfemo observar que “o Cristianismo, apesar dos abusos, não é essencialmente uma religião de conquista como praticado pessoalmente e com sucesso pelo profeta do Islã”.

“As reações histéricas do mundo muçulmano mostram principalmente que há muitas pessoas influentes que aproveitam qualquer oportunidade para iniciar um choque de culturas”, diz o jornal.

O espanhol El Mundo, da Espanha, compara o episódio ao das charges dinamarquesas de Maomé e defende a liberdade de expressão do papa.

“O papa não precisa se desculpar por expressar uma opinião”, diz o jornal. “Ele defendeu uma idéia com a qual nós concordamos totalmente: tolerância.”

O também alemão Frankfurter Rundschau, porém, diz que as declarações de Bento 16 foram equivocadas.

“Um papa não é um especialista que pode filosofar por si próprio sem considerar suas conseqüências”, argumenta o diário. “Ele precisa se colocar no lugar daqueles ouvintes que se sentem humilhados pelo Ocidente.”

O francês Libération, por sua vez, ironiza o pedido de desculpas do papa. “Não há nada pior para um papa infalível do que cometer um erro”, diz o diário.

O jornal admite, porém, que suas palavras foram retiradas do contexto e que muitos regimes árabes estimularão a cólera popular para controlar seus opositores islâmicos.

Não-alinhados

O Movimento dos Não-Alinhados, cuja reunião de cúpula terminou no fim de semana em Havana, está procurando uma nova razão de ser no mundo pós-Guerra Fria, observa o jornal francês Le Monde em sua edição desta segunda-feira.

O objetivo de seus membros originais era permanecer “equidistante” entre os Estados Unidos e a União Soviética, observa o jornal.

“A busca por uma 'terceira via' entre o capitalismo e o comunismo soviético não foi sempre um sucesso, mas ao menos o não-alinhamento tinha um sentido”, comenta o diário.

Agora o movimento está marcado por uma “hostilidade de via única aos Estados Unidos”, diz o jornal, com o presidente venezuelano, Hugo Chávez, tomando a liderança anti-americana.

“A tarefa é difícil, porque se os líderes da África, da Ásia e da América Latina estão prontos a denunciar a hegemonia americana, eles não estão sempre preparados para duelar com suas espadas com Washington”, diz o texto.

O Monde explica que muitos desses países têm políticas econômicas liberais que dependem de ajuda dos Estados Unidos.

Lula e o Congresso

As supostas declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em uma conversa privada, sobre sua vontade de fechar o Congresso, publicadas por jornais brasileiros no domingo, foram tema de reportagem do jornal argentino La Nación nesta segunda-feira.

“A frase do presidente causou polêmica em um país que está vivendo seu quarto mandato democrático. Só três presidentes foram eleitos pelo voto direto: Fernando Collor de Mello, Fernando Henrique Cardoso e Lula”, diz a reportagem assinada pelo correspondente do jornal em São Paulo, Luis Esnal.

Para o diário, porém, “a indignação no Brasil não vai adiante justamente porque Lula não é conhecido por tomar decisões de ruptura de nenhum tipo”. “Como sindicalista, sua principal habilidade, que lhe permitiu chegar à Presidência, foi sempre negociar.”

O jornal destaca ainda que o Palácio do Planalto negou em um comunicado que o presidente tenha feito “qualquer afirmação que possa ser entendida como uma ameaça ou hipótese de restrição ao funcionamento livre, pleno e soberano do Congresso”.

A reportagem também destaca que Eugenio Staub, dono da Gradiente, a quem a suposta declaração teria sido feita, foi um dos empresários que anunciaram publicamente seu apoio a Lula em 2002, mas nesta eleição não pretende declarar seu apoio a nenhum dos candidatos.
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página