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18/09/2006
-
16h15
da BBC Brasil, em Nova York
Oito horas deverão separar os discursos nesta terça-feira de George W. Bush e Mahmoud Ahmadinejad durante a assembléia geral das Nações Unidas, em Nova York.
Os disparos retóricos serão a coisa mais próxima de um duelo entre os presidentes dos Estados Unidos e Irã. E talvez seja o máximo para contentar a platéia mundial, bem menos do que o debate de televisão proposto por Ahmadinejad no mês passado e que o governo Bush rejeitou prontamente dizendo que não passava de uma jogada de publicidade.
De qualquer forma, os dois dirigentes querem ganhar pontos nesta assembléia geral, que terá o impasse envolvendo o programa nuclear iraniano como um dos temas cruciais. Serão mais de 70 discursos de dirigentes mundiais, mas seguramente existe mais ansiedade em relação aos pronunciamentos de Bush e Ahmadinejad.
O presidente americano antecipou que seus recados ao regime de Teerã serão pedra de toque de seu discurso.
Impaciência
Bush prometeu que usará seu pronunciamento para advertir o Irã no sentido de que acate a resolução das Nações Unidas para suspender seu programa de enriquecimento de urânio.
Em uma coletiva na sexta-feira, o presidente estava impaciente e ressaltou que as conversações envolvendo Teerã e países europeus estão se arrastando.
Apesar da impaciência, ceticismo e duras palavras contra o Irã, a previsão é de que no seu discurso da terça-feira, Bush expresse seu apoio a estas negociacões. Qual é a alternativa que ele tem neste momento diante da resistência a sanções dentro do Conselho de Segurança da ONU, em particular da Rússia e China?
O prazo estabelecido pelo Conselho de Segurança para a suspensão do enriquecimento de urânio pelo Irã venceu em 31 de agosto, mas a conversa continua, com sinais ambíguos emitidos pelas autoridades de Teerã.
Figura poderosa
Ë dificil prever quais serão os sinais de Ahmadinejad no seu discurso da terça-feira.
No ano passado, ele emergiu da condição de obscuro linha-dura para a de um dos mais visíveis oponentes do governo Bush. No seu pronunciamento de debutante na assembléia geral da ONU em 2005, Ahmadinejad foi intrigante, para dizer o mínimo, com o tom místico de suas palavras. Ele disse mais tarde para um clérigo iraniano que sentira que havia uma "aura" de santidade o cercando durante o discurso.
Nunca se sabe. É possível que Ahmadinejad use o cenário das Nações Unidas para algum gesto conciliatório. Mas o mais provável é que qualquer palavra na assembléia geral sobre a questão nuclear não seja a última palavra iraniana. Algo pode ser dito com mais segurança.
No geral, como diz o analista Karim Sadjadpour, do International Crisis Group, baseado em Bruxelas, "Ahmadinejad é visto como uma figura mais poderosa do que se antecipara quando ele foi eleito".
Faroeste
Mas enquanto Bush e Ahmadinejad não trocam tiros no faroeste diplomático de Nova York, o presidente francês Jacques Chirac faz os seus disparos.
Na segunda-feira, em uma entrevista à rádio francesa, ele confirmou que não resiste a um duelo com o presidente americano. Chirac pressionou o Conselho de Segurança a suavizar suas ameaças de sanções contra o Irã, quando no ar está um balão de ensaio lançado por Teerã de que pode suspender o seu enriquecimento de urânio não antes, mas durante negociações.
É verdade que, nas últimas semanas, os Estados Unidos e seus aliados europeus suavizaram sua abordagem na crise nuclear iraniana, mas a sugestão francesa parece ir além da dose de paciência de Washington.
O xerife Bush não deve estar muito satisfeito com o pistoleiro Chirac antes da saraivada no duelo indireto com o arquiinimigo Ahmadinejad.
Bush e Ahmadinejad terão 'duelo' no 'faroeste diplomático' da ONU
CAIO BLINDERda BBC Brasil, em Nova York
Oito horas deverão separar os discursos nesta terça-feira de George W. Bush e Mahmoud Ahmadinejad durante a assembléia geral das Nações Unidas, em Nova York.
Os disparos retóricos serão a coisa mais próxima de um duelo entre os presidentes dos Estados Unidos e Irã. E talvez seja o máximo para contentar a platéia mundial, bem menos do que o debate de televisão proposto por Ahmadinejad no mês passado e que o governo Bush rejeitou prontamente dizendo que não passava de uma jogada de publicidade.
De qualquer forma, os dois dirigentes querem ganhar pontos nesta assembléia geral, que terá o impasse envolvendo o programa nuclear iraniano como um dos temas cruciais. Serão mais de 70 discursos de dirigentes mundiais, mas seguramente existe mais ansiedade em relação aos pronunciamentos de Bush e Ahmadinejad.
O presidente americano antecipou que seus recados ao regime de Teerã serão pedra de toque de seu discurso.
Impaciência
Bush prometeu que usará seu pronunciamento para advertir o Irã no sentido de que acate a resolução das Nações Unidas para suspender seu programa de enriquecimento de urânio.
Em uma coletiva na sexta-feira, o presidente estava impaciente e ressaltou que as conversações envolvendo Teerã e países europeus estão se arrastando.
Apesar da impaciência, ceticismo e duras palavras contra o Irã, a previsão é de que no seu discurso da terça-feira, Bush expresse seu apoio a estas negociacões. Qual é a alternativa que ele tem neste momento diante da resistência a sanções dentro do Conselho de Segurança da ONU, em particular da Rússia e China?
O prazo estabelecido pelo Conselho de Segurança para a suspensão do enriquecimento de urânio pelo Irã venceu em 31 de agosto, mas a conversa continua, com sinais ambíguos emitidos pelas autoridades de Teerã.
Figura poderosa
Ë dificil prever quais serão os sinais de Ahmadinejad no seu discurso da terça-feira.
No ano passado, ele emergiu da condição de obscuro linha-dura para a de um dos mais visíveis oponentes do governo Bush. No seu pronunciamento de debutante na assembléia geral da ONU em 2005, Ahmadinejad foi intrigante, para dizer o mínimo, com o tom místico de suas palavras. Ele disse mais tarde para um clérigo iraniano que sentira que havia uma "aura" de santidade o cercando durante o discurso.
Nunca se sabe. É possível que Ahmadinejad use o cenário das Nações Unidas para algum gesto conciliatório. Mas o mais provável é que qualquer palavra na assembléia geral sobre a questão nuclear não seja a última palavra iraniana. Algo pode ser dito com mais segurança.
No geral, como diz o analista Karim Sadjadpour, do International Crisis Group, baseado em Bruxelas, "Ahmadinejad é visto como uma figura mais poderosa do que se antecipara quando ele foi eleito".
Faroeste
Mas enquanto Bush e Ahmadinejad não trocam tiros no faroeste diplomático de Nova York, o presidente francês Jacques Chirac faz os seus disparos.
Na segunda-feira, em uma entrevista à rádio francesa, ele confirmou que não resiste a um duelo com o presidente americano. Chirac pressionou o Conselho de Segurança a suavizar suas ameaças de sanções contra o Irã, quando no ar está um balão de ensaio lançado por Teerã de que pode suspender o seu enriquecimento de urânio não antes, mas durante negociações.
É verdade que, nas últimas semanas, os Estados Unidos e seus aliados europeus suavizaram sua abordagem na crise nuclear iraniana, mas a sugestão francesa parece ir além da dose de paciência de Washington.
O xerife Bush não deve estar muito satisfeito com o pistoleiro Chirac antes da saraivada no duelo indireto com o arquiinimigo Ahmadinejad.
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