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20/09/2006 - 05h52

Em NY, Lula sugere que querem "melar" eleição

BRUNO GARCEZ
da BBC Brasil, em Nova York

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse em Nova York nesta terça-feira que, para se chegar aos responsáveis pela fabricação de um dossiê contra o candidato do PSDB ao governo de São Paulo, José Serra, é preciso considerar "a quem interessa melar o processo eleitoral".

"Primeiro, nós temos que levar em conta a quem interessa nessas alturas do campeonato melar o processo eleitoral no Brasil. Eu já participei de muitas campanhas, já perdi eleições e estive em situações altamente desfavoráveis e em nenhum momento usei nenhum tipo de denúncia contra qualquer candidato, mesmo quando havia gente achando que deveria fazê-lo. Não fiz", disse o presidente, depois de participar da sessão de abertura da Assembléia Geral da ONU.

Em seguida, o presidente comparou a situação atual ao episódio, de 1989, em que o goleiro chileno Roberto Rojas simulou ter sido atingido por um rojão lançado das arquibancadas do Marcacanã durante um jogo decisivo entre Brasil e Chile pelas eliminatórias da Copa de 90.

"Eu de vez em quando fico vendo as notícias, fico lembrando de um goleiro chileno que uma vez numa disputa de uma final com o Brasil finge que está machucado para tentar melar o jogo. Graças a Deus as investigações descobriram que ele estava fingindo."

O presidente fez as declarações durante uma breve entrevista à imprensa brasileira na saída de um encontro que contou com presença do ex-presidente dos Estados Unidos Bill Clinton e do presidente da França, Jacques Chirac. A reunião tratou do projeto francês de implantar uma taxa sobre vôos internacionais para angariar verbas para a compra de remédios destinados a países em desenvolvimento.

Lula viajou para Nova York dias depois de estourar o escândalo em que o ex-assessor especial da Secretaria Particular da Presidência Freud Godoy foi acusado de negociar a compra de um dossiê acusando o candidato do PSDB ao governo de SP José Serra de participar do esquema de superfaturamento de ambulâncias na época em que o tucano era ministro da Saúde.

Freud Godoy, que se demitiu do cargo após ser citado por um dos supostos envolvidos na negociação do dossiê, teve a sua prisão preventiva pedida nesta terça-feira.

Eleição favorável

Nos Estados Unidos, Lula sugeriu que não teria por que alguém ligado a ele intervir na campanha "a dez dias de uma eleição em que a situação está altamente favorável".

"Por que haveria alguém que quer me ajudar a fazer um ato insano desses? É importante lembrar que os que estão me acusando agora faz mais ou menos dois anos que não querem que eu participe da reeleição."

"Faz dois anos que eles dizem que não vão permitir. Faz dois anos que eles tentam criar todo tipo de confusão para evitar que o nosso governo tenha o resultado que está tendo."

Ao mesmo tempo, Lula voltou a chamar a fabricação de dossiês de "comportamento abominável" da política brasileira e a defender a punição dos envolvidos.

"A mim, como presidente da República, só cabe fazer uma coisa, investigar a fundo quem estiver envolvido, doa a quem doer. E eu acho que as pessoas que praticarem coisas que sejam ilícitas, essas pessoas têm que pagar. Todo mundo conhece o meu comportamento e sabe que eu acho abominável esse tipo de comportamento na política brasileira. Abominável."

"O que não posso permitir é aceitar que alguém tente fazer qualquer insinuação contra o governo."
 

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