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25/09/2006
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12h47
Leia a seguir a íntegra do discurso do papa Bento 16 durante seu encontro nesta segunda-feira com representantes muçulmanos, no qual o pontífice procurou desarmar as tensões entre a Igreja Católica e o Islã provocadas por seus comentários feitos neste mês durante visita ao sul da Alemanha:
"Tenho o prazer de dar as boas-vindas aos senhores para este encontro, que eu queria organizar para reforçar os laços de amizade e de solidariedade entre a Santa Sé e as comunidades muçulmanas em todo o mundo.
Eu agradeço ao cardeal Poupard, presidente do Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-Religioso, pelas palavras que ele acaba de destinar a mim, e eu agradeço a todos vocês por responder ao meu convite.
Assista à reportagem
As circunstâncias que deram lugar a nosso encontro são bem conhecidas. Eu já tivera a oportunidade de comentá-las durante o curso da semana passada.
Neste contexto particular, eu gostaria de reiterar hoje toda a estima e o profundo respeito que eu tenho pelos fiéis muçulmanos, chamando à mente as palavras do Concílio Vaticano Segundo, que para a Igreja Católica são a Magna Carta do diálogo muçulmano-cristão:
‘A Igreja olha também com estima para os muçulmanos. Adoram eles o Deus Único, vivo e subsistente, misericordioso e omnipotente, criador do céu e da terra (5), que falou aos homens e a cujos decretos, mesmo ocultos, procuram submeter-se de todo o coração, como a Deus se submeteu Abraão, que a fé islâmica de bom grado evoca.’ (Declaração Nostra Aetate, 3).
Colocando-me firmemente dentro dessa perspectiva, eu tive a oportunidade, desde o começo de meu pontificado, de expressar minha vontade de continuar estabelecendo pontes de amizade com os partidários de todas as religiões, mostrando particular apreço pelo crescimento do diálogo entre muçulmanos e cristãos (cf. Discurso aos Delegados das outras Igrejas e Comunidades eclesiais e de outras Tradições religiosas, 25 de abril de 2005).
Como eu frisei em Colônia no ano passado, ‘O diálogo inter-religioso e inter-cultural entre cristãos e muçulmanos não pode ser reduzido a uma escolha passageira’.
‘É, de fato, uma necessidade vital, da qual em grande medida nosso futuro depende.’ (Encontro com Representantes de Algumas Comunidades Muçulmanas, Colônia, 20 de agosto de 2005).
Em um mundo marcado pelo relativismo, e no qual é comumente excluida a transcendência e a universalidade da razão, estamos em grande necessidade de um diálogo autêntico entre as religiões e entre as culturas, capaz de ajudar-nos, em um espírito de cooperação frutífera, para superar juntos todas as tensões.
Continuando, então, o trabalho realizado por meu antecessor, o papa João Paulo 2º, eu sinceramente rezo para que as relações de confiança que foram desenvolvidas entre cristãos e muçulmanos ao longo de vários anos não somente continuem, mas se desenvolvam ainda mais em um espírito de diálogo sincero e respeitoso, baseado em um conhecimento recíproco ainda mais autêntico, que, com alegria, reconhece os valores religiosos que temos em comum e, com lealdade, respeita as diferenças.
O diálogo inter-religioso e inter-cultural é uma necessidade para construir juntos este mundo de paz e fraternidade ardentemente desejado por todas as pessoas de boa vontade.
Nesta área, nossos contemporâneos esperam de nós um testemunho eloqüente para mostrar a todas as pessoas o valor da dimensão religiosa da vida.
Da mesma forma, fiéis aos ensinamentos de suas próprias tradições religiosas, Cristãos e Muçulmanos precisam aprender a trabalhar juntos, como de fato eles já fazem em muitas tarefas comuns, para se proteger contra todas as formas de intolerância e para se opor a todas as manifestações de violência; quanto a nós, autoridades religiosas e líderes políticos, precisamos guiá-los e encorajá-los nesta direção.
De fato, ‘se é verdade que, no decurso dos séculos, surgiram entre cristãos e muçulmanos não poucas discórdias e ódios, este sagrado Concílio exorta todos a que, esquecendo o passado, sinceramente se exercitem na compreensão mútua e juntos defendam e promovam a justiça social, os bens morais e a paz e liberdade para todos os homens’ (Declaração Nostra Aetate, 3).
As lições do passado devem portanto nos ajudar a buscar caminhos de reconciliação, para viver com respeito à identidade e à liberdade de cada indivíduo, com vistas à cooperação frutífera a serviço de toda a humanidade.
Como disse o papa João Paulo 2º em seu discurso memorável aos jovens em Casablanca, no Marrocos: “O respeito e o diálogo requerem reciprocidade em todas as esferas, especialmente no que se refere às liberdades básicas, mais particularmente à liberdade religiosa. Eles favorecem a paz e o entendimento entre as pessoas” (Nº 5).
Caros amigos, estou profundamente convencido de que na atual situação mundial é imperativo que cristãos e muçulmanos se envolvam uns com os outros para considerar os numerosos desafios que se apresentam à humanidade, especialmente aqueles relacionados à defesa e à promoção da dignidade da pessoa humana e aos direitos decorrentes daquela dignidade.
Quando as ameaças aumentam contra as pessoas e contra a paz, ao reconhecer o caráter central da pessoa humana e ao trabalhar com perseverança para ver que a vida humana é sempre respeitada, cristãos e muçulmanos manifestam sua obediência ao Criador, que deseja a todas as pessoas que vivam na dignidade que ele os concedeu.
Caros amigos, eu rezo com todo o meu coração para que o Deus misericordioso guie nossos passos ao longo dos caminhos de um entendimento mútuo ainda mais autêntico.
Neste momento, quando para os muçulmanos o caminho espiritual do mês do Ramadã está começando, eu envio a todos eles meus mais cordiais votos positivos, orando para que o Todo-Poderoso possa conceder-lhes vidas serenas e pacíficas. Que o Deus da paz os preencha com a abundância de suas bênçãos, junto com as comunidades que os senhores representam."
Leia a íntegra do discurso do papa aos muçulmanos
da BBC BrasilLeia a seguir a íntegra do discurso do papa Bento 16 durante seu encontro nesta segunda-feira com representantes muçulmanos, no qual o pontífice procurou desarmar as tensões entre a Igreja Católica e o Islã provocadas por seus comentários feitos neste mês durante visita ao sul da Alemanha:
"Tenho o prazer de dar as boas-vindas aos senhores para este encontro, que eu queria organizar para reforçar os laços de amizade e de solidariedade entre a Santa Sé e as comunidades muçulmanas em todo o mundo.
Eu agradeço ao cardeal Poupard, presidente do Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-Religioso, pelas palavras que ele acaba de destinar a mim, e eu agradeço a todos vocês por responder ao meu convite.
Assista à reportagem
As circunstâncias que deram lugar a nosso encontro são bem conhecidas. Eu já tivera a oportunidade de comentá-las durante o curso da semana passada.
Neste contexto particular, eu gostaria de reiterar hoje toda a estima e o profundo respeito que eu tenho pelos fiéis muçulmanos, chamando à mente as palavras do Concílio Vaticano Segundo, que para a Igreja Católica são a Magna Carta do diálogo muçulmano-cristão:
‘A Igreja olha também com estima para os muçulmanos. Adoram eles o Deus Único, vivo e subsistente, misericordioso e omnipotente, criador do céu e da terra (5), que falou aos homens e a cujos decretos, mesmo ocultos, procuram submeter-se de todo o coração, como a Deus se submeteu Abraão, que a fé islâmica de bom grado evoca.’ (Declaração Nostra Aetate, 3).
Colocando-me firmemente dentro dessa perspectiva, eu tive a oportunidade, desde o começo de meu pontificado, de expressar minha vontade de continuar estabelecendo pontes de amizade com os partidários de todas as religiões, mostrando particular apreço pelo crescimento do diálogo entre muçulmanos e cristãos (cf. Discurso aos Delegados das outras Igrejas e Comunidades eclesiais e de outras Tradições religiosas, 25 de abril de 2005).
Como eu frisei em Colônia no ano passado, ‘O diálogo inter-religioso e inter-cultural entre cristãos e muçulmanos não pode ser reduzido a uma escolha passageira’.
‘É, de fato, uma necessidade vital, da qual em grande medida nosso futuro depende.’ (Encontro com Representantes de Algumas Comunidades Muçulmanas, Colônia, 20 de agosto de 2005).
Em um mundo marcado pelo relativismo, e no qual é comumente excluida a transcendência e a universalidade da razão, estamos em grande necessidade de um diálogo autêntico entre as religiões e entre as culturas, capaz de ajudar-nos, em um espírito de cooperação frutífera, para superar juntos todas as tensões.
Continuando, então, o trabalho realizado por meu antecessor, o papa João Paulo 2º, eu sinceramente rezo para que as relações de confiança que foram desenvolvidas entre cristãos e muçulmanos ao longo de vários anos não somente continuem, mas se desenvolvam ainda mais em um espírito de diálogo sincero e respeitoso, baseado em um conhecimento recíproco ainda mais autêntico, que, com alegria, reconhece os valores religiosos que temos em comum e, com lealdade, respeita as diferenças.
O diálogo inter-religioso e inter-cultural é uma necessidade para construir juntos este mundo de paz e fraternidade ardentemente desejado por todas as pessoas de boa vontade.
Nesta área, nossos contemporâneos esperam de nós um testemunho eloqüente para mostrar a todas as pessoas o valor da dimensão religiosa da vida.
Da mesma forma, fiéis aos ensinamentos de suas próprias tradições religiosas, Cristãos e Muçulmanos precisam aprender a trabalhar juntos, como de fato eles já fazem em muitas tarefas comuns, para se proteger contra todas as formas de intolerância e para se opor a todas as manifestações de violência; quanto a nós, autoridades religiosas e líderes políticos, precisamos guiá-los e encorajá-los nesta direção.
De fato, ‘se é verdade que, no decurso dos séculos, surgiram entre cristãos e muçulmanos não poucas discórdias e ódios, este sagrado Concílio exorta todos a que, esquecendo o passado, sinceramente se exercitem na compreensão mútua e juntos defendam e promovam a justiça social, os bens morais e a paz e liberdade para todos os homens’ (Declaração Nostra Aetate, 3).
As lições do passado devem portanto nos ajudar a buscar caminhos de reconciliação, para viver com respeito à identidade e à liberdade de cada indivíduo, com vistas à cooperação frutífera a serviço de toda a humanidade.
Como disse o papa João Paulo 2º em seu discurso memorável aos jovens em Casablanca, no Marrocos: “O respeito e o diálogo requerem reciprocidade em todas as esferas, especialmente no que se refere às liberdades básicas, mais particularmente à liberdade religiosa. Eles favorecem a paz e o entendimento entre as pessoas” (Nº 5).
Caros amigos, estou profundamente convencido de que na atual situação mundial é imperativo que cristãos e muçulmanos se envolvam uns com os outros para considerar os numerosos desafios que se apresentam à humanidade, especialmente aqueles relacionados à defesa e à promoção da dignidade da pessoa humana e aos direitos decorrentes daquela dignidade.
Quando as ameaças aumentam contra as pessoas e contra a paz, ao reconhecer o caráter central da pessoa humana e ao trabalhar com perseverança para ver que a vida humana é sempre respeitada, cristãos e muçulmanos manifestam sua obediência ao Criador, que deseja a todas as pessoas que vivam na dignidade que ele os concedeu.
Caros amigos, eu rezo com todo o meu coração para que o Deus misericordioso guie nossos passos ao longo dos caminhos de um entendimento mútuo ainda mais autêntico.
Neste momento, quando para os muçulmanos o caminho espiritual do mês do Ramadã está começando, eu envio a todos eles meus mais cordiais votos positivos, orando para que o Todo-Poderoso possa conceder-lhes vidas serenas e pacíficas. Que o Deus da paz os preencha com a abundância de suas bênçãos, junto com as comunidades que os senhores representam."
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