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28/09/2006 - 19h08

'Turismo poderia ser cinco vezes maior no Brasil', diz OMT

JAIR RATTNER
da BBC Brasil, em Lisboa

A indústria de turismo no Brasil poderia ser cinco vezes maior do que é hoje, avalia o secretário-geral da Organização Mundial de Turismo (OMT), Francesco Frangialli.

"O desempenho do país está muito longe do seu potencial", disse Frangialli à BBC Brasil.

Para o secretário-geral da OMT, além dos problemas estruturais já existentes, o turismo brasileiro enfrentou um ano particularmente ruim, por causa da crise da Varig e da repercussão internacional da onda de violência em São Paulo.

"2006 está sendo um ano complicado (para o Brasil), tanto no setor aeronáutico – com o problema da Varig – como em relação à violência.", disse Frangialli, que esteve em Lisboa para participar das comemorações do Dia Mundial do Turismo, 27 de setembro.

Desafios

Para Frangialli, a aposta brasileira deve ser atrair turistas da América Latina.

"O fundamental para o crescimento é o tráfego intra-regional. Desde que a economia dos países latino-americanos esteja bem, o maior crescimento será o do tráfego intra-regional."

O Brasil não deve atingir as metas previstas pelo governo para o turismo em 2007, mas, para Frangialli, isso tem mais a ver com uma negligência de longa data do setor do que com os últimos governos.

No primeiro ano do governo Lula, foram estabelecidas cinco metas para o setor até 2007: nove milhões de turistas, US$ 8 bilhões de faturamento, 65 milhões de desembarques domésticos (turismo interno), três novos produtos de qualidade em cada unidade da federação e a geração de 1,2 milhão de empregos.

Os números de 2005, no entanto, indicam que o país está longe de atingir pelo menos três das cinco metas. No ano passado, o Brasil foi visitado por 5,4 milhões de turistas estrangeiros e o faturamento do setor ficou em US$ 3,9 bilhões. Mesmo com as previsões de que melhora para 2006, os resultados deverão ficar aquém do almejado.

Segundo o secretário-executivo do Ministério do Turismo, Márcio Favilla, as metas "ambiciosas" foram uma aposta para obrigar o setor a uma mudança generalizada.

"É importante deixar claro que eram metas ousadas. Foram puxadas para cima, para podermos nos mexer. Se fossem pouco ambiciosas, dava para ficar deitado na rede."

A primeira meta a ser atingida foi a do número de roteiros novos de qualidade, que ultrapassou três por Estado. A previsão de Favilla é que também seja atingida a meta de criação de empregos.

Nas receitas, Favilla afirma que, apesar das dificuldades, tem havido um crescimento.

A meta de atrair 9 milhões de turistas até 2007, segundo ele, foi prejudicada pelos problemas da Varig.

"Os dados indicam que, no começo de 2006, chegavam, semanalmente, 720 vôos internacionais ao Brasil. Em julho, caíram para 610 vôos semanais, e em agosto, subiram para 630. Só em dezembro, com o início de operações de novos aviões da TAM e da Gol, o total deverá atingir o mesmo de janeiro."

Aliado ao menor número de vôos, as condições favoráveis da economia brasileira são outro fator que reduz o número de turistas estrangeiros, já que faz aumentar o número de brasileiros que viaja ao exterior. Quando esses brasileiros voltam ao Brasil, ocupam lugares nos aviões e impedem outros de visitar ao país.

"O aumento do número de brasileiros que viaja para o exterior também diminui a quantidade de lugares disponíveis para os turistas estrangeiros. Como o número de vôos não aumenta, eles ocupam lugares que trariam turistas", concluiu.

Turismo mundial

Para o mundo, Frangialli prevê o fortalecimento da China como destino turístico.

"Em 2020, a China deverá ser o principal destino turístico, ultrapassando a França e os Estados Unidos", afirmou.

"O sul da Ásia, o Oriente Médio e a América Latina também vão crescer. São regiões que vêm de um patamar muito baixo e só podem crescer", acrescentou.

O crescimento dessas regiões faz parte de um processo de desconcentração no setor. Em 1950, os 15 maiores destinos representavam 87% do fluxo mundial. Hoje, representam 57%. Para a organização, isso significa que o turismo também está se globalizando.

Ainda como parte desse processo, o secretário-geral da OMT prevê um crescimento contínuo no número de turistas, atualmente em 800 milhões.

Em 2010, esse total deverá atingir 1,1 bilhão, e, em 2020, a 1,5 bilhão, de acordo com as previsões da entidade.
 

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