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02/10/2006 - 07h33

Para 'La Nación', eleição mostra que 'tolerância não é infinita'

da BBC Brasil

O resultado do primeiro turno da eleição presidencial “é um sinal para o governo de que não é infinita a tolerância dos brasileiros com os casos de corrupção que atingem funcionários de confiança do presidente e dirigentes do Partido dos Trabalhadores”, afirma um texto de análise publicado nesta segunda-feira pelo jornal argentino La Nación.

O texto do correspondente em São Paulo, Luis Esnal, comenta que “o estilo político do Partido dos Trabalhadores sempre foi visto como arrogante por seus adversários”. “Quando era oposição, pedia a cabeça do governante de turno; no governo, demonstrou pouca tolerância com a crítica ou interesse na negociação.”

Para Esnal, “a conclusão final é que os brasileiros não deixaram que a decisão sobre quem governará o país durante os próximos quatro anos fosse tomada em eleições que não tivessem debate popular e tampouco entre os candidatos”.

“O Brasil se paralisará a partir de agora para escutar o presidente prestar contas de seu governo e para saber se (Geraldo) Alckmin pode superar as conquistas de Lula e corrigir seus erros”, diz o texto. “No meio da luta pelo poder, não parece haver nas próximas quatro semanas espaço para uma trégua no horizonte.”

Erosão da liderança

Nos Estados Unidos, os principais jornais deram grande destaque ao resultado do primeiro turno.

Reportagem do Wall Street Journal relata que “o sr. (Lula) Da Silva assistiu uma erosão de sua até então formidável liderança nas últimas semanas, após as revelações de que funcionários de seu Partido dos Trabalhadores tentaram comprar um dossiê” contra membros do PSDB.

Para o jornal, o segundo turno entre Lula e Alckmin apresenta uma situação em que todos os investidores saem ganhando. “Apesar de esquerdista, o sr. Da Silva provou em seu primeiro mandato que é um responsável gerente da política fiscal, e os mercados financeiros se beneficiaram de uma longa alta desde que ele assumiu o cargo, em 2003", diz o texto.

“Mas a maioria dos investidores acha que o sr. Alckmin tem uma noção melhor sobre as reformas no sistema de pensões e da legislação trabalhista que o Brasil precisa para impulsionar seu crescimento.”

Divisões no eleitorado

O New York Times, por sua vez, observa que Lula “terminou em primeiro na eleição presidencial deste domingo, mas ficou pouco aquém da maioria de que precisava para evitar um segundo-turno no dia 29 de outubro”.

O texto, do correspondente Larry Rohter, relata as divisões do eleitorado brasileiro exemplificadas nas opções feitas por um casal que depositou seus votos em uma seção eleitoral na Tijuca, zona norte do Rio de Janeiro – o marido contra e a mulher a favor de Lula.

A reportagem do Washington Post observa que as polêmicas em torno das acusações de corrupção contra aliados de Lula “continuaram a dominar as manchetes no dia da eleição e serviram para dar uma sobrevida de último minuto para manter as esperanças políticas do conservador Alckmin”.

“Se a polêmica continuar cozinhada em fogo brando, dizem seus simpatizantes, eles acreditam que ele possa ter uma chance de desbancar Lula”, diz o jornal.

Industriais argentinos preocupados

A possibilidade de uma vitória de Geraldo Alckmin no segundo turno preocupa o setor industrial argentino, segundo uma reportagem do diário financeiro El Cronista Comercial, de Buenos Aires.

Para o jornal, “tudo indica que Alckmin, o preferido dos empresários do seu país, adotaria uma política comercial mais agressiva e cederia menos ao Mercosul”.

“Redução das taxas de juros, real mais competitivo, acordos bilaterais paralelos ao Mercousl e liberalização dos fluxos de capitais. O mais significativo das propostas econômicas de Alckmin responde às reclamações da poderosa Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo)”, diz o jornal.

Segundo um economista ouvido pela reportagem, se o Brasil desvalorizar fortemente o real para aumentar a competitividade de suas exportações, “mata” a economia argentina.

O também argentino Clarín afirma que “sempre foi claro o apoio” do presidente argentino Néstor Kirchner à reeleição de Lula, mas que “a avaliação de que Lula não precisava de apoios externos para conseguir sua reeleição foi talvez o que levou o governo argentino a seguir discretamente nas últimas semanas o processo eleitoral brasileiro”.

Na Europa, os principais jornais não tiveram tempo para relatar o resultado da eleição em suas edições desta segunda-feira, concluídas antes da confirmação de que haveria segundo turno.
 

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