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16/10/2006 - 19h07

Maioria dos 'novatos' na Câmara é de velhos conhecidos

JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
da BBC Brasil, em São Paulo, especial para a BBC Brasil

O currículo dos eleitos para a próxima legislatura revela que "novo" não é um adjetivo apropriado para traçar o perfil dos deputados que ocuparão a Câmara Federal até 2010.

Dos 513 deputados federais que devem ser empossados no próximo ano, 267 foram reeleitos. Continuam onde estão. Outros 50 eleitos são ex-deputados que já passaram pela Casa na condição de suplentes ou (a maioria) como titulares – vários por mais de uma legislatura.

Dos 196 novatos, que nunca ocuparam o cargo de deputado federal, mais da metade tem larga experiência em cabalar votos com sucesso e já ocupou um ou mais cargos públicos eletivos.

Os que estão ascendendo na política e saltaram das Assembléias de seus Estados para Brasília são a maior parte: há 66 deputados estaduais entre os novatos.

Somam-se a eles 31 prefeitos ou vice-prefeitos e 30 vereadores ou ex-vereadores. Eles vêm desde capitais, como Vitória (ES), até de pequenos municípios, como Malacacheta (MG).

Fecha a conta um grupo especial que não é formado exatamente por neófitos: são 6 ex-senadores, que sofreram um downgrade político, além de 6 ex-governadores ou vice-governadores que, pela primeira vez em suas carreiras políticas, conquistaram um mandato de deputado federal.

A estrela é Ciro Gomes (PSB-CE). Ex-ministro de Lula e de FHC, ex-governador do Ceará e candidato derrotado a presidente, ele chega com a maior votação proporcional da nova safra de parlamentares: 16,2% dos votos válidos para deputado federal em seu Estado.

Renovação

Sobram portanto menos de um quarto de deputados eleitos para a nova legislatura que nunca haviam vencido antes uma eleição. E mesmo dentro desse restrito grupo é possível reconhecer um número considerável que já orbitava os cargos públicos, seja por laços sanguíneos, seja por vínculos profissionais.

São 21 parentes de políticos, principalmente filhos de deputados, prefeitos e senadores. Entre os herdeiros do poder está, por exemplo, Fernando Fuad Chucre (PSDB-SP), que incorporou o nome do pai, Fuad, prefeito de Carapicuíba (SP), para garantir que não houvesse dúvida por parte do eleitorado da cidade.

Ou "Dona Íris" (PMDB-GO), que por ser homônima do marido e ex-governador de Goiás, nem precisou mudar o nome para se eleger.

Acrescentem-se ainda 28 eleitos que já ocuparam cargos de primeiro escalão municipal ou estadual, como secretários de prefeituras e governos estaduais, e percebe-se que ao final das contas sobram não mais do que três dezenas de deputados a quem o título de novo na política não soa exagerado.

É o caso do multimilionário (patrimônio declarado de R$ 259 milhões) empresário Camilo Cola (PMDB-ES). Aos 83 anos, o dono da Viação Itapemirim disputou – e venceu – sua primeira eleição para deputado federal. É o maior símbolo da renovação da Câmara.

Redivivos

Contas divulgadas logo após o fim da apuração sustentavam que praticamente metade da Câmara federal havia sido renovada em 1º de outubro.

Isso porque apenas 52% dos parlamentares que ocupam um gabinete de deputado hoje em Brasília conseguiram aval dos eleitores para renovar o aluguel de suas salas. Mas essa é apenas parte da história.

Somando-se reeleitos e redivivos, chega-se a 317 veteranos de Câmara. Por esse critério, a dita renovação não foi de 48%, e sim de apenas 38%.

A lista dos reeleitos inclui seis deputados que foram acusados de participação no esquema do mensalão ou dos sanguessugas. Ou em ambos, como é o caso de Pedro Henry (PP-MT).

Na categoria dos que já passaram pela Câmara, há de tudo um pouco: antigos campeões de voto, ex-musas, ex-esposas, ex-ministros, ex-cassados. De Paulo Maluf (PP-SP) a Rita Camata (PMDB-ES), de Antonio Palocci (PT-SP) a Elcione Barbalho (PMDB-PA), de Alceni Guerra (PFL-PR) a Ibsen Pinheiro (PMDB-RS).

Esse grupo de deputados redivivos abriga ainda parlamentares que renunciaram com medo de serem cassados, como Valdemar Costa Neto (PL-SP) e Paulo Rocha (PT-PA), exemplares da nova geração de linhagens famosas, como Paulo Borhausen (PFL-SC), ou políticos que estão em trajetória reversa, como o ex-governador do Piauí Alberto Silva, de 88 anos, que troca o Senado pela Câmara.
 

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