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19/10/2006 - 16h38

Analistas dizem que ajuda síria e iraniana é essencial no Iraque

PAULO CABRAL
da BBC Brasil, no Cairo

Analistas dizem que o governo do Estados Unidos vai ter que fazer concessões à Síria e ao Irã, se optar por seguir o conselho de ex-secretário de Estado James Baker e usar a ajuda destes dois países na estabilização do Iraque.

Tanto o Irã quanto a Síria têm diversos pontos de conflito com o Estados Unidos - que vão muito além da guerra no Iraque - e observadores no Oriente Médio, ouvidos pela BBC Brasil, dizem que todo eles teriam que ir para a mesa de negociações.

"Até agora nunca vi nenhuma inclinação do atual governo americano em entrar em discussões com iranianos ou sírios mas espero que a gravidade da situação no Iraque os force a rever esta posição", disse de Amã (Jordânia) Joost Hilderman, diretor para o Oriente Médio da ONG International Crisis Group (ICG), especializada no estudo e resolução de crises e conflitos.

"É absolutamente necessário que os Estados Unidos levem a sério estes dois grandes vizinhos do Iraque se pretendem resolver a crise por lá", opina Hilderman.

Um grupo bipartidário americano, liderado pelo ex-secretário Baker, deve divulgar nas próximas semanas um relatório recomendando – entre outras coisas - uma aproximação maior com Irã e Síria em questões ligadas ao Iraque. O presidente iraquiano, o curdo Jalal Talabani, apoiou a idéia em uma entrevista concedida à BBC.

Síria

O governo da Síria diz que tem contatos importantes dentro do Iraque e que já ofereceu ajuda aos americanos, mas que os Estados Unidos recusaram.

"Os americanos não querem ajuda da Síria porque têm medo de que isso vá aumentar a influência do país no Iraque", disse de Damasco o jornalista sírio Ayman Abdel Noor, um membro do partido governista Baat, mas que nos últimos tempos vem enfrentando problemas com o governo de Bashar al-Assad por suas posições reformistas.

Noor admite que, de fato, a influência síria no Iraque iria aumentar se o país ajudar na estabilização do vizinho, mas não vê nenhum problema com isso.

"Nossas ligações com o Iraque são antigas e o governo daqui sempre manteve contatos estreitos com grupos de oposição a Saddam Hussein. A Síria também tem todo o interesse em ver o Iraque estável", diz o jornalista.

Negociação

Joost Hilderman diz que, no caso da Síria, os americanos vão ter que dar garantias de segurança ao país e mesmo discutir temas delicados – como a ocupação israelense das colinas do Golã – se quiser qualquer tipo de trabalho conjunto.

"Estas nem precisam ser necessariamente negociações públicas, mas são temas que têm que ser levantados com autoridades sírias, para que eles sejam convencidos a ter uma influência positiva no Iraque ou, pelo menos, a parar com a influência negativa", diz.

Mas Hilderman acredita que, mais do que a Síria, é importante que o Irã seja convencido a colaborar para reduzir a violência no Iraque.

O Irã compartilha uma longa fronteira com Iraque e exerce grande influência sobre os xiitas que vivem no sul do país.

Irã

O jornalista egípcio Fahmi Howeid – colunista do jornal Al Ahram e especializado em temas iranianos – diz que os Estados Unidos vão ter que rever todo o seu relacionamento com o Irã se quiserem contar com a ajuda do país.

"E se os americanos querem resolver a crise no Iraque é essencial que eles atraiam o Irã. Os iranianos têm enorme influência no Iraque e atualmente esta influência é usada para alimentar a violência ao invés de diminuí-la", diz o analista.

Howeid lembra que os Estados Unidos promovem um boicote econômico contra o Irã desde a revolução islâmica de 1979 e nunca deram nenhum sinal de que pretendem mudar esta política.

"Tenho a impressão de que os iranianos estariam dispostos a algum tipo de compromisso com os americanos, mas acho difícil que o governo Bush esteja disposto a conversar com o governo Ahmedinejad (o presidente do Irã) agora", avalia.
 

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