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26/10/2006 - 07h44

Alex, o Fantástico, a 200 por hora

da BBC Brasil

Aprendi a jogar tênis tarde, com mais de 30 anos. Meu primeiro professor foi um querido amigo e fotógrafo, Luis Alberto, mais conhecido como Lulu.

Nós dividíamos uma casa de praia em Nova York. Um dia, o Lulu, sem parceiro, me carregou para a quadra. Mais tarde, Pelé e meu irmão Onofre, nossos hóspedes, aderiram.

Em pouco tempo Pelé nos surrava e, depois dos nossos torneios, éramos obrigados a colocar uma faixa de papel higiênico no peito dele e repetir várias vezes: "Pelé é campeão". Na quadra como na grama, gostava de ganhar.

Meu querido Lulu morreu em Paris, na copa de 98. Onofre é um tenista afiadíssimo e Pelé, depois uma surra em Nova York, desistiu do esporte. Pena. Levava jeito.

Meu segundo professor era um profissional de verdade, um cearense de 1,50 m, feio que nem a fome, com mania de sedutor.

Andava com um lenço de seda no pescoço e cantava todo mundo. Casou com uma canadense altíssima e teve dois filhos, cada um mais bonito do que o outro, supertenistas.

E houve a Martina, uma alemã com corpo da Maria Sharapova e uma saia curtinha que atrapalhava qualquer concentração. Martina gostava de ganhar e de apostar.

Me humilhava com surras brutais e um dia propôs: se ela ganhasse de seis a zero eu pagaria o jantar. Se eu conseguisse ganhar um "game", ela pagaria.

Ela escolheu o restaurante, dos caros. Perdeu, pagou e parou de falar comigo. Acho que ela apostava também no meu cavalheirismo. Ferro na boneca.

Jamais encontrei outra Martina, mas meu personagem inesquecível nas quadras é Aleksey Garber, que agora se chama Vayner e na semana passada foi notícia em quase toda imprensa americana. Seu vídeo bateu recordes de audiência no You Tube. E não foi só pelo tênis.

Quando me dava aulas, uma boa parte do tempo era consumida com histórias incríveis. Ele era budista, amigo do Dalai Lama, conhecia medicina oriental e artes marciais.

Aleksey, que estudava na mesma escola que meu filho Antonio, me dizia que tinha sido admitido em Harvard e Yale e que a CIA e a máfia russa também estavam tentando recrutá-lo. Isto aos 18 anos.

Eu aprecio histórias fantásticas. Tento decifrar o que essas pessoas têm na cabeça.

Alex, como era conhecido no nosso clube, tinha muito mais. De fato foi para Yale e suas histórias cresceram. Se dizia ator, agente da CIA, modelo, campeão de esqui, de dança, de tênis - teria dado duas surras no Pete Sampras com seu serviço de 200 km por hora -, especialista em massagem ortopédica chinesa e, mais incrível, é uma das quatros pessoas no estado de Connecticut autorizadas a mexer com lixo atômico.

Nos aeroportos, dizia, era obrigado a se apresentar à polícia e registrar suas mãos como "armas letais". Aos íntimos contou que matou 24 lutadores em competições secretas de gladiadores no Tibete.

E tem mais: é autor de um livro sobre o holocausto, dono de uma investidora e de uma instituição de caridade. Isso aos 23 anos.

Algumas de suas proezas e suas teorias sobre como vencer na vida foram colocadas num vídeo de sete minutos, em forma de um "resume", pedindo emprego no banco UBS.

Em poucas horas o vídeo estava no You Tube e o mundo de Alecksey Vayner comecou a desabar a 200 quilômetros por hora. Qual será o futuro dele? Voltará a me dar aulas de tênis? Será presidente de banco? Da República? Ou sem teto?

PS - Entre no You Tube e assista ao vídeo de Alecksey Vayner. É divertido.
 

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